Numa sessão agitada, marcada por protestos, discussões e acusações por parte de deputados da oposição de que o governo Temer comprou votos a parlamentares para garantir o seu alinhamento na votação de ontem, o plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília, não permitiu, por 263 votos contra 227, que o Supremo Tribunal Federal acolhesse a denúncia por corrupção passiva formulada pela PGR.
Agora, para que Michel Temer possa responder por esta denúncia, será necessário esperar pelo final do mandato. De acordo com o Brasil de Fato, existe ainda a possibilidade de, até lá, a PGR apresentar mais duas denúncias contra o presidente em exercício.
Necessidade de debate e transparência
A oposição criticou fortemente as intervenções dos deputados que justificaram os seus votos com «a estabilidade política» e a «agenda favorável ao mercado e ao emprego» criada por Temer, cuja «honestidade» e «ética» louvaram. Ivan Valente (do Partido Socialismo e Liberdade – PSOL) afirmou que «isso demonstra a desqualificação total do Parlamento» e lembrou que 85% da população brasileira quer a saída de Temer da Presidência da República, indica o Brasil de Fato.
Por seu lado, Alice Portugal (do Partido Comunista do Brasil – PCdoB) foi uma das vozes que clamaram por transparência e tempo para debate. «Uma denúncia grave como essa não poderia ter sido votada assim. Era preciso debate, mas eles tinham pressa. Temer precisa de ser investigado para o Brasil caminhar rumo às "Directas Já"», disse ao Portal Vermelho.
Acusações
Para garantir o resultado a seu favor, Temer empenhou-se a fundo nesta semana, refere o Portal Vermelho, acrescentando que, «só na véspera da votação, o presidente recebeu mais de 100 parlamentares e ainda teve tempo para um almoço com a bancada ruralista».
«Para além do congelamento de 20 anos nos investimentos em Saúde e Educação, o governo ainda diz que não tem recursos para investir em faculdades públicas por conta da "herança" do governo Dilma. Mas vimos aqui que não faltou dinheiro para comprar deputados com emendas e garantir a amnistia de Temer», comentou ao Portal Vermelho a presidente nacional do PCdoB, Luciana Santos.
No decorrer da sessão de votação, representantes do governo foram vistos a negociar novas emendas parlamentares, por forma a garantir uma votação favorável ao arquivamento da denúncia. Por isso, o deputado Rubens Pereira Jr (PCdoB) disse ao Portal Vermelho: «Vimos aqui não uma tropa de choque, mas uma tropa de cheque.»
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