O juiz Sérgio Moro tinha dado até às 17h locais (21h em Portugal Continental) de ontem para que o ex-presidente se entregasse na sede da Polícia Federal em Curitiba. Lula da Silva manteve-se até essa hora no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (São Paulo), e, através da presidente do seu Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffman, fez saber que por lá vai ficar à disposição da Justiça. Ou seja, não resistirá à detenção mas também não se vai entregar.
Apesar de ter passado o prazo fixado pelo juiz, Lula não é um foragido. Aliás, as autoridades brasileiras, como todo o mundo, sabem onde está desde o final de quinta-feira. No sindicato que dirigiu durante a ditadura militar brasileira, está acompanhado de líderes políticos e sociais e de outros pré-candidatos às presidenciais deste ano. Manuela D'Ávila, pré-candidata do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), – que surgiu ao lado de Lula nas janelas do edifício ontem – sublinhou a importância da resistência pacífica levada a cabo pela mobilização popular e apelou à sua manutenção, em defesa da democracia e do ex-presidente brasileiro, informa o Vermelho.
O portal brasileira dá conta de um corte no abastecimento de água ao edifício durante o dia de sexta-feira, apesar de os estabelecimentos comerciais ao seu redor não terem sido afectados. A partir da hora limite fixada por Moro, a «tropa de choque» da Polícia Militar começou a marcar presença em torno do local mas não avançou sobre a concentração, que se mantém durante a noite.
Para as 9h locais (13h em Portugal Continental), está agendada uma missa pela mulher de Lula da Silva, Marisa Letícia, falecida no ano passado e que faria hoje 68 anos.
A defesa do ex-presidente brasileiro interpôs várias acções para travar a prisão imediata de Lula, num momento em que ainda faltam muitos passos até uma decisão definitiva no processo da operação Lava Jato em que foi condenado a 12 anos e um mês de prisão – apesar de o tríplex do Guarujá (elemento central no processo), apontado como propriedade de Lula, estar registado em nome da construtora OAS e até já ter sido penhorado por dívidas desta empresa.
Até segunda-feira, o Supremo Tribunal Federal ainda pode determinar a suspensão da ordem de prisão emitida por Sérgio Moro, apesar de ter recusado o pedido de habeas corpus preventivo interposto pela defesa de Lula na última quarta-feira.
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