«A agressão brutal da Turquia contra a cidade síria de Afrin não pode ser isolada da política implementada pelo regime turco desde o primeiro dia da crise na Síria, que assenta fundamentalmente no apoio ao terrorismo e a organizações terroristas, independentemente das suas designações», disse Bashar al-Assad num comunicado divulgado este domingo pela agência Sana.
No sábado, o Governo sírio já tinha rejeitado e condenado «a brutal agressão turca contra Afrin» e exigido o fim imediato da operação militar, lançada nesse dia sob a designação «Ramo de Oliveira». Ao mesmo tempo, desmentiu ter sido notificado pela Turquia das incursões aéreas e terrestres no seu território, segundo informou uma fonte do Ministério sírio dos Negócios Estrangeiros citada pela Sana.
Falando ontem num comício em Bursa, na região ocidental do país, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse que a operação militar em Afrin (na província síria de Alepo) irá ser concluída «em pouco tempo», justificando-a com a necessidade de «proteger as fronteiras» turcas de grupos terroristas.
Erdogan referia-se às milícias curdas das Unidades de Protecção Popular (YPG), vistas pelo governo de Ancara como um prolongamento, em território sírio, do braço armado do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que desde meados dos anos 80 luta contra as forças turcas por um Curdistão independente.
EUA apoiam YPG e compreendem Turquia
As YPG integram as chamadas Forças Democráticas Sírias (FDS), que a coligação internacional liderada pelos norte-americanos tem apoiado, alegadamente como meio de combater o Daesh na Síria, mas que se têm revelado uma força opositora ao governo de Damasco.
Sobre a operação «Ramo de Oliveira» em curso, o secretário norte-americano da Defesa, Jim Mattis, disse este domingo à imprensa que a Turquia «foi sincera» e que avisou Washington antes de lançar os seus caças sobre as forças curdas – aliadas dos EUA.
Mattis afirmou ainda que Turquia «é o único país da NATO com uma insurgência activa no interior das suas fronteiras» e que Ancara «tem preocupações legítimas de segurança», indica a agência AFP.
As ditas «preocupações» turcas pareceram aumentar quando, há pouco mais de uma semana, fontes da coligação internacional – que opera ilegalmente na Síria, sem autorização de Damasco e sem um mandato das Nações Unidas – vieram a público revelar que estavam a trabalhar conjuntamente com as FDS para criar uma Força de Segurança Fronteiriça, que, na sua versão final, deverá ser composta por cerca de 30 mil elementos.
O propósito é colocá-los ao longo da fronteira síria com a Turquia e com o Iraque, e, também, ao longo do Vale do Rio Eufrates – a linha que separa as FDS das forças do Exército Árabe Sírio –, protegendo a zona controlada pelos aliados dos norte-americanos, curdos na sua maioria, e promovendo a divisão da Síria. Moscovo e Ancara reagiram de imediato manifestando a sua preocupação.
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