|precariedade

Science4you paga menos subsídio de refeição a quem entrou em 2022

O CESP denuncia a precariedade e a discriminação realizada pela empresa no âmbito do pagamento do subsídio de refeição. Em vez de 4,27 euros, os novos trabalhadores recebem apenas 2,80.

Armazéns da Science4you dentro do MARL
CréditosCâmara Municipal de Loures

São menos 355 euros anuais na conta de todos os que entraram na empresa após 1 de Janeiro deste ano, critica o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP/CGTP-IN), através de comunicado.

A estrutura sindical reivindica o fim da discriminação dos trabalhadores e uma descida dos preços praticados no refeitório, «tendo em conta os baixos subsídios de alimentação praticados pela empresa».

Numa reunião tida com a empresa, no passado dia 10, onde insistiu na proposta de aumentos salariais de três euros por dia (90 euros mensais) para todos os trabalhadores, o CESP lembrou que é proibido o empregador explorar o refeitório com fim lucrativo para fornecimento de bens ou prestação de serviços aos seus trabalhadores, e exigiu a integração dos que laboram com vínculos precários, bem como a progressão e valorização das carreiras.

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A Science4You continua a apurar a sua receita de precariedade laboral

Uma dose de trabalho temporário, duas de subsídios de natal e férias pagos em duodécimos. Mistura-se tudo com uma pitada de falta de condições laborais, et voilá: aí está a receita do empreendedorismo.

Linha de montagem do armazém da Science4You, que continua a recorrer ao trabalho temporário para preencher posições de trabalho efectivas 
Créditos / Notíciasaominuto

«Torna-te um verdadeiro empreendedor e aprende a delinear uma estratégia de negócio! Desenvolve competências de matemática, vendas, marketing e estratégia empresarial, enquanto brincas! Liberta a tua imaginação e usa a tua bancada montável para criares uma start-up inovadora», anuncia a Science4You, empresa de «brinquedos e jogos educativos», por ocasião do lançamento do seu último «brinquedo educativo»: «A minha primeira Startup», para crianças de seis ou mais anos.

Infelizmente o brinquedo vem, de origem, incompleto. É que seguindo à risca a estratégia empresarial da própria Science4You, não bastam os «placares de exposição, a máquina registadora montável, bloco de registo de vendas, quadro de ardósia, lápis e giz» para atingir o sucesso no mundo empresarial. Só mesmo assentando numa política de agressiva exploração do trabalho precário.

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Ciência «baseada em baixos salários e precariedade laboral»

Em reunião com o CESP/CGTP-IN, a empresa de brinquedos científicos Science4you deixou claro que iria recusar qualquer proposta de aumento salarial para este ano.

António Costa ouve explicações do director-executivo da empresa Science4you, Miguel Pina Martins, durante a sua visita à fábrica em São Julião do Tojal, 27 de Novembro de 2018 
CréditosTiago Petinga / Agência Lusa

A receita para a precariedade laboral nesta empresa tem uma lista sem fim de ingredientes. Ao longo dos anos têm vindo a ser denunciados, por trabalhadores e pelo Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP/CGTP-IN), um rol de abusos laborais, que só com uma intervenção determinada dos trabalhadores e das suas organizações representativas foram sendo ultrapassados.

Desde forçar trabalhadores a pagar do seu bolso o acesso à fábrica, onde exerciam a sua função (obrigados, sempre, a usar o NIF da empresa nas suas despesas), às fracas, ou inexistentes, condições de segurança no trabalho, que implicam o manuseio de substâncias perigosas, provocando, ao longo dos anos, doenças pulmonares e gástricas entre os funcionários.

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Trabalhadores da Science4You exigem melhoria das condições laborais

Lembrando que a empresa não pode esconder os baixos salários com o pagamento de subsídios em duodécimos, o CESP afirma que os trabalhadores na Science4You continuam «a pagar para trabalhar».

Armazéns da Science4you dentro do MARL
CréditosCâmara Municipal de Loures

A denúncia parte do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços (CESP/CGTP-IN) e refere-se à «discriminação» sofrida pelos trabalhadores contratados através de agências de trabalho temporário.

Para além de serem sujeitos a «comportamentos repressivos» por parte das chefias devido à precariedade dos seus vínculos, estes trabalhadores continuam a ser discriminados em relação ao subsídio de refeição, refere o sindicato em documento distribuído.

No que se refere ao pagamento dos subsídios de férias e de Natal, o sindicato lembra que a Lei determina que devem ser pagos por inteiro, antes do gozo de férias e do Natal, o que não ocorre.

O CESP considera que Science4You não pode continuar «a esconder os baixos salários que paga» através do pagamento de subsídios em duodécimos.

Em comunicado, o sindicato informa ainda que a empresa assumiu, em reunião, o compromisso de negociar uma proposta de aumento dos salários, garantindo a diferenciação salarial dos diversos níveis e categorias, e considerando a antiguidade sem discriminações.

Outras questões, relativas à melhoria dos fardamentos e dos equipamentos, bem como à aplicação do plano de contingência no âmbito da Covid-19, foram também tidas em conta pela empresa.

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Considerando que a «política da empresa é baseada em baixos salários», o CESP não estranha «a estagnação salarial e a desvalorização profissional dos trabalhadores, nomeadamente daqueles com mais anos de antiguidade na Science4you». A proposta de «aumento salarial de 90 euros, três euros por dia, para todos os trabalhadores, sem discriminações», foi prontamente recusada pela administração.

Apenas no que toca às condições de segurança e salubridade houve algum assentimento, por parte da entidade empregadora, na introdução de medidas de protecção da saúde e bem-estar dos trabalhadores.

Compromete-se a Science4you a «resolver os impactos nefastos de quem trabalha na sala dos corantes», a «melhorar as condições das casas de banho» e a procurar soluções para «minimizar os impactos físicos na movimentação manual do material com peso excessivo».

No que toca à contratação, a postura geral da empresa mantem-se inalterada, não dando mostras de pretender abandonar o recurso ao trabalho precário, subcontratado.

À exigência do sindicato, «que ao trabalhador de uma agência de trabalho temporário a ocupar um posto de trabalho permanente», desempenhando uma função indispensável ao funcionamento normal e regular da empresa, e que responde «directamente às orientações dadas pela Science4you», devesse ser atribuído um vínculo de trabalho efectivo, foram feitos ouvidos moucos.

No comunicado do CESP, enviado ao AbrilAbril, é ainda referido o protesto deste sindicato face «ao ambiente intimidativo e hostil», dinamizado por uma chefia do armazém da empresa, tendo a Science4you assumido a necessidade de agir para resolver as situações denunciadas. O CESP lembra que todos «os trabalhadores devem continuar a comunicar ao delegado sindical qualquer incumprimento verificado».

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Dia 4 de Novembro, apenas três semanas depois da apresentação deste brinquedo, os trabalhadores da agência de trabalho temporário a que a empresa recorre, «foram "convidados" a assinar uma adenda com data de 1 de Abril, para alterarem o motivo da sua contratação», denuncia o comunicado que o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP) enviou ao AbrilAbril.

No fundo, «o que a empresa Science4You pretende é ter uma justificação para despedir estes trabalhadores». É indispensável que «todos os trabalhadores das empresas de trabalho temporário, que ocupam um posto de trabalho permanente, sejam integrados na empresa com vínculo efectivo», e não dar seguimento à «ilegalidade da justificação patronal» para não pagar o que deve a estes trabalhadores.

Entretanto, ainda se mantém a «obrigatoriedade de os trabalhadores das agências de trabalho temporário continuarem a pagar diariamente a portagem para aceder ao seu local de trabalho», no Mercado Abastecedor da Região de Lisboa (MARL), em Loures, assim como não foi feito nenhum esforço para resolver a maioria das dezenas de queixas levantadas pelos trabalhadores por falta de condições de trabalho.

A Science4You reduziu o valor pago de subsídio de refeição dos 4,27 euros para os 2,80, a todos os trabalhadores com contratos assinados depois do dia 1 de Janeiro de 2021, uma discriminação que vai custar 1,47 euros por dia, 355 euros por ano, a estes trabalhadores.

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O sindicato mantém a exigência de que a todos os que ocupam um posto de trabalho permanente seja atribuído um vínculo de trabalho efectivo, ao mesmo tempo que reivindica medidas de saúde e segurança. Nos postos de trabalho fixos, o CESP exige que sejam colocados à disposição «assentos anatomicamente adaptados aos requisitos do posto de trabalho e à duração do mesmo, tendo em conta o tempo de trabalho em pé». Já quanto às «salas de pó», como naquelas onde são manipulados produtos perigosos, o reivindica a colocação de «dispositivos de captação local de forma a evitar o pó constante no ar que causa náuseas, irritações nos olhos e garganta, tosse ou dificuldade em respirar».

Entre outros aspectos, o sindicato defende a necessidade de vestiários próprios, «próximos das salas de pó» e que permitam aos trabalhadores «mudar e guardar a roupa de uso pessoal que não seja usado durante o trabalho».

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