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Acções de terrorismo aumentam na Nicarágua

A onda de violência está a ser alimentada por «grupos políticos da oposição com agendas específicas», acusa o governo sandinista. Na sexta-feira, as instalações da Radio Nicaragua foram incendiadas.

Um grupo de 40 indivíduos encapuzados atacou e incendiou as instalações da Radio Nicaragua
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Em El Jiracal, no departamento de León, um grupo de encapuzados atacou a esquadra local, este sábado, com armas de fogo e morteiros, tendo sequestrado três agentes. De acordo com fontes policiais, a que a Prensa Latina faz referência, o ataque provocou ainda danos no edifício e o grupo violento conseguiu roubar um veículo de patrulha.

Na capital do país, Manágua, um grupo de indivíduos armados a circular em motocicletas assediou as instalações do Hospital Fernando Vélez Paiz. No dia anterior, sexta-feira, um outro grupo, «integrado por não menos de 40 indivíduos encapuzados», incendiou as instalações da Radio Nicaragua, que foi atacada com disparos, morteiros e bombas de fabrico caseiro.

A TeleSur indica que o segurança de serviço e um locutor foram obrigados a abandonar o local sob ameaça, e meios de comunicação locais sublinham que o ataque foi levado a cabo por elementos que operam na zona da Universidade Autónoma da Nicarágua (Manágua), que participam na onda de violência desde que esta começou a tomar corpo, em meados de Abril.

Entretanto, a Polícia revelou que, nas últimas 48 horas, duas pessoas morreram nas barricadas que os grupos violentos mantêm instaladas nas ruas do país, nas quais ameaçam os transeuntes, cobram «portagens», provocam danos a viaturas e impedem a livre circulação de pessoas e bens – o que constitui uma violação a direitos consagrados na Constituição do país.

Semana de acções terrorismo

A Polícia nicaraguense tem chamado a atenção para a participação do «crime organizado» e de «delinquentes» pagos pela oposição nos ataques a instituições públicas e privadas, e tem caracterizado algumas das acções violentas como «terrorismo».

Granada, uma cidade cujo património histórico atrai grande número de turistas, tem sido alvo desses ataques desde meados de Abril. Na semana passada, grupos de indivíduos encapuzados incendiaram o edifício da Câmara Municipal e atacaram a zona do Parque Central, onde estão localizadas algumas das edificações com maior interesse cultural, tendo saqueado lojas e agredido transeuntes.

A cidade de Masaya, localizada cerca de 25 quilómetros a sul de Manágua, conhece a violência de «grupos de delinquentes» ao serviço da oposição de direita – como o governo nicaraguense os qualifica – há mais de 40 dias.

Esta semana, esses grupos incendiaram instituições públicas e saquearam lojas comerciais, tendo ainda invadido, armados com morteiros e armas brancas, o Hospital Humberto Alvarado, onde ameaçaram e intimidaram pacientes e trabalhadores, com a desculpa de que andavam à procura de polícias de intervenção, segundo denunciou o Ministério da Saúde.

Parecem os das guarimbas...

A onda de protestos violentos teve início a 18 de Abril, visando alegadamente a reforma da Segurança Social aprovada pelo governo. Esta foi revogada poucos dias depois, mas as exigências da oposição e a violência nas ruas não diminuíram, levando o governo de Daniel Ortega, que tem insistido no diálogo como via para solucionar a «crise», a denunciar os propósitos políticos subjacentes ao «caos nas ruas».

A Comissão da Verdade, Justiça e Paz contabilizou, até 29 de Maio, 85 mortos e 997 feridos no contexto desta onda de violência – «todos sujeitos a investigação e verificação», refere a Prensa Latina.

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