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Desregulação laboral dificulta vida pessoal e familiar das mulheres

Cerca de 915 mil mulheres trabalham ao sábado, 538 mil ao domingo, 382 mil por turnos e 162 mil à noite. Um quadro fortemente limitador da conciliação do trabalho com a família, denuncia a CGTP-IN.

Foto de arquivo: mulheres participam na manifestação promovida pela CGTP-IN e pelo MDM para assinalar o Dia Internacional da Mulher, que decorreu entre o Chiado e a Assembleia da República, em Lisboa, 8 Março 2013
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Os dados são apresentados numa breve análise feita pela CGTP-IN como ponto de partida para a Semana da Igualdade, uma iniciativa promovida entre 4 e 8 de Março, por todo o País, sob o lema «Avançar na Igualdade – Com Emprego de Qualidade».

Segundo a Intersindical, as mulheres trabalhadoras estão cada vez mais sujeitas à desregulação da sua vida laboral, com horários longos, adaptabilidades, bancos de horas, horários concentrados e laboração contínua, com implicações negativas na organização da sua vida pessoal e familiar, e na sua saúde.

Citando o Inquérito ao Emprego do 2.º trimestre de 2018, a central sindical afirmou que 42% dos trabalhadores por conta de outrém raramente consegue, ou nunca consegue, alterar o seu horário de entrada ou de saída para dar assistência a filhos menores de 15 anos ou a familiares com mais de 15 anos.

«Não é por acaso que nos últimos anos cresceram exponencialmente os pedidos de horários flexíveis por parte de mães e pais trabalhadores: em 2018 a CITE emitiu 727 pareceres, 84% relativos à intenção de recusa por parte das entidades patronais do horário flexível a trabalhadores com filhos menores de 12 anos, a maioria dos quais pedidos por mães trabalhadoras», salientou o documento da CGTP.

Em 85% dos casos a Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE) foi favorável ao pedido dos trabalhadores para flexibilizar o horário de trabalho.

Se nesta situação há alguma aproximação entre homens e mulheres, nas interrupções da carreira profissional já não é assim, pois cerca de 84% dos trabalhadores que interromperam a actividade profissional para cuidar de filhos menores de 15 anos eram mulheres, o que inclui a licença parental inicial.

Quando a interrupção profissional é para cuidar de familiares com mais de 15 anos, a percentagem de mulheres que o faz passa a ser de cerca de 78%.

No mesmo documento a CGTP alerta para as consequências da intensificação dos ritmos de trabalho e dos longos horários para a saúde.

«As mulheres trabalhadoras continuam a ser as mais afetadas pelas doenças profissionais que, segundo a OIT, matam seis vezes mais trabalhadores a nível mundial que os acidentes de trabalho e deixam incapacitados milhares de trabalhadores», sublinha.

Em Portugal as mulheres trabalhadoras representam 70% do total de casos de doenças profissionais certificada e a maioria das incapacidades resulta de lesões músculo-esqueléticas.

Além de continuarem a ganhar menos que os homens e a ocuparem a maioria dos empregos precários, as mulheres são também as principais vítimas de assédio patronal.

Por fim, ainda segundo a CGTP, mais de 850 mil trabalhadores já foram vítimas de perseguição e assédio no emprego e cerca de 650 mil foram vítimas de assédio sexual.

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