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Camponeses sem-terra em vigília contra despejos no Paraná

Inspiradas na Vigília Lula Livre, famílias sem-terra realizam há mais de uma semana uma acção de denúncia contra as ameaças de despejo por parte do governador do estado paranaense, Ratinho Júnior.

Adair Gonçalves, coordenador do MST e membro destacado da vigília pela justiça no Oeste do Paraná, em frente à sua casa, junto à família
CréditosEdnubia Ghisi / MST

No total, 212 famílias de três comunidades – Resistência Camponesa e Dorcelina Folador, criadas em 1999, e 1.º de Agosto, em 2004 – estão sob ameaça de despejo, correndo o risco de verem destruídas as casas, as explorações agrícolas e demais espaços que construíram ao longo de duas décadas.

Para denunciar as ameaças impostas pelo governo de Ratinho Júnior (Partido Social Democrático; direita), as famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) deram início, no passado dia 28 de Dezembro, a uma mobilização diária em Cascavel, à beira da estrada BR-277, na região ocidental do estado do Paraná (Sul do Brasil).


A Vigília Resistência Camponesa: por Terra, Vida e Dignidade, agora em curso, inspira-se na experiência de mobilização permanente pela liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que decorreu em Curitiba, capital do estado, até porque, informa o Brasil de Fato, entre os agricultores ameaçados de despejo estão dezenas de participantes da Vigília Lula Livre, que recebia brigadas de membros do MST do estado a cada 15 dias.

Um deles é Adair Gonçalves, coordenador do MST, que explica que a mobilização em Cascavel visa denunciar uma injustiça cometida pelo próprio Estado. «O momento é muito difícil para toda a classe trabalhadora, por isso é tempo de fazer vigília permanente. É a forma de tornar a resistência um processo diário e colectivo, que ajuda a alimentar a nossa esperança», afirmou.

Nove despejos e 500 famílias desalojadas em 2019

Em 2019, o governo de Ratinho Júnior executou nove despejos e deixou cerca de 500 famílias camponesas desalojadas, revela o Brasil de Fato. «Fico imaginando como foi o final de ano deles, como foi o Natal», lamentou Adair Gonçalves, sublinhando que não quer isso nem para ele, «nem para os [seus] amigos e vizinhos».

Ao longo dos 19 meses da Vigília Lula Livre, um dos grandes estímulos dos participantes foi a visita de pessoas de «todas as partes do Brasil e do mundo». Por isso, Adair, conhecido como Caio, tem uma noção profunda da importância do apoio e da solidariedade.

Os apoios têm chegado desde o primeiro dia de mobilização no Oeste do estado, quando mais de 300 pessoas participaram da abertura da vigília. Todos os dias, juntam-se às famílias acampadas agricultores assentados na região e amigos vindos da área urbana de Cascavel, além de pessoas de outros municípios e estados brasileiros. Dirigentes políticos, de movimentos sociais e religiosos são também presença frequente no local, refere o Brasil de Fato.

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