Perante a recusa do Senado em acatar o prazo de uma semana para aprovar as promoções das patentes militares, o ministro do Interior, Arturo Murillo, ameaçou os legisladores com a prisão.
Um grupo de militares, liderados pelo chefe das Forças Armadas da Bolívia, general Carlos Orellana, entrou no passado dia 21 pelo Congresso adentro e entregou uma carta-ultimato, nos termos da qual o Senado tem uma semana para aprovar «sem mudanças» a lista de promoções apresentada.
Como os legisladores – na sua maioria pertencentes ao Movimento para o Socialismo (MAS) – não se deixaram intimidar, o ministro Murillo foi muito explícito, tendo referido que «está a ser cometido um crime grave», pois os senadores «apenas têm de aprovar as promoções, não têm de rever nada, unicamente aprovar».
Os legisladores «devem saber que podem ser indiciados por incumprimento de funções e que há prisão», disse. «Cuidado, que os deputados e senadores não têm imunidade diplomática; amanhã podem estar na prisão e dizem que é perseguição política», acrescentou.
A ameaça foi repudiada pela presidente do Senado, Eva Copa, que disse que o Congresso levará o tempo que for necessário para tomar uma decisão sobre a lista de promoções apresentada pelos militares em conluio com o governo golpista da autoproclamada Jeanine Áñez, informa a Prensa Latina.
Ainda chegou a ser noticiado que Áñez ia aprovar as promoções por «decreto supremo», numa clara violação da Constituição, mas tal não se veio a concretizar. Em todo o caso, Copa alertou nos últimos dias para a possibilidade de um «auto-golpe» no país andino, que teria como objectivo encerrar o Congresso, num contexto em que o governo golpista está a ser atacado por escândalos de corrupção.
Por seu lado, o senador Omar Paul Aguilar (MAS) lembrou que, de acordo com a Constituição da Bolívia, as promoções nas Forças Armadas têm de ser debatidas pelo Senado, que tem o poder de aprovar ou rejeitar o que é proposto pelas chefias.
Em declarações à TeleSur, Paul Aguilar sublinhou que estas promoções – na verdade propostas pelo governo de Áñez – visam garantir a impunidade dos militares, tendo em conta as investigações sobre os massacres que tiveram lugar em Sacaba, Ovejuyo e Senkata, na sequência do golpe de Estado consumado em Novembro de 2019.
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