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ONU: situação no Iémen é catastrófica

As Nações Unidas alertaram, esta quarta-feira, para a dimensão catastrófica da crise humanitária que enfrenta o país árabe, bombardeado quase diariamente pelos sauditas.

Campo de deslocados iemenitas, como consequência da guerra de agressão saudita
Créditos / usip.org

Num comunicado conjunto emitido esta quarta-feira, a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef, na sigla em inglês) e o Programa Alimentar Mundial (PAM) sublinham que o Iémen enfrenta «o pior surto de cólera do mundo», no contexto de uma grave crise humanitária.

«Só nos últimos três meses, foram registados 400 mil casos de infecção por cólera e quase 1900 mortes associadas», lê-se no documento, que considera que a destruição de infra-estruturas de saúde, água e saneamento, em mais de dois anos de guerra, «criou as condições ideais para o alastramento da doença».

«O país está à beira da fome [generalizada], com mais de 60% da população a não saber de onde virá a sua próxima refeição. Quase 2 milhões de crianças sofrem de má-nutrição aguda grave, o que as torna mais susceptíveis à cólera; as doenças geram mais má-nutrição. É uma combinação viciosa», destaca o documento divulgado esta quarta-feira, citado pela PressTV.

Ajuda humanitária urgente

A infecção por cólera tornou-se epidémica no final de Abril deste ano, encontrando-se actualmente espalhada por todas as províncias do Iémen. Trata-se do segundo surto de cólera em menos de um ano no país árabe – o primeiro tornou-se epidémico em Outubro de 2016 e, até Dezembro, provocou 143 mortes, sobretudo na região de Al-Wehda (província de Saná).

Em simultâneo, cerca de 18 milhões de pessoas – aproximadamente dois terços da população do Iémen – enfrentam carências alimentares, sendo que mais de três milhões sofrem de má-nutrição aguda grave (a forma mais severa de subnutrição). Dois milhões são crianças.

Os três organismos da ONU referidos sublinham que a situação é muito grave, que milhares de pessoas ficam doentes todos os dias e que quase 80% das crianças iemenitas necessitam de ajuda humanitária urgente. Nesse sentido, apelam a uma «solução pacífica do conflito» e solicitam à chamada comunidade internacional que «intensifique o seu apoio ao povo do Iémen» – sob pena de «a catástrofe que está a acontecer à frente dos nossos olhos continuar a ceifar vidas e marcar as gerações futuras».

Guerra de agressão, há mais de dois anos

Desde Março de 2015 que o Iémen é submetido a uma campanha militar liderada pela Arábia Saudita. Sob a batuta da casa de Saud, uma coligação de países lançou então uma poderosa ofensiva contra o mais pobre dos países do mundo árabe, com ataques aéreos em vários pontos do território.

O objectivo, declarado, é esmagar a resistência do movimento Ansarullah e recolocar no poder Abd Rabbuh Mansur Hadi, um aliado próximo de Riade que se demitiu da presidência e fugiu para a Arábia Saudita, antes de regressar à cidade de Aden, no Sul do país. De acordo com dados recentes, a guerra de agressão contra o Iémen já provocou mais de 12 mil mortos entre a população civil.

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