Secretário-geral comunista defende

OE2017 deve manter a reposição de direitos

A poucos dias da discussão das propostas do PS para o Orçamento do Estado de 2017, Jerónimo de Sousa sublinha o compromisso do PCP e considera que o documento deve cumprir a reposição de direitos para os trabalhadores e o povo.

«São precisas roturas com o passado», defende Jerónimo de Sousa
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«O que consideramos é que o próximo OE não derive deste caminho da reposição de direitos, de avanços sociais, do abono de famílias, aos horários, aos feriados», disse Jerónimo de Sousa ao Observador. Numa longa entrevista, o secretário-geral do PCP enquadra, além do Orçamento do Estado (OE) de 2017, questões relacionadas com a actuação do seu partido no âmbito da nova maioria parlamentar, a ameaça de sanções por parte de Bruxelas, a identidade da União Europeia e a saída do Euro. 

Regressando ao orçamento, Jerónimo de Sousa afirma que ao PCP cabe analisar o documento à luz da reposição e reparação de direitos. Assume que é possível encontrar outras receitas e dá o exemplo da política fiscal, onde se integram as parcerias público-privadas.

Sobre o tema das sanções, Jerónimo fala de desconfiança e não dissocia a ameaça das posições da União Europeia (UE), para condicionar o actual Governo, do próximo OE. Assume que se trata de desconfiança relativamente às forças políticas com assento na Assembleia da República, que não serão do agrado dos sectores mais ultras da União Europeia.

Sobre o facto de Espanha viver uma situação semelhante, o secretário-geral comunista considera que a UE tem como objectivo punir todos os que não obedeçam aos seus ditames e alerta para o facto de as medidas relativamente a Espanha só serem anunciadas após a formação do Governo. 

Saída do Euro: «um processo decorrente de uma preparação que temos de fazer»

Perante o tema da saída da Euro, Jerónimo de Sousa recorda que não deve ser encarado como tabu, nem como uma iniciativa aventureira.

Reconhece o caso da Grécia como exemplo para a necessidade de haver um plano de actuação, assume que o processo exige negociação e que isso não pode ser uma tarefa exclusiva do PCP.

A par disso, questiona: «nenhum economista me conseguiu explicar (e eu não sou economista, com todas as limitações que tenho), mas não percebo como é que é possível uma moeda única em países com desenvolvimentos económicos tão diferentes. Como é possível uma moeda única em países ultra-endividados e países menos endividados? Como é que é possível a moeda única em países com graus de produtividade e de competitividade e de investimento tão diferenciados?»

Durante a entrevista, Jerónimo de Sousa fala ainda da «discriminação do PCP» no âmbito das negociações para a definição da lista de juízes para o Tribunal Constitucional. 

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