França equipa os agentes das polícias com câmaras de espionagem

O governo francês, com ajuda financeira da União Europeia, acaba de investir 8,5 milhões de euros na compra de 2695 câmaras de espionagem para serem usadas pela Direcção Geral de Segurança Interna (DGSI – serviços de segurança que actuam como polícia política) e pela gendarmeria.

Os 8,5 milhões de euros investidos agora pelo Ministério do Interior destinam-se à aquisição de 2695 câmaras de espionagem
CréditosEric Gaillard/POOL/EPA / Agência Lusa

A nova encomenda sucede a outra de 1,2 milhões de euros, efectuada o ano passado, relacionada com a compra de mini-câmaras que podem ser disfarçadas, por exemplo, em espelhos retrovisores e assentos de bebés instalados em automóveis.

Dentro de um mês completam-se dois anos de vigência do estado de excepção em França, decretado por François Hollande a seguir aos atentados terroristas de Paris, em 13 de Novembro de 2015, e cuja prorrogação foi uma das primeiras  medidas adoptadas pela presente gestão Macron.

O estado de emergência, suspendendo direitos constitucionais dos cidadãos, vigora sob o pretexto do combate contra o terrorismo, mas tem servido de cobertura à imposição de numerosas medidas sociais punitivas da população em geral, designadamente a entrada em vigor de dois pacotes laborais concebidos segundo os interesses das principais centrais patronais.

Os 8,5 milhões de euros investidos agora pelo Ministério do Interior destinam-se à aquisição de 2695 câmaras de espionagem. Desse lote, 1353 serão do tipo «discreto», para usar na «monitorização de contacto» dentro de um perímetro de dez metros; 275 destinam-se a ser utilizadas pelos espiões disfarçadas em objectos de uso comum como telefones móveis, isqueiros, porta-chaves, canetas, óculos, headphones, embalagens de lenços e outros do género. Outras 521 mini-câmaras serão de lapela, do tipo cabeça de alfinete.

Os esforços financeiros do governo francês para incrementar a espionagem dos cidadãos, assim considerados potenciais terroristas, são financiados pelo Fundo de Segurança Interna da União Europeia, que foi incrementado em Setembro último.

Uma das empresas contempladas com o negócio é a M2M Factory, também encarregada do marketing da sociedade israelita Briefcam, tutelar do software Syndex – o qual necessita apenas de alguns minutos para processar muitas horas de gravações de vídeo através da pesquisa de palavras-chave.

Israel tem vindo a adquirir um papel determinante na formação e equipamento dos serviços policiais dos países da União Europeia, exportando e negociando assim o seu know-how de violência adquirido na supressão dos direitos humanos e nacionais dos cidadãos palestinianos.

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