Após ter colocado ao seu colectivo a sua substituição nas funções que desempenhava como Secretário-Geral do PCP, Jerónimo de Sousa foi hoje também substituído por Duarte Alves como deputado à Assembleia da República. Operário metalúrgico, natural de Santa Iria de Azóia, foi eleito para a Assembleia Constituinte em 1976 e levava consigo o conhecimento de uma vida dura.
Hoje, após 47 anos presente no Parlamento, Jerónimo de Sousa era o mais antigo na actual legislatura. Numa casa onde quase todos puxam pelo título académico, Jerónimo de Sousa puxava pelo seu conhecimento da realidade concreta do povo e dos trabalhadores e eram os anseios de quem trabalha que levava nas palavras que discorria.
O reconhecimento era generalizado, mesmo por quem não partilhava da sua visão. A cordialidade, a humildade e o respeito pela democracia são características que marcam a passagem de Jerónimo de Sousa pela Assembleia da República. Começou aos 28 anos na Constituinte, mas já trabalhava desde os 14. Habituado a plenários de trabalhadores falou sempre sobre o que sabia e bateu-se sempre pelos valores de Abril.
Hoje, em jeito de homenagem, Augusto Santos Silva reconheceu o papel de Jerónimo de Sousa na Assembleia da República, a sua importância para a Democracia e a sua capacidade de utilizar a «sabedoria popular» para ilustrar o que dizia. Seguiu-se uma salva de palmas de quase todas as bancadas parlamentares.
O afinador de máquinas que, como próprio disse várias vezes, «não sabia fazer uma lei, mas sabia fazer uma greve» não foi um breve passageiro pela Assembleia da República. Teve sempre a confiança de quem o elegeu e bateu-se sempre por todos os que são explorados. A democracia agradece-lhe.
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