Os trabalhadores são alvo de ilegalidades

Aquinos com graves condições de trabalho

Ritmos de trabalho acelerados, discriminação salarial, intervalos reduzidos, falta de segurança, vigilância abusiva, imposição de férias e várias pressões são parte da realidade dos trabalhadores da empresa Aquinos.

Fábrica da Aquinos, unidade de Nelas
Créditos / Magazine Serrano

Veio a público, pela voz da Direcção da Organização Regional de Viseu do PCP, a denúncia de vários problemas vividos pelos trabalhadores da Aquinos, empresa fabricante de sofás e colchões com unidades de produção em Nelas e em Tábua.

Na empresa, os ritmos de trabalho são acelerados, para além do limite, chegando mesmo a afectar a qualidade do trabalho. São exigidos esforços físicos elevados, e apesar da lei limitar a 30 quilos, os trabalhadores chegam a transportar 40 quilos sozinhos. Verifica-se ainda a polivalência de funções, a ausência de carreiras e de categorias profissionais.

São exigidos esforços físicos elevados, e apesar da lei limitar a 30 Kg, os trabalhadores chegam a transportar 40 Kg sozinhos.

Apesar dos trabalhadores realizarem o mesmo tipo de funções, existe discriminação salarial nesta empresa, com diferenças nos subsídios de alimentação e de turno, dependendo do contrato individual de trabalho. Também se verificam situações de precariedade e a imposição do banco de horas leva a que um trabalhador possa trabalhar 12 horas por dia e 60 horas por semana, dias e semanas seguidos.

Nesta empresa, o serviço de recursos humanos recusa sistematicamente mudanças de turno em caso de necessidade de acompanhamento dos filhos, ou para que casais possam partilhar o mesmo transporte. Segundo a denúncia, nestas situações já foi dito aos trabalhadores que se não estiverem satisfeitos, podem despedir-se. Também ocorre muitas vezes ser comunicado ao trabalhador no final do turno que terá que realizar mais horas de trabalho.

Segundo a denúncia, nestas situações já foi dito aos trabalhadores que se não estiverem satisfeitos, podem despedir-se.

Quanto aos intervalos, são dados cinco minutos ao fim de duas horas de trabalho, tempo que se verifica insuficiente uma vez que os trabalhadores em determinados postos de trabalho não podem ter comida nem comer, e são assim obrigados a fazer uma grande deslocação aos cacifos. O intervalo para refeições é apenas de meia hora e a cantina não serve refeições em número suficiente.

A empresa impôs aos trabalhadores, no mês de Janeiro, os vários períodos de férias, sem qualquer hipótese de escolha, o que não está de acordo com a lei. Para além disso, são alterados com frequência os períodos de férias. A lei diz que as férias são marcadas por acordo entre a entidade patronal e o trabalhador, sendo que na falta de acordo a empresa pode marcá-las entre 1 de Maio e 31 de Outubro.

Nesta empresa são controladas as idas à casa de banho, o picar do cartão e o volume com que se fala ou o uso do telemóvel.

Na Aquinos a segurança também é posta em causa, com a dificuldade de acesso às portas de emergência e o facto de apenas existirem sapatos de segurança para alguns. Também não existem máscaras nem sistema de extracção de poeiras e o sistema de ventilação foi retirado. É dada a informação de que, em caso de acidente de trabalho, a empresa dificulta a chamada da ambulância. O médico da empresa tem diagnosticado em trabalhadores impedimentos em executar determinadas funções, mas, no entanto, a empresa tem resistido a alterações que tenham em conta estes problemas de saúde.

Nesta empresa são controladas as idas à casa de banho, o picar do cartão e o volume com que se fala ou o uso do telemóvel. As pressões e as advertências são permanentes e a empresa obriga os trabalhadores a assinar essas advertências.

A unidade de Nelas, com uma rotatividade de trabalhadores que não ultrapassa um ano, recebe da Câmara Municipal de Nelas um apoio de 250 euros por cada posto de trabalho criado, para além de não pagar renda nem água do pavilhão que utiliza, nas antigas instalações da Johnson Controls, e de beneficiar de incentivos oficiais à contratação e à produção.

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