A expressiva paralisação nacional dos trabalhadores do grupo Sonae, detentor das marcas Modelo e Continente, encerrou hoje a quinzena de luta na grande distribuição, promovida pelo Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP/CGTP-IN).
Entre as reivindicações desta greve está o aumento mínimo de 40 euros nos salários de todos os trabalhadores, a actualização do subsídio de alimentação em um euro por dia, a passagem a efectivos de todos aqueles com vínculos precários a ocupar postos permanentes, além de rejeitarem o banco de horas e a desregulação dos horários, que lhes condiciona a vida pessoal e familiar.
Outras reivindicações dos trabalhadores, tal como os seus colegas em outras empresas do sector, passam pelo fim da tabela B, que prevê menos 40 euros de salário em todos os distritos, excepto Lisboa, Porto e Setúbal, a progressão automática dos operadores de armazém até ao nível de especializado e o fim da precariedade e da discriminação salarial entre trabalhadores com as mesmas funções.
Além desta greve, decorre também hoje uma greve no El Corte Inglês de Vila Nova de Gaia. Os protestos dão continuidade às últimas greves na Jerónimo Martins e na Auchan. Até ao final do mês está prevista mais contestação no sector, com uma greve de três dias no Lild, além da greve geral convocada para o feriado do 1.º de Maio.
«Trabalhadores não aceitam chantagens»
Num documento aos trabalhadores, o CESP acusa a Sonae de «falta de abertura» e de remeter, practicamente, todos os assuntos do caderno reivindicativo de 2018 para a negociação do contrato colectivo de trabalho (CCT), não assumindo qualquer compromisso de aumento dos salários e do subsídio de refeição, apesar dos lucros milionários obtidos em 2017.
A posição segue a linha das restantes empresas do sector que, nas negociações para a revisão do CCT, através da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), têm bloqueado qualquer acordo até que as condições sejam aceites. Os trabalhadores recusam ceder à chantagem, num processo que dura há mais de ano.
A estrutura representativa dos patrões é acusada de bloquear as negociações e de, a troco do aumento dos salários, exigir várias contrapartidas, vistas como «inaceitáveis» pelos trabalhadores: redução do valor pago pelo trabalho suplementar e em dia de feriado para metade e a aceitação oficial do banco de horas como prática no sector.
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