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Duarte Caldeira defende revisão urgente

Incêndio de Pedrógão obriga a rever modelos de gestão e combate

O ex-presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses Duarte Caldeira defende que é preciso «reavaliar urgentemente» o sistema de gestão das operações de combate, o modelo de formação e de protecção civil devido às alterações do comportamento dos incêndios florestais.

«Há hoje uma forma e um comportamento do incêndio que exige ser estudado e pensado», defende Duarte Caldeira
CréditosPaulo Novais / Agência Lusa

«A partir de 17 de Junho [dia em que deflagrou o fogo em Pedrógão Grande] é preciso revisitar o sistema de gestão de operações, o modelo de formação e o modelo de protecção civil, porque ficou dramaticamente evidente que há hoje uma forma e um comportamento do incêndio que exige ser estudado e pensado», disse à agência Lusa o colaborador do AbrilAbril Duarte Caldeira, que é actualmente presidente do Centro de Estudos e Intervenção em Protecção Civil (CEIPC) e coordenador do curso em Emergência e Protecção Civil da Universidade Nova de Lisboa.

O investigador na área da protecção civil considerou que é necessário revisitar estas três dimensões, tendo em conta que «ficou claro que as condições que deram origem ao incêndio de Pedrógão Grande vão voltar recorrentemente a repetir-se».

Nesse sentido, sustentou, que «é preciso reavaliar urgentemente» o sistema de gestão de uma operação de combate, o modelo de formação dos decisores operacionais (comandantes) e dos elementos das manobras (bombeiros).

Estas são algumas das reflexões que vão servir de base ao estudo que o Centro de Estudos e Intervenção em Protecção Civil está a elaborar e que deverá ser divulgado em setembro.

Duarte Caldeira, que é o relator desta iniciativa do CEIPC, explicou que o estudo será focado no sistema da protecção civil e como este sistema lidou com o incêndio de Pedrogão Grande, enquanto catástrofe.

O também ex-presidente da Escola Nacional de Bombeiros considerou o incêndio que deflagrou em Pedrogão Grande, e que provocou 64 mortos e mais de 200 feridos, «não uma operação de bombeiros», mas sim de protecção civil.

Duarte Caldeira considerou também que é necessário rever o planeamento das forças de segurança neste tipo de ocorrências.

«Quando e como se cortam as vias? Como é organizado e estruturado a evacuação das populações? É preciso ver quem tem esta missão», afirmou, defendendo que as estradas devem ser encerradas «do ponto de vista preventivo e não quando o fogo está à beira da estrada».

O ex-presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses referiu também que, enquanto a reforma das florestas não apresentar resultados, e tal só deve acontecer num horizonte de dez anos, «não é possível baixar a guarda no edifico do combate».

«Durante muitos anos vamos ter necessidade de olhar para o combate, técnicas de combate, organização e formação, enquanto forma de minimizar efeitos e prevenir catástrofes como aquela que aconteceu no dia 17 de Junho», frisou.

Questionado se os bombeiros voluntários estão aptos para combater grandes incêndios florestais, Duarte Caldeira respondeu que, depois do fogo de Pedrógão Grande, «ninguém pode afirmar sem reflectir quem está ou não preparado para enfrentar incêndios catastróficos».

«A questão essencial não é se os bombeiros voluntários estão ou não bem preparados para os fogos, mas sim se o sistema está bem preparado para enfrentar incêndios desta natureza, se estamos a utilizar os meios e os modelos mais adequados no teatro de operações», concluiu.


Com Agência Lusa

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