«De cada vez que a aldeia é demolida, com o pretexto da construção ilegal, os seus residentes palestinianos regressam e reconstroem as suas casas, num claro desafio à tentativa israelita de os desalojar da terra em que vivem há décadas», afirma a agência WAFA.
Esta manhã, militares israelitas entraram na localidade e retiraram de lá à força os seus habitantes, na maioria mulheres e crianças. Posteriormente, as escavadoras deitaram abaixo as habitações construídas com madeira, plástico e folha de zinco.
Em al-Araqib, vivem 22 famílias – cerca de 800 pessoas –, que se dedicam à agricultura e à criação de gado, refere a WAFA.
Em Maio de 2018, quando a aldeia foi demolida pela 143.ª vez, a Quds Press destacou que os palestinianos ali residentes eram duramente multados por Israel, que lhes imputa os custos dos processos de demolição. Mas nem isso lhes tirava a determinação de permanecer na aldeia, insistindo que «continuarão a reconstruí-la».
Aldeias «não reconhecidas» no Neguev
Estas demolições levadas a cabo sucessivamente por Israel visam forçar a população beduína a mudar-se para zonas designadas pelo governo israelita. No deserto do Neguev (Naqab, em arábe), naquilo que é hoje o Sul de Israel, vivem cerca de 240 mil beduínos, na sua grande maioria em aldeias «não reconhecidas» pelo Estado sionista.
Com o pretexto de que a aldeia está construída em terra que é «propriedade estatal» israelita, al-Araqib, na região do Negev, foi demolida esta quarta-feira pela 130.ª vez desde Julho de 2010. A aldeia foi invadida, ontem de manhã, por viaturas militares israelitas e o Exército forçou os habitantes a saírem das suas tendas e barracas, deixando-os sem abrigo, antes de as escavadoras demolirem todas as estruturas habitacionais e agrícolas, refere a agência Ma'an. «As autoridades israelitas prosseguem a sua agressão contra as pessoas de al-Araqib a fim de as expulsar das suas casas e terras, e procuram todos os meios para judaizar a área», declarou Aziz al-Turi, membro do Comité para a Defesa de al-Araqib, citado pelo Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM). Al-Turi acrescentou que, «por mais agressivas e destrutivas que sejam as autoridades israelitas», os habitantes de al-Araqib insistem em ficar nas suas casas e terras, na sua «querida terra natal». Tal como as restantes 34 aldeias beduínas da região do Negev (Sul de Israel), al-Araqib não é «reconhecida» pelo governo de Israel, e os seus habitantes são sujeitos a constantes ameaças de demolições e expulsões, para que ali se desenvolvam projectos de expansão de colonatos judaicos. De acordo com a Ma'an, estas aldeias «não reconhecidas» no deserto do Negev (Naqab, em árabe) foram criadas na sequência da guerra árabe-israelita que se seguiu à fundação do Estado de Israel, um processo marcado pela limpeza étnica e pela expulsão forçada de cerca de 750 mil palestinianos das suas casas. A Associação para a Defesa dos Direitos Civis, em Israel, estima que mais de metade dos 160 mil beduínos residentes no Negev vivam em aldeias «não reconhecidas» pelas autoridades israelitas, indica a agência Wafa. Israel recusa-se a fornecer-lhes serviços básicos, como água e electricidade, e exclui-as dos serviços de saúde e educação. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Aldeia beduína no Negev demolida pela 130.ª vez por Israel
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As aldeias com este estatuto «desaparecem» dos mapas oficiais, sendo que os seus habitantes não têm morada e vivem sob a ameaça constante de expulsação e de verem as suas casas demolidas.
As autoridades israelitas, que não lhes reconhecem os seus direitos sobre a terra e os consideram «ocupantes» em «terras estatais», não lhes fornecem serviços básicos como água e electricidade, e excluem-nos do acesso a serviços de saúde e educação.
Estas aldeias «não reconhecidas» foram criadas no Neguev pouco depois da criação do Estado de Israel, no âmbito da qual cerca de 750 mil palestinianos foram expulsos de suas casas e se tornaram refugiados, indica a agência Ma'an.
Muitos dos beduínos foram transferidos à força para as aldeias de onde os querem expulsar agora, no período de 17 anos em que os palestinianos que permaneceram em Israel estiveram sob regime militar. Este regime terminou pouco antes de, em 1967, Israel ocupar militarmente a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental.
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