Santiago Maldonado, de 28 anos, deslocou-se para a província de Chubut, na Patagónia argentina, para apoiar a resistência da comunidade Pu Lof (povo Mapuche) ao grupo Benetton. A 1 de Agosto de 2017, forças policiais reprimiram elementos desta comunidade em Cushamen, na sequência de um corte de estrada. Maldonado, natural da província de Buenos Aires, encontrava-se no protesto e foi visto ali com vida pela última vez.
O desaparecimento do jovem solidário com os Mapuche motivou inúmeras denúncias e protestos, a nível nacional e internacional. O corpo de Santiago Maldonado acabaria por aparecer, nas águas geladas do Rio Chubut, 78 dias depois, a 17 de Outubro.
Ontem, milhares de pessoas manifestaram-se na capital do país para exigir justiça e a reabertura do processo judicial. Na Praça de Maio, falou um dos irmãos do falecido, Sergio Maldonado, que dirigiu fortes críticas ao governo argentino, em especial ao presidente, Mauricio Macri, a quem chamou «máximo responsável», pelo seu «silêncio e indiferença».
A outra particular visada foi a ministra da Segurança, Patricia Bullrich, por ser «responsável pelo destino de Santiago» e ter «dado cobertura à impunidade» das forças policiais e a «administradores do Estado», informa o portal infobae.com.
Contra o arquivamento do processo judicial
Em Novembro último, a família Maldonado interpôs um recurso contra a decisão de um juiz federal de arquivar o processo. «Solicitamos a reabertura do processo, que seja realizada uma investigação imparcial e independente das forças do Ministério da Segurança, e o fim da impunidade dos envolvidos no desaparecimento forçado e na morte de Santiago Maldonado», disse a família. Na sua intervenção, Sergio Maldonado acusou o juiz de ceder a pressões políticas.
No palco montado na Praça de Maio, o irmão de Santiago lembrou a existência de vários «buracos» na investigação e na instrução do processo, e falou na destruição de provas. «Foi oportuno para o juiz e para Macri que o corpo de Santiago aparecesse precisamente a 17 de Outubro?», perguntou Sergio, lembrando que, uma semana depois, havia uma audiência da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).
Da mesma forma, acusou as autoridades argentinas de terem encerrado o caso em primeira instância um dia antes do início da cimeira do G20, a 30 de Novembro de 2018. «Perguntou-me se a Justiça é Justiça», frisou.
A apoiar a famíla Maldonado estiveram vários milhares de pessoas, algumas das quais personalidades como Rubén López, filho de Julio López, que foi «vítima da ditadura e desapareceu já em democracia», Nora Cortiñas e Taty Almeida, das Mães da Praça de Maio, bem como dirigentes de partidos políticos de esquerda e de sindicatos.
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