Líder da UGT põe em causa aumento do SMN em 2018

Carlos Silva, secretário-geral da UGT, entre várias afirmações dadas em entrevistas publicadas hoje, para além do visível incómodo com a actual solução política, refere que não é certo que haja condições para aumentar o SMN no próximo ano e que acabar com a precariedade «é uma utopia».

Carlos Silva com Pedro Passos Coelho
CréditosTiago Petinga / Agência Lusa

Hoje, o Público e o Observador deram ambos destaque a entrevistas ao secretário-geral da UGT, Carlos Silva, onde foram abordados vários temas.

Desde logo ficou expresso o desconforto da UGT com o chumbo da descida da Taxa Social Única (TSU) para os patrões em 1,25 pontos percentuais. Quanto à posição do PSD, que votou ao lado do PCP, BE e PEV a favor do chumbo desta medida, o líder da UGT afirmou ao Público que tal não foi bem entendido pela central sindical, «que sempre teve uma relação muito próxima com o PS, com o PSD e o CDS», admitindo que com estes partidos tem uma relação de confiança.

Este posicionamento relativamente aos patrões não espanta na medida em que quando é questionado pelo Observador sobre um exemplo de um bom patrão, Carlos Silva, líder de uma central sindical, responde «Eu».

Carlos Silva sublinha o «quadro político atípico» em que vivemos e aproveita a situação da descida da TSU para os patrões, que queria ver aprovada, para lançar avisos ao Governo sobre o actual quadro político. Afirma ao Observador que, para além do que aconteceu no caso da TSU, vêm outras matérias, como as PPP na Saúde, «em que a esquerda parlamentar, se não quiser contribuir para uma crise, terá de perceber que não pode estar constantemente a criar engulhos à governação». Acrescenta que «o Governo percebeu que os seus parceiros à esquerda vão vender caro o seu apoio no Parlamento».

As farpas lançadas por Carlos Silva também dizem respeito ao facto de sobrevalorizar a concertação social, criticando quem defende que, como está instituído, a Assembleia da República, eleita pelos portugueses, é soberana nas decisões. Abordando o contexto da concertação social chega-se à sua concepção sobre os patrões, que procura distanciar da perspectiva da CGTP-IN. Carlos Silva não considera que os patrões «levam sempre a melhor» no contexto da concertação social, e portanto diz ser questionável que há aqui um desequilíbrio de forças. Como afirma ao Público, para a UGT os patrões não são adversários, «podem ser um complemento». «Não sou daqueles que vão para a porta de uma empresa partir aquilo à martelada», afirma ao Observador, lamentando o facto de não conseguir «cativar a CGTP-IN para a realidade empresarial». Este posicionamento relativamente aos patrões não espanta na medida em que, quando é questionado pelo Observador sobre um exemplo de um bom patrão, Carlos Silva, líder de uma central sindical, responde «Eu».

Acabar com a precariedade «é utópico»

Perante a questão da precariedade, Carlos Silva afirma ao Público que «é importante pôr um travão à precariedade, pôr um fim é utopia», admitindo assim que é uma inevitabilidade. Quanto à proposta que o Governo está prestes a apresentar sobre uma solução para os trabalhadores com vínculos precários do Estado, o líder da UGT sublinha que «é preciso ver quanto isto custa». Num momento em que se discute como erradicar a precariedade do Estado, o líder da central sindical alerta para os custos que tal acarreta, porque «isto custa dinheiro».

Sobre se há condições para continuar a aumentar o salário mínimo nacional (SMN) no resto da legislatura, Carlos Silva demonstra uma postura bem diferente da da CGTP-IN (que defende que o SMN deveria aumentar já para os 600 euros). O secretário-geral da UGT é cauteloso e afirma que se deve «aguardar até ao final do ano para ver que condições é que há para avançar», tendo em conta «a realidade da economia», contrastando com a posição do governo que, ainda hoje, pela voz da ministra da Presidência reafirmou a intenção de fazer chegar o SMN aos 600 euros durante esta legislatura.

 

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