Arábia Saudita reeleita para o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas

A Assembleia Geral das Nações Unidas elegeu, ontem, 14 membros para o seu Conselho de Direitos Humanos (CDH). A Arábia Saudita foi reeleita; a Rússia ficou de fora.

Imagem do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, em Genebra (Suíça)
Créditosun.org

Os 14 países agora eleitos cumprem um mandato de três anos, com início em 2017. No total, o CDH das Nações Unidas é composto por 47 países: quinze terminam o mandato no final de 2017 e 18 no final do ano seguinte.

A Arábia Saudita foi reeleita como membro do grupo Ásia-Pacífico, apesar das fortes críticas a que o país tem sido sujeito precisamente pelo seu desempenho na área dos direitos humanos, tanto a nível interno como externo.

Diversos grupos de defesa dos direitos humanos fizeram uma intensa campanha contra a reeleição do país do Médio Oriente, com base no elevado número de execuções e outras violações de direitos a nível nacional, e também centrada nas atrocidades que a Arábia Saudita e a coligação por ela liderada têm cometido no Iémen, desde o início da feroz ofensiva contra este país, em Março de 2015. Mas a campanha não teve sucesso.

Em Junho deste ano, as Nações Unidas chegaram a colocar a Arábia Saudita numa «lista negra», acusando-a de ser responsável pela morte de centenas de crianças no Iémen. Mas foi firmeza de pouca dura. Depois das ameaças de cortes de fundos a vários programas da ONU, o reino árabe, que é tido como um dos grandes patrocinadores do terrorismo takfiri no Médio Oriente, viu-se livre de amarras em poucos dias.

Contra a Rússia, maiores hipóteses

A RT estima que mais de 80 organizações não governamentais (ONG) tenham feito pressão sobre as Nações Unidas no sentido de que a Rússia deixasse de fazer parte do CDH. Se o fizeram, conseguiram-no, alegando «crimes de guerra» cometidos pelos russos na sua campanha para recuperar a cidade de Alepo, na Síria – país onde as forças militares russas intervêm, recorde-se, a pedido do Governo legítimo do país; ao contrário das forças militares de outros países.

Os que vêem como normal o facto de a Arábia Saudita incorporar este organismo das Nações Unidas, cuja função é «a promoção e a protecção de todos os seres humanos em todo o mundo», por certo pouco se espantam com a presença de países como os EUA, o Reino Unido e a França – principais instigadores da campanha que, em 2011, levaria à destruição da Líbia; os primeiros, de forma assumida, fortes aliados dos sauditas na campanha do Iémen; promotores do neocolonialismo e agentes da desestabilização no mundo (basta pensar na Síria).

Ontem, 112 países votaram na Rússia, que concorria à eleição integrada no grupo da Europa de leste. Foram eleitas a Croácia, com 114 votos, e a Hungria, com 144.

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