Com a Jornada Nacional de Luta pela Reforma Agrária, o MST quis denunciar a relação estreita entre o agronegócio e o governo de Temer, o ataque à «agenda ambiental» e o facto de que «terras improdutivas e ao serviço de políticos corruptos não cumprem com a sua função social».
A ideia foi sublinhada por Gilmar Mauro, da direcção nacional do MST, no balanço das actividades ontem realizadas em pelo menos nove estados brasileiros. Referindo-se às várias ocupações simbólicas, o dirigente sem-terra afirmou que essas terras «poderiam estar ao serviço da população, principalmente no período de crise que vivemos, uma crise que deixou 14 milhões de desempregados, gente passando fome», lê-se no portal do MST.
Fazendas Esmeralda e Santa Rosa
Numa das acções, cerca de 800 sem-terra ocuparam a fazenda Esmeralda (interior do estado de São Paulo), registada em nome de João Batista Lima Filho, que é assessor e amigo pessoal de Michel Temer. De acordo com o Brasil de Fato, que faz referência a moradores locais, a fazenda é também propriedade do presidente golpista, sendo utilizada para a realização de reuniões privadas do PMDB – e o nome do «Coronel Lima» poderá servir para dar cobertura a possíveis irregularidades.
Outro visado pelo MST foi Ricardo Teixeira, ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), cuja Fazenda Santa Rosa, no município de Piraí (Rio de Janeiro), foi ocupada por cerca de 200 camponeses. No seu portal, o MST lembra que nas terras de Teixeira – indiciado por mais de uma dezena de crimes e investigado por polícias no estrangeiro – «está a ligação entre especulação fundiária, lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito», embora não sendo caso único.
Fazenda SM2
Outra acção importante ocorreu em Rondonópolis, no estado de Mato Grosso, onde foi ocupada a Fazenda SM2, do grupo Amaggi, que pertence à família do ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi. Em declarações ao Brasil de Fato, Idalice Nunes, da direcção nacional do MST, explicou que a ocupação visou denunciar a alta concentração de terras na região Centro-Oeste.
«O senador Blairo Maggi é um dos maiores produtores de soja do Mato Grosso e, além de usar um milhão de litros de veneno em suas propriedades, ainda concentra terra e não permite que a reforma agrária aconteça», disse.
Marcha em Aracaju, base de Alcântara bloqueada
O MST também realizou ocupações na Fazenda Junco (estado do Piauí), do senador Ciro Nogueira, denunciado por corrupção no âmbito da operação Lava Jato; num latifúndio improdutivo da empresa Nutriara Alimentos, no Noroeste do Paraná, e numa fazenda de monocultura de cana no Mato Grosso do Sul.
Em Salvador (Bahia), os sem-terra ocuparam a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), e, em Sergipe, mais de 10 mil trabalhadores marcharam pela capital, Aracaju.
No Maranhão, cerca de 500 pessoas bloquearam a Base de Alcântara, centro de lançamento de foguetes da Força Aérea Brasileira, também com a participação do MST, que denunciou «os acordos de utilização da base pelos EUA» e a «ameaça à soberania nacional».
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