|Festa do Avante!

Cinema atento ao mundo

O CineAvante! mantém-se ao ar livre, com a opção de um cinema para todos, incluindo as crianças, atento ao mundo e aos filmes produzidos em Portugal que reflectem sobre a realidade do País.

«Alcindo», de Miguel Dores
Créditos

Na edição deste ano da Festa do «Avante!», o CineAvante! mantém-se ao ar livre, junto ao lago da Quinta do Cabo. Continuando o trabalho dos anos anteriores, a programação opta por um cinema atento ao mundo, à sociedade, à política, à história, à imaginação, e destaca filmes produzidos em Portugal que reflectem sobre a realidade e conjuntura do país.

Na sexta-feira à noite, dia 2, às 21h, o CineAvante! abre com a curta O Jovem Cunhal (2022) de João Botelho. O filme evoca a memória de Álvaro Cunhal, histórico dirigente do Partido Comunista Português, o seu percurso político, a sua formação ideológica, na luta contra a ditadura fascista e pela liberdade e democracia em Portugal. Este trajecto é entrecortado com excertos encenados da sua produção literária, salientando a ligação inapagável entre a cultura e o contexto histórico-social. O realizador estará presente para apresentar a obra. Esta e outras apresentações permitem aprofundar o conhecimento sobre os filmes e valorizam o trabalho de artistas e outros trabalhadores da cultura envolvidos na criação cinematográfica.

«O Jovem Cunhal», de João Botelho

No fim da tarde de sábado, dia 3, às 19h30, serão exibidas três curtas que cobrem temas como a vivência da desertificação e do abandono, a solidão no Interior português consumido pelas chamas, e a emigração para França durante a ditadura: O Que Resta (2021) de Daniel Soares, As Sacrificadas (2021) de Aurélie Oliveira Pernet, e O Homem do Lixo (2022) de Laura Gonçalves. O realizador Daniel Soares apresentará o primeiro. A realizadora Aurélie Oliveira Pernet e Pedro Fernandes Duarte, um dos produtores, comentarão a segunda. A ilustradora Patrícia Guimarães falará sobre a terceira.

A ante-estreia de Territórios Ocupados (2022) de José Vieira fecha as exibições de sábado, às 21h30. O tema desta longa documental é a história popular dos baldios no concelho de Vouzela. As pessoas falam da sua existência após a violenta ocupação e florestação dos seus terrenos comunitários em 1941, com os poderes públicos fascistas a favorecerem os grandes interesses privados cooperativos. A miséria e a emigração, a resistência à expropriação, marcaram a vida do povo das serras do Caramulo. O filme será apresentado por Manuel Rodrigues, membro da Comissão Política do Comité Central do PCP e director do jornal Avante!

Ao fim da tarde de domingo, dia 4, às 19h30, serão mostrados Alcindo (2021) de Miguel Dores e Mistida (2021) de Falcão Nhaga, uma longa documental e uma curta ficcional que abordam o presente português ainda marcado pelo racismo, que por vezes toma formas muito violentas, e por indícios da herança do passado colonial, que marcam a vida as comunidades vindas das ex-colónias e os seus descendentes. O realizador Miguel Dores e Pedro Santarém, dirigente da Frente Anti-Racista, tecerão comentários sobre Alcindo. O cineasta Falcão Nhaga e o argumentista Pedro Cabral falarão sobre Mistida.

«Territórios Ocupados», de José Vieira

O sábado e o domingo oferecem a habitual «Monstrinha na Festa» a partir das 11h, com uma variada selecção de filmes de animação curtos feita pela Monstra – Festival de Animação de Lisboa e dirigida ao público infantil. Ambas as sessões terão apresentação de Tiago Galrito.

Nesta festa das crianças, a primeira mostra, no sábado, inclui: Carpinteiro de Papel (2021) de Renata Bueno e Daniel Medina (Portugal), O Segredo do Sr. Nostoc (2021) de Patrice Seiler e Maxime Marion (França), Uma Pedra no Sapato (2020) de Eric Montchaud (França), O Meu Nome é Medo (2021) de Eliza Płocieniak-Alvarez (Alemanha), URSA - A Canção das Luzes do Norte (2021) de Natalia Malykhina (Noruega), e Faminta (2021) de Raphaëlle Martinez (França).

A segunda exibição, no domingo, é composta por: O Meu Amigo Tigre (2021) de Tatiana Kiseleva (Rússia), Ensaio da Orquestra (2021) de Tatiana Okruzhnova (Rússia), Quem Leva a Trela? (2021) de Stepan Koval (Ucrânia), Retrospetiva 2020 (2021) de Rosa Beiroa, Alita Serra, e Tomfoolery (Reino Unido), Cabeça Perdida (2021) de Isabelle Favez (Suíça), O Pequeno-Almoço do Caracol (2021) de Eugeniy Fadeyev (Rússia), Cobertor Esquisito (2019) de Kolja Saksida (Eslovénia), e Gatração (2021) de Valiantsina Tsedzik e Anastasia Rodionova (Rússia).

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