As férias, quem as decide, é o patrão. Aos trabalhadores apenas é dada a hipótese de escolher entre um conjunto pré-determinado de momentos (o número de dias também é o patrão quem decide) durante o ano. Toda esta informação está disponibilizada num mapa entregue aos funcionários do El Corte Inglés de Lisboa.
Uma trabalhadora da loja do El Corte Inglés em Vila Nova de Gaia recorreu aos tribunais, perante a recusa sistemática da empresa em aplicar o horário flexível. «O horário flexível é para cumprir de imediato, mesmo quando a empresa não está de acordo», afirma a decisão do tribunal, referida num comunicado do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP/CGTP-IN). Ao longo do ano, inclusive numa greve em Abril, os trabalhadores denunciaram o que dizem ser o modo infeliz como o El Corte Inglés reage aos pedidos de horários flexíveis, conforme está previsto na lei da parentalidade. Neste caso, o pedido da funcionária teve o parecer favorável da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE), mas a empresa recusou aplicar o horário e, em resposta, avançou com um processo em tribunal contra a decisão. «Desde que haja parecer da CITE favorável ao trabalhador, a empresa pode recorrer dessa decisão para tribunal, mas tem que organizar de imediato o horário requerido e, até à decisão do tribunal, esse é o horário a cumprir», lê-se. Por outro lado, o CESP denuncia que a empresa mantém os baixos salários e as más condições de trabalho, referindo também práticas discriminatórias que se reflectem em seguros de saúde apenas para alguns e trabalhadores com vários anos de casa a receber o mesmo enquanto outros são aumentados. O comunicado refere também que «não contratam pessoas suficientes para assegurar o volume de trabalho existente na loja», levando à exaustão e a grande prejuízo para a sua saúde física e psíquica», situação a que se acresce os horários desregulados e «trocados em cima da hora». Entre as reivindicações, os trabalhadores exigem aumentos salariais para todos, no mínimo de 40 euros, o aumento do subsídio de refeição para 6,50 euros, o fim dos vínculos precários, direito ao subsídio de turno, o mesmo horário de fecho que a loja de Lisboa, direitos iguais e que a empresa cumpra o que está previsto no contrato colectivo de trabalho. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Trabalho|
Tribunal dá razão a trabalhadora do El Corte Inglés
Salários baixos, apesar de recorde no lucro das vendas
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Com pouca, ou nenhuma, flexibilidade, os trabalhadores estão impedidos de tirar férias nas alturas de maior interesse para a empresa, como é o caso das últimas semanas do mês de Junho e as primeiras de Julho. O número de dias que os trabalhadores podem tirar também é determinado pela empresa, que impinge períodos arbitrários de sete dias de férias, ou três dias de férias.
Ao AbrilAbril, Susana Canato, trabalhadora do El Corte Inglés de Lisboa e dirigente do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP/CGTP-IN), denunciou o descontentamento dos trabalhadores da loja de Lisboa com o Mapa de Férias que lhes é imposto.
Foi este mal-estar que levou mais de 200 trabalhadores a assinar e entregar aos recursos humanos um abaixo-assinado exigindo o direito a decidir quando, e por quanto tempo, tiram as férias a que têm direito. Foi «graças à luta dos trabalhadores e do seu sindicato», o CESP, que na loja de Vila Nova de Gaia esta situação foi revertida, tendo sido rapidamente posta de lado.
Em comunicado, o CESP denuncia ainda a forma «como os horários são alterados de forma ilegal», seja em Gaia ou em Lisboa. Os trabalhadores são ordenados a fazer vários turnos entre as folgas, enquanto os dias de folga são alterados sem o consentimento do trabalhador. É importante que a empresa altere estes «procedimentos e respeite as necessidades e preferências dos trabalhadores», refere o sindicato.
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