A Academia Sueca, que desde 1901 atribui um Prémio Nobel a escritores que tenham produzido, de acordo com o testamento de Alfred Nobel, «a obra [literária] mais notável», decidiu, em 2023, premiar Jon Fosse, autor norueguês que «combina laços locais fortes, tanto linguísticos como geográficos, com técnicas artísticas modernistas».
No comunicado divulgado hoje, 5 de Outubro, sobre o dramaturgo, romancista e poeta norueguês, Anders Olsson, Presidente do Comité do Nobel, escreve que «embora Fosse partilhe a perspectiva negativa dos seus antecessores, não se pode dizer que a sua visão gnóstica particular resulte num desprezo niilista do mundo. Na verdade, há um grande calor e humor no seu trabalho, e uma vulnerabilidade ingénua nas suas imagens cruas da experiência humana».
O autor tornou-se pelo seu estilo muito próprio, conhecido como Minimalismo Fosse. A forma que aplica à sua literatura acrescenta «uma sensação de trepidação e uma poderosa ambivalência» à palavra escrita. «Esta ambivalência aparece mais tarde na sua obra dramática, na qual é capaz de utilizar as pausas e as interrupções para exprimir esta incerteza - e, além disso, carregá-las de emoção».
A obra de Jon Fosse, escrita em Nynorsk [a língua nova norueguesa, falada por cerca de 10% da população] abrange uma variedade de géneros, desde peças de teatro, romances e colecções de poesia a ensaios, livros infantis e traduções». O prémio ressalva a forma como as «suas peças de teatro e prosa inovadoras dão voz ao indizível».
Em Portugal foram já editadas várias das suas obras, tanto pela editora Cotovia (que encerrou portas em 2020) e a editora Cavalo de Ferro, que tem vindo a publicar os seus romances, como é o caso de Trilogia (2022) e Septologia I-II (2022). Desde 2000, a companhia Artistas Unidos tem encenado várias das suas peças, a começar com Vai Vir Alguém, levada ao palco por Solveig Nordlund.
Em entrevista à revista Visão, Jon Fosse salienta a proximidade «muito forte» com a cidade de Lisboa e as «muito boas memórias» com que ficou do seu trabalho com Jorge Silva Melo, fundador da Artistas Unidos falecido em 2022.
A companhia apresentou recentemente uma versão radiofónica, na Antena 2, da peça de Fosse Vento Forte; estando agendada para o próximo ano, a 14 de Março, no Teatro da Politécnica, a estreia de Foi Assim. Estes textos serão agora publicados na colecção Livrinhos de Teatro, da Artistas Unidos e da Snob Editora.
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