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Palestinianos continuam a resistir em Al-Aqsa

Pelo 10.º dia consecutivo, esta segunda-feira fizeram-se sentir os protestos dos palestinianos contra as novas medidas de segurança no acesso ao complexo da Mesquita de al-Aqsa, na Cidade Velha de Jerusalém. As autoridades israelitas mantêm as medidas e a forte repressão.

Palestinianos são confrontados com as novas restrições no acesso ao complexo da Mesquita de al-Aqsa
CréditosAfif Amireh / Wafa

Hoje, a Polícia israelita dispersou os palestinianos que se tinham reunido junto a um dos portões do complexo de Al-Aqsa, bem como os funcionários da autoridade muçulmana que administra o local – o terceiro mais sagrado para o Islão –, que têm estado a realizar vigílias com o intuito de denunciar as medidas de segurança implementadas e a detenção de dezenas de funcionários de Al-Aqsa, revela a Ma'an.

Na sequência de um ataque no local, a 14 de Julho, as autoridades israelitas vedaram o acesso à Mesquita de al-Aqsa a todos os crentes muçulmanos e impediram, pela primeira vez em muitos anos, que ali fossem realizadas as orações de sexta-feira.

O complexo foi entretanto reaberto, mas a autoridade muçulmana que o administra não aceita os detectores de metal e os torniquetes instalados à entrada, bem como o reforço da videovigilância, acusando o governo de Israel de se aproveitar do ataque recente para aumentar o controlo sobre Jerusalém Leste ocupada e incrementar as medidas de repressão contra os palestinianos em Al-Aqsa, normalizando-as.

Desde o dia 15 que, em protesto, os palestinianos se concentram à entrada das portas de Al-Aqsa, realizando ali as suas orações. Na sexta-feira, milhares manifestaram-se em Jerusalém Leste e no resto dos territórios ocupados da Palestina. Mais de quatro centenas ficaram feridos e três jovens foram mortos pela Polícia e por colonos israelitas.

Estruturas a aumentar

Apesar dos intensos protestos e da repressão, que se voltaram a sentir na Cidade Velha de Jerusalém, onde pelo menos 20 palestinianos ficaram feridos ontem ao fim da tarde, e na Margem Ocidental ocupada, onde as forças israelitas prenderam 16 palestinianos esta madrugada e feriram quatro esta tarde, tudo parece indicar que as autoridades israelitas vão manter e reforçar a estrutura junto a Al-Aqsa.

Esta manhã, forças israelitas foram vistas nas imediações da Porta dos Leões a colocar novas estruturas metálicas para condicionar a entrada na mesquita e impedir novos protestos. Por seu lado, o chefe da Polícia israelita, Roni al-Sheikh, e o presidente da Câmara de Jerusalém, Nir Barakat, fizeram um circuito pelas portas de Al-Aqsa, sob escolta, enquanto os crentes muçulmanos eram expulsos do local e engenheiros israelitas tiravam medidas, informa a Ma'an.

Judaizar Jerusalém, violar o estatuto

Jerusalém Oriental foi anexada por Israel em 1967, mas as Nações Unidas e a generalidade da comunidade internacional classificaram as pretensões israelitas de «uma Jerusalém completa e unida», capital de Israel, como uma «violação do direito internacional». Actualmente 137 estados reconhecem o Estado da Palestina, tendo Jerusalém Leste como capital.

Após a ocupação de Jerusalém Leste, Israel assumiu, com a autoridade muçulmana que administra o complexo da Mesquita de al-Aqsa, o compromisso de não permitir orações não-muçulmanas naquele local. Os não-muçulmanos podem visitar o espaço a certas horas.

Num comunicado emitido este domingo, o Ministério palestiniano da Informação afirma que as tensões em redor de Al-Aqsa surgem na sequência de violências reiteradas por parte dos israelitas.

De acordo com o ministério, 14 806 israelitas entraram no complexo de al-Aqsa em 2016 – o que terá sido o maior número desde 1967 – e, este ano, já foram 8000. Em simultâneo, as autoridades israelitas, impediram 258 palestinianos de Jerusalém de entrar em Al-Aqsa em 2016, por períodos de três a seis meses, indica a Ma'an.

Os palestinianos há muito que acusam Israel de estar a tentar judaizar Jerusalém e alterar o estatuto de um local religioso que mexe com todo o mundo muçulmano. São cada vez mais frequentes as incursões da extrema-direita, que solicita a demolição da mesquita.

Tendo em conta as tensões crescentes na Palestina, foi agendada para hoje uma reunião extraordinária do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Por seu lado, a Liga Árabe marcou uma reunião para quarta-feira, por iniciativa da Jordânia.

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