Richard Hodges, gestor do banco de investimento nipónico Nomura, falou à agência Bloomberg, citado pelo jornal digital ECO, na passada sexta-feira sobre a dívida pública portuguesa pela segunda vez este ano. A primeira foi em Julho, quando afirmou que o Nomura ia aumentar «significativamente» a exposição à dívida pública portuguesa – que estará ligeiramente acima dos 400 milhões de euros.
Agora, quando se aguarda que a agência de rating Fitch aumente a notação da dívida pública portuguesa, a 15 de Dezembro, para acima do «lixo», como fez a Standard & Poor's em Setembro, Hodges diz que é tempo de o Nomura despachar a sua posição.
As declarações do banqueiro permitem entender o modus operandi dos especuladores financeiros em relação à dívida pública portuguesa.
Em Julho, Hodges revelava que todas as previsões que tinham feito falharam, mas a verdade é que lucraram com o negócio. Neste momento, a Nomura prepara-se para largar a dívida pública portuguesa: deixando de estar no «lixo» e com os valores pelos quais é transaccionada estabilizados, deixa de ter interesse para quem quer fazer dinheiro rápido.
O banco nipónico conhece bem os meandros da especulação ao mais alto nível. Em 2008, no rescaldo da falência do Lehman Brothers, o Nomura comprou as suas operações na Ásia e na Europa, absorvendo alguns dos seus quadros. O Lehman era, até então, um dos maiores bancos de investimento do mundo – que caiu precisamente pela sua apetência para a especulação financeira.
Portugal paga anualmente cerca de 4% do Produto Interno Bruto (PIB), ou 8 mil milhões de euros, em juros da dívida pública, que vão directamente para o bolso de instituições como o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional, ou de especuladores financeiros.
No Orçamento do Estado para 2018, o Governo prevê que a dívida pública se mantenha acima dos 120% do PIB no próximo ano, o que, apesar de representar uma redução, a mantém num dos níveis mais elevados de toda a União Europeia.
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