Associações empresariais querem contribuir para «o aumento competitivo das empresas»

Promover produtos agrícolas sem investir na agricultura

Cinco distritos do interior apresentaram um projecto de promoção internacional dos seus produtos agrícolas mas esquecem o investimento na produção.

Há um conjunto de produções que, apesar da falta de investimento, se tem imposto pelo seu elevado nível de qualidade
Créditos / Wikipedia

«Terras Altas de Portugal – Novos Horizontes» é a iniciativa das cinco associações empresariais dos distritos de Viseu, Castelo Branco, Vila Real, Guarda e Bragança. A ideia é, segundo os promotores, «contribuir para a sustentabilidade e crescimento do território» das cinco regiões envolvidas com a «promoção internacional das suas empresas e produtos, ou serviços, contribuindo para melhorar a competitividade das empresas».

Com um investimento previsto de 574 mil euros, o projecto vai vigorar até 2017 e tem como objectivo promover a internacionalização de alguns produtos tradicionais, como carnes e fumeiro, compotas, mel, azeite, frutas, vinhos e queijos.

A ideia, afiançam os promotores, é «contribuir para o aumento competitivo das empresas». A premissa surge, porém, desfasada da realidade agrícola que estes cinco distritos apresentam.

Para além da constante ameaça pela ultra-liberalização dos circuitos comerciais imposta pela Organização Mundial do Comércio (OMC) e pelas regras comuns de mercado, a que se pode vir a juntar o Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP), a agricultura praticada no interior do País caracteriza-se por sistemas produtivos tradicionais com fraca integração de novas tecnologias, por uma população activa envelhecida e por uma estrutura fundiária fragmentada e de reduzida dimensão.

Estas características, agravadas por uma política agrícola de abandono e desmantelamento da agricultura familiar, estão na origem da baixa produtividade e dos altos custos da produção.

O projecto «Terras Altas de Portugal – Novos Horizontes» é financiado pelo POCI - Programa Operacional Competitividade e Internacionalização/Compete 2020, no âmbito do Sistema de Apoio a Acções Colectivas na área da internacionalização.

De acordo com os promotores, «será desenvolvida uma estratégica que inclui quatro eixos: fortalecimento da oferta, promoção da oferta no mercado externo, prospecção e penetração em novos mercados e disseminação de resultados».

Aparentemente, a agricultura propriamente dita não entra no «caderno de encargos» do projecto.
 

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