A nova encomenda sucede a outra de 1,2 milhões de euros, efectuada o ano passado, relacionada com a compra de mini-câmaras que podem ser disfarçadas, por exemplo, em espelhos retrovisores e assentos de bebés instalados em automóveis.
Dentro de um mês completam-se dois anos de vigência do estado de excepção em França, decretado por François Hollande a seguir aos atentados terroristas de Paris, em 13 de Novembro de 2015, e cuja prorrogação foi uma das primeiras medidas adoptadas pela presente gestão Macron.
O estado de emergência, suspendendo direitos constitucionais dos cidadãos, vigora sob o pretexto do combate contra o terrorismo, mas tem servido de cobertura à imposição de numerosas medidas sociais punitivas da população em geral, designadamente a entrada em vigor de dois pacotes laborais concebidos segundo os interesses das principais centrais patronais.
Os 8,5 milhões de euros investidos agora pelo Ministério do Interior destinam-se à aquisição de 2695 câmaras de espionagem. Desse lote, 1353 serão do tipo «discreto», para usar na «monitorização de contacto» dentro de um perímetro de dez metros; 275 destinam-se a ser utilizadas pelos espiões disfarçadas em objectos de uso comum como telefones móveis, isqueiros, porta-chaves, canetas, óculos, headphones, embalagens de lenços e outros do género. Outras 521 mini-câmaras serão de lapela, do tipo cabeça de alfinete.
Os esforços financeiros do governo francês para incrementar a espionagem dos cidadãos, assim considerados potenciais terroristas, são financiados pelo Fundo de Segurança Interna da União Europeia, que foi incrementado em Setembro último.
Uma das empresas contempladas com o negócio é a M2M Factory, também encarregada do marketing da sociedade israelita Briefcam, tutelar do software Syndex – o qual necessita apenas de alguns minutos para processar muitas horas de gravações de vídeo através da pesquisa de palavras-chave.
Israel tem vindo a adquirir um papel determinante na formação e equipamento dos serviços policiais dos países da União Europeia, exportando e negociando assim o seu know-how de violência adquirido na supressão dos direitos humanos e nacionais dos cidadãos palestinianos.
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