É mesmo «possível melhorar a vida dos trabalhadores» através dos processos de luta reivindicativa, afirma o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Centro Sul e Regiões Autónomas (SITE CRSA/CGTP-IN), em comunicado enviado ao AbrilAbril.
Os resultados alcançados nestas três empresas da região de Lisboa são prova cabal desse facto. Na Upfield, de Santa Iria de Azóia, empresa que até 2018 fez parte do grupo Fima-Olá, todos os trabalhadores receberam um aumento de 20 euros nos seus salários, assim como a atribuição de quatro dias extra de férias pagas, a juntar aos 25 já em vigor.
A Inter anunciou hoje a realização de uma manifestação nacional em Lisboa, a 7 de Julho, após mais de um mês de luta pelo desagravamento das condições de vida, pelo aumento dos salários e das pensões. A manifestação, que decorrerá entre o Marquês de Pombal e a Assembleia da República, conclui a Acção de Luta Nacional, que decorre desde 27 de Março, sob o lema «Pelo aumento dos salários e pensões! Contra o aumento do custo de vida e o ataque aos direitos». Nesse dia, em que foi votado o Orçamento do Estado para 2022, a Intersindical realizou uma concentração na Assembleia da República, dando assim início a uma acção nacional que se desenvolve ao longo do mês de Junho, com concentrações, desfiles e manifestações, plenários e greves em vários sectores em empresas. A Docapesca, a Transtejo, a Soflusa, a CP e os CTT são algumas das empresas com acções de luta marcadas. Hoje, estão em greve os trabalhadores da Worten da Azambuja, da Eurest, concretamente das cantinas das escolas do primeiro ciclo, e da PREH. Também hoje, os trabalhadores da CP arrancaram com uma greve ao trabalho extraordinário, em dia de descanso e a partir da oitava hora. Face ao brutal aumento dos preços de bens e serviços, a central sindical exige medidas imediatas para a reposição do poder de compra. Numa conferência de imprensa ao final desta manhã, onde anunciou a manifestação nacional de 7 de Julho, Isabel Camarinha evidenciou a necessidade de se adoptarem medidas capazes de travar a especulação que impulsiona muitas das subidas dos preços, exigindo o aumento do poder de compra dos trabalhadores, reformados e pensionistas. A dirigente salientou que o momento que atravessamos, ainda sob os efeitos da pandemia e de «todo o aproveitamento» por parte dos grandes grupos económicos, mas também da guerra e das sanções, leva a um agravamento das desigualdades no nosso país, «fruto de décadas de políticas que levaram a este modelo de baixos salários, precariedade, horários longos e desregulados», e de desinvestimento nas funções sociais do Estado e na produção nacional. E que, acrescentou Isabel Camarinha, afecta «de forma violenta os trabalhadores, os reformados e as camadas mais desfavorecidas da população». Para a CGTP-IN, o aumento dos salários e das pensões é uma «emergência nacional», tal como a reposição de direitos laborais, matéria em que o Governo do PS mantém a opção de não dar resposta. Esta quinta-feira, foi aprovada em Conselho de Ministros uma proposta de lei que integra as alterações à legislação laboral identificadas na chamada Agenda do Trabalho Digno, em consonância, muitas delas, com o que foram as reivindicações dos patrões. Neste sentido, o Executivo de António Costa adia para o acordo de rendimentos, que se prevê finalizado em Outubro, o reforço do pagamento suplementar a partir da 120 horas anuais, optando por manter a caducidade da contratação colectiva, agravada em 2019 pela pela mão de PS, PSD e CDS-PP, através da possibilidade de uma associação patronal poder deliberar a sua extinção e assim desvincular as empresas do contrato colectivo e dos direitos aí contidos. O Governo escuda-se na arbitragem que pode ser requerida pelas partes, sendo que este passo é posterior ao da caducidade e só joga a favor dos patrões. Ao AbrilAbril, Ana Pires, da Comissão Executiva da CGTP-IN, lamenta que matérias como a redução do horário de trabalho e o fim dos vínculos precários não constem do documento que será apreciado pela Assembleia da República, onde se propõe que a renovação dos contratos de trabalho temporário não vá além das quatro renovações. Entre as medidas paliativas apresentadas pelo Governo, que tornam evidente a falta de vontade em erradicar a precariedade, está a do impedimento «temporário» das empresas recorrerem a outsourcing após um despedimento colectivo ou por extinção do posto de trabalho. A esta junta-se, por exemplo, «prever a introdução de um requisito de uma percentagem dos trabalhadores das empresas de trabalho temporário terem vínculos mais estáveis». Igualmente negativo, no entender de Ana Pires, é o facto de a Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) deixar de poder suspender despedimentos com indícios de ilicitude, ficando reservada ao papel de notificar o empregador «para regularizar a situação ou, na sua falta, participar os factos aos serviços do Ministério Público». Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Trabalho|
CGTP-IN: Manifestação a 7 de Julho por uma vida digna
Opções do Governo aquém dos interesses dos trabalhadores
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«Ficou ainda garantido o pagamento do trabalho extraordinário, a 200%, aos sábados, domingos e feriados, em Maio e Junho, e de um apoio extraordinário à licença inicial parental e aos dias de nojo», por falecimento de um familiar.
Na Iberol, em Alhandra, «os trabalhadores conseguiram um aumento salarial de 20 euros e a garantia de que o salário de entrada passa para 975 euros». Para além desse importante aumento salarial foi «alcançado um pagamento de 250 euros pelo nascimento de cada filho, bem como uma dispensa de meio dia no aniversário de cada trabalhador».
No que toca à Plasman (antiga DURA Automotive Portuguesa), sediada no Carregado, nem as dúvidas sobre o futuro da empresa abrandaram a luta dos trabalhadores e do SITE CRSA: O fortalecimento da acção reivindicativa «permitiu um aumento salarial de 2,5%, com um mínimo de 25 euros, e assegurou um salário de entrada de 725 euros», sendo também atribuído um pagamento mensal de 17 euros mensais por filho e um aumento no subsídio de refeição de um euro.
«A união dos trabalhadores foi determinante para ultrapassar muitas dúvidas e vários imprevistos». Sem a sua participação teria sido impossível conseguir um aumento dos salários e a melhoria dos direitos, afirma o sindicato.
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