O Pavilhão do Alto do Moinho, em Corroios, acolhe os mais de 900 delegados e centenas de convidados da Conferência Nacional do PCP, cujos trabalhos foram abertos esta manhã por Jerónimo de Sousa, naquela que foi a sua última intervenção enquanto secretário-geral.
A Conferência, que decorre sob o lema «Tomar a iniciativa, reforçar o Partido, responder às novas exigências», realiza-se após um alargado processo de discussão colectiva e «um intenso trabalho preparatório, envolvendo milhares de militantes e praticamente todos os organismos do Partido, em centenas de reuniões realizadas por todo o País», segundo Jerónimo de Sousa.
Na sua intervenção, o ainda secretário-geral do PCP chamou a atenção para «o agravamento da situação económica e social e a ausência de respostas aos problemas nacionais», nomeadamente para o «aproveitamento, quer da pandemia, quer da instigação da confrontação e principalmente das sanções», que se estão a traduzir «num crescente agravamento da exploração, das desigualdades e injustiças e no acumular de capital nas mãos das multinacionais». Uma acumulação que não se pode desligar de «uma brutal acção especulativa que atravessa os mais diversos sectores, do financeiro ao energético, do farmacêutico ao agro-alimentar, da grande distribuição ao do armamento», cujas consequências sociais se expressam num desmedido crescimento da pobreza no mundo.
Outro traço desta evolução é, na opinião do líder do PCP, «a intensificação da manipulação, da mentira e a censura da informação, visando impor um pensamento único e vulgarizar concepções reaccionárias e fascizantes», no sentido de promover «o anticomunismo, atacar a democracia e fazer regredir a consciência dos povos sobre os seus legítimos direitos e aspirações».
As consequências reflectem-se, segundo Jerónimo de Sousa, não só nos défices estruturais, nomeadamente nos «domínios produtivo, energético, tecnológico e demográfico», mas também na estagnação económica, no «aumento da exploração dos trabalhadores» e nas «crescentes desigualdades sociais».
O secretário-geral do PCP alertou ainda para a «alteração da correlação de forças no plano político e institucional com a obtenção da maioria absoluta pelo PS», cujas consequências negativas se fazem sentir, por um lado, ao nível do aumento do custo de vida, da legislação laboral e dos salários e reformas, com o consequente aumento das injustiças e das desigualdades. Por outro, através do «embuste dos aumentos das reformas e pensões», do chamado acordo de rendimentos, que nega aos salários o que dá em benefícios» ao grande capital e da retoma do «processo privatizador», que é já visível «na TAP, nas novas PPP [parcerias público-privado] que se preparam na ferrovia e na transferência de milhões para os grupos da saúde».
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