Três anos após a invasão da Ucrânia pela Rússia, a Assembleia Geral da ONU aprovou duas resoluções concorrentes sobre a resolução do conflito na segunda-feira, uma apresentada pelos Estados Unidos e a outra pela Ucrânia.
Tal como se pode ler no site da ONU, em causa está «um sinal de diferenças estratégicas dentro da aliança transatlântica sobre o caminho a seguir para a paz», algo visível no mais recente volte-face da postura norte-americana relativamente à guerra que, na salvaguarda dos próprios interesses, ilustra bem o quadro de contradições e instrumentalização que o povo ucraniano está a ser alvo.
A primeira resolução com o título «Promover uma paz abrangente, justa e duradoura na Ucrânia» foi apresentada pelo país invadido e contou, naturalmente, com o apoio dos seus aliados. Em 10 pontos, o documento pedia o fim da «guerra este ano e de redobrar os esforços diplomáticos para reduzir os riscos de uma nova escalada e alcançar uma paz abrangente, justa e duradoura na Ucrânia, em conformidade com a Carta, incluindo os seus princípios da igualdade soberana e da integridade territorial dos Estados».
O corpo da resolução não traduz as ambições da União Europeia, assumidas ainda ontem por Ursula Von der Leyen que, a caminho de Kiev, prometeu apresentar «muito em breve» um plano abrangente sobre o aumento da produção de armamento na UE, do qual a Ucrânia beneficiará, e garantiu que esta receberá uma tranche de 3,5 mil milhões de euros da União Europeia em Março, para reforço na «defesa». Enquanto o texto apresentado nas Nações Unidas fala de paz, a União Europeia prepara-se para intensificar a guerra, estando a imprimir uma narrativa de hostilização.
O documento apresentado pela Ucrânia arrecadou 94 votos a favor, 18 votos contra e 65 abstenções. Com esta votação entende-se que 83 países não acompanham a resolução, ilustrando bem a divisão que existe nas Nações Unidas, algo que não é abordado por grande parte da comunicação social,
Para essa divisão ficar ainda mais evidente, os EUA também apresentaram um documento à votação intitulado «Caminho para a Paz», tendo sido alvo de emendas por parte da Federação Russa e da União Europeia. No ponto relativo ao fim rápido do conflito, a Rússia propôs que fossem adicionadas as «causas profundas» que levaram à guerra, condição necessária para a garantia da paz. Já a UE propôs incluir a terminologia utilizada na resolução ucraniana, uma menção à «integridade territorial» da Ucrânia, e um apelo à paz em conformidade com a Carta da ONU.
A versão dos EUA também foi adotada com 93 votos a favor, oito contra e 73 abstenções, mas os Estados-Membros também votaram para adicionar as emendas da União Europeia com 60 votos a favor, 18 contra e 81 abstenções. Os EUA votaram contra as emendas e abstiveram-se na sua própria resolução. Já relativamente à emenda Russa, a Assembleia Geral não a adoptou, tendo sido esta rejeitada com 31 votos a favor, 71 contra e 59 abstenções.
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