De acordo com a cadeia de TV Al-Masirah, citada pela PressTV, os ataques perpetrados ontem pela aviação militar saudita deixaram quatro vítimas mortais no distrito de al-Tuhayat (província de Hudaydah), provocaram a morte a três pessoas no distrito de Nihm (província de Sa’ada) e fizeram dez vítimas no distrito de Sahar (na província homónima).
Há quase três anos – desde Março de 2015 – que a Arábia Saudita lidera uma intensa campanha militar contra o seu vizinho do sul na Península Arábica, com o intuito declarado de esmagar a resistência do movimento popular Ansarullah e de recolocar no poder o antigo presidente Abd Rabbuh Mansur Hadi, aliado de Riade.
Apoiada por Washington e Londres, a campanha militar já provocou mais de 10 mil mortos no Iémen, destruiu uma parte significativa das suas infra-estruturas e esteve na origem da situação humanitária que as Nações Unidas classificam como «catastrófica».
«Condições de vida catastróficas»
Numa sessão do Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU) que teve lugar esta terça-feira, responsáveis do Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (UNOCHA, na sigla em inglês) alertaram para a situação que se vive no país árabe ao cabo de três anos de conflito, nomeadamente para «a ameaça crescente da fome e da cólera».
Os responsáveis da organização precisaram que 22,2 milhões de pessoas necessitam de ajuda alimentar e que 8,4 milhões são severamente afectadas pela fome. Desde Abril do ano passado, acrescentaram, a epidemia de cólera infectou 1,1 milhões de pessoas e matou mais de 2200.
Rússia veta resolução contra o Irão
A proposta de resolução, redigida pelo Reino Unido, visava renovar as sanções contra o Iémen por um período de mais um ano e condenar o Irão por alegadamente ter fornecido armas ao movimento Ansarullah, violando assim o embargo decretado em 2015.
Na segunda-feira, a proposta, apoiada pelos EUA e pela França, obteve 11 votos favoráveis dos 15 países-membros do CSNU, mas foi detida pelo voto contrário da Rússia, que é um país com assento permanente e, nessa qualidade, tem direito de veto.
Na sua proposta, os britânicos exigiam medidas de resposta contra o alegado papel que o Irão está a desempenhar no Iémen, depois de um grupo de peritos das Nações Unidas ter dito ao Conselho de Segurança, em Janeiro, que encontrou vestígios variados de diverso equipamento militar iraniano no Iémen, e que foi trazido para o país após a imposição do embargo de armas. No entanto, os especialistas afirmaram que tinham sido incapazes de identificar o fornecedor.
O embaixador russo junto da ONU considerou que a matéria carece de maior «verificação e discussão». Nikky Haley, representante dos EUA, acusou a Rússia de «bloquear acções contra a perigosa e desestabilizadora conduta do Irão», pelo que colocou a hipótese de o seu país, juntamente com os seus aliados, «tomarem medidas contra o Irão que a Rússia não possa bloquear».
Por seu lado, a representação iraniana afirmou que os EUA e o Reino Unido – aliados de Riade, com quem fazem negócios de venda de armas na casa dos milhares de milhões de dólares e libras – tentam distrair a comunidade internacional, com estas propostas de resolução, dos crimes de guerra que a Arábia Saudita tem cometido no Iémen.
Gholamali Khoshroo, diplomata iraniano junto da ONU, afirmou que a guerra no Iémen é alimentada pelas armas norte-americanas e britânicas, e vincou ainda que a solução para esta guerra não é militar, mas política, devendo passar pelo diálogo entre iemenitas, indicam a Prensa Latina e a PressTV.
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