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Confronto com as utópicas arquiteturas construídas

Exposições «Do Sótão» em Faro, 50 anos do Ar.Co no MNAC em Lisboa e «Múltiplo De Múltiplo» de Pedro Gomes em Sines, e inscrições na Bienal do Avante!, Jov'Art Bienal de Loures e Prémio Aesthetica.

Obra de Francisco Tropa «Che Vuoi», 2022 (pormenor). Exposição coletiva «I-II-III-IV-V cinco décadas do Ar.Co - Centro de Arte e Comunicação Visual» no Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado, até 28 de maio
Créditos / Francisco Tropa

A associação Artadentro de Faro comemora os 20 anos de atividade (2003/2023) com a exposição coletiva «Do Sótão» no Museu Municipal de Faro1, até 4 de junho, onde se apresentam obras de pintura de acervo e coleções particulares dos artistas: Ana André, Arlindo Silva, João Queiroz, Juliano Gomes, Paulo Brighenti e Vasco Vidigal.

«A Artadentro nasce em Faro em 2003, com a realização de uma residência artística de Thierry Simões e Mariana Ramos, e inaugurou a primeira exposição com desenhos de Manuel Baptista. Desde então, foram apresentadas cerca de uma centena de exposições; envolvendo quatro centenas de autores de várias nacionalidades, na maioria artistas visuais; incluindo projetos musicais, de arte-rádio, vídeo e cinema, performance, workshops, atividade editorial, intercâmbios artísticos e a colaboração com diversas entidades e autores nacionais e estrangeiros», assim é apresentada esta associação no texto da exposição. 

Quanto às propostas artísticas que podemos ver nesta exposição Ana André (Faro, 1969) desenvolve o seu trabalho explorando a luz através da pintura e desenho e também utiliza outros suportes como a fotografia, o som e o vídeo e Arlindo Silva (Figueira da Foz,1974), segundo Marco Mendes, «…atinge aquilo a que se poderia chamar a “sua verdade”. Uma verdade construída, primeiro pelos atores das cenas que dão origem aos quadros, depois por ele próprio, no momento em que seleciona, sequencia e recompõe as fotografias que tirou».

Obra de pintura de Ana André. Exposição coletiva «Do Sótão» no Museu Municipal de Faro, até 4 de junho Créditos

João Queiroz (Lisboa em 1957) «trabalha frequentemente em plena natureza, perante o motivo sempre em mutação, beneficiando da grande variedade de relações entre os elementos naturais … a partir das quais constrói o quadro», assim é referido por Vasco Vidigal. Se Juliano Gomes (Luanda, 1968) considera que a imagem é apenas o ponto de partida onde «…projeto a possibilidade de uma pintura», já Paulo Brighenti procura levar o seu trabalho a novas fronteiras, estendendo «o meio da pintura para outros, como a escultura e o vídeo, criando obras e exposições que envolvem e confrontam o espetador, questionando ao mesmo tempo as tradições pictóricas e sua validade nos tempos de hoje» e por fim Vasco Vidigal (Lisboa, 1958), desenvolve as suas ideias em várias técnicas artísticas, e, quando interrogado qual a sua mensagem, assume que os seus trabalhos funcionam como «uma auto aprendizagem» e «quanto muito podem suscitar interrogação». 

O Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado2 apresenta a exposição «I-II-III-IV-V cinco décadas do Ar.Co - Centro de Arte e Comunicação Visual», que pode ser visitada até 28 de maio. A exposição reúne cerca de 60 obras de desenho, fotografia, pintura, escultura, cerâmica, instalação, joalharia, artes gráficas e vídeo e dá início às comemorações dos 50 anos do Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual. A exposição integra peças da Coleção de Artes do Ar.Co selecionadas por personalidades convidadas, trabalhos de artistas escolhidos para realizarem intervenções originais de sua autoria, uma instalação documental sobre os 50 anos da escola com curadoria do artista Diogo Pinto e letra original e design de texto do tipógrafo-designer Jorge dos Reis. Ana Hatherly, Bruno Pacheco, Fernando Calhau, Francisco Tropa, Gonçalo Pena, Helena Almeida, João Onofre, Jorge Molder, Lourdes Castro, Pedro Barateiro, Rui Chafes e Susanne S. D. Themlitz, são alguns dos artistas com obras presentes na exposição.

O Ar.Co nasceu em 1973 como escola de arte independente dedicada à experimentação, à formação e à divulgação das artes, ofícios e disciplinas da comunicação visual, tendo como principais áreas de formação: Desenho, Pintura, Fotografia, Joalharia, Cerâmica, Gravura/Serigrafia, Ilustração/Banda Desenhada, Cinema/Imagem em movimento e História e Teoria da Arte. A Coleção de Artes do Ar.Co reúne atualmente perto de 800 peças em diversas  áreas artísticas representando mais de 230 artistas nacionais e internacionais. 

A Exposição «Múltiplo De Múltiplo», de Pedro Gomes vai estar no Centro de Artes de Sines3 até 11 de junho. A exposição de Pedro Gomes (Nampula, Moçambique, 1972), com curadoria de Hugo Dinis, é um projeto que integra grandes instalações de desenho que se relacionam com o espaço museológico, refletindo sobre a problemática em torno das disciplinas de Arte e Arquitetura. 

Exposição «Múltiplo De Múltiplo» de Pedro Gomes no Centro de Artes de Sines, até 11 de junho Créditos

A relação entre Arte e Arquitetura, «muitas vezes em harmonia, outras vezes em conflito, torna-se um campo de experimentação artística muito estimulante. O artista Pedro Gomes, que desenvolve o seu trabalho na área do desenho, tem vindo a indagar os dispositivos museográficos e as suas consequências na visibilidade das imagens e da arquitetura. (...) O ponto de partida para o trabalho artístico a desenvolver foram as relações entre os dispositivos museográficos e as edificações arquitetónicas que os albergam. Neste sentido, questionando os modelos dos salões do fim do século XIX e o cubo branco a partir dos anos 60, entre outros, o artista confronta as utópicas arquiteturas construídas», sendo estas as premissas artísticas apresentadas no texto de sala da exposição.  

A Bienal de Artes Plásticas da Festa do Avante! volta em 2023, com a sua 23.ª edição. A Bienal do Avante tem contado com a participação de muitos dos artistas de maior destaque nacional, que convivem em paralelo com novas vozes, que aí encontram, tantas vezes, o seu primeiro grande espaço de abertura. A Bienal de Artes Plásticas tem um compromisso de combate a conceções elitistas na cultura e nas artes e conceitos dominantes de «artistas» e «públicos», contribuindo, ao invés, para a construção de um povo cultural e politicamente emancipado. É, por isso, um espaço de abertura, de diversidade, de afirmação, de combate e de construção, através das diferentes linguagens e tendências artísticas, de democratização e pluralidade na experimentação das artes da cultura e da vida. As obras vão estar expostas nos dias da Festa do Avante!, dias 1, 2 e 3 de setembro de 2023 na Quinta da Atalaia, no Seixal. No concurso podem participar todos os artistas e é aberto a todas as linguagens artísticas consideradas hoje património das artes plásticas. Pode consultar o Regulamento do Concurso e inscrever-se através do Formulário, até 31 de maio de 2023.

Inscrições na Bienal da Festa do Avante!, Jov´Art Bienal de Loures e Prémio de Arte Aesthetica, até 31 maio

Jov'arte - Bienal Jovem 2021 - Loures é um concurso bienal de promoção da criação cultural e de valorização dos jovens criadores, em que as obras serão selecionadas e apresentadas numa exposição e as três melhores obras são premiadas. O vencedor é ainda convidado a expor esse e outros trabalhos num espaço municipal. No concurso são aceites obras de pintura, fotografia, desenho, escultura, cerâmica, instalação, vídeo, entre outras) e é destinado a jovens entre os 18 e os 35 anos. Pode consultar as normas de participação e fazer a sua inscriçãoaté 31 de maio de 2023.

O Prémio de Arte Aesthetica (Aesthetica Art Prize), lançado em 2007, pela Revista Aesthetica (Aesthetica Magazine) visa apoiar a futura geração de talentos nos novos media visuais. Procura incentivar profissionais emergentes e/ou já estabelecidos a enviar peças sobre qualquer tema, comemorando trabalhos inovadores de diversos meios de comunicação, nos vários media, incluindo Pintura e Desenho; Vídeo, Instalação e Desempenho; Fotografia, Arte Digital e Instalação; Filme de artistas e muito mais. Normas de participação e inscrição, até 31 de agosto de 2023.


O autor escreve ao abrigo do Acordo Ortográfico de 1990 (AO90)

  • 1.  Museu Municipal de Faro - Praça Dom Afonso III 14, 8000-149 Faro. Horário: terça a sexta, das 10h às 17h30 / sábados e domingos, das 10h30 às 16h30
  • 2. MNAC-Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado - Rua Serpa Pinto, 4 e Rua Capelo, 13 1200-444 Lisboa. Horário: terça a sexta, das 10h às 13h e das 14h às 18h. Fins de semana e feriados: 10h às 14h e das 15h às 18h
  • 3. Centro de Artes de Sines - Rua Cândido dos Reis 7520-177 Sines. Horário: segunda a sábado, 12h-18h

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