O processo em questão procurava apurar a forma como o empresário Bernard Tapie foi indemnizado pelo Estado francês, em 2007, por alegados prejuízos que decorreram da venda da empresa de artigos desportivos Adidas ao banco Crédit Lyonnais. Tapie é um antigo ministro de François Miterrand e amigo do então presidente Nicolas Sarkozy.
O empresário era o principal accionista da Adidas e, depois de se tornar ministro do Urbanismo no governo de François Mitterrand, viu-se obrigado a vender a parte que detinha da empresa. Em 1993, avançou na justiça contra o Crédit Lyonnais, alegando que tinha sido defraudado pelo banco por este ter subavaliado a Adidas.
Christine Lagarde, então ministra das Finanças, fez na altura a opção de recorrer a um tribunal arbitral, em vez de deixar que o processo seguisse nos tribunais comuns. Os juízes ditaram que o Estado francês tinha de pagar 403 milhões de euros a Bernard Tapie. Esta decisão foi anulada no início de 2015, com a justiça civil a considerar que foi uma fraude e determinando a devolução desta quantia ao Estado francês.
Já tinham vindo várias acusações a público afirmando que Nicolas Sarkozy havia pressionado a ministra das Finanças para beneficiar o empresário. Em 2011, o Ministério Público francês acusou Lagarde de escolher uma mediação privada para o caso em vez de recorrer à via judicial, o que teria dado maior neutralidade ao processo.
O advogado de Lagarde já afirmou que irá iniciar o processo de pedido de recurso da decisão judicial e o conselho do FMI vai reunir para analisar as consequências deste desenvolvimento judicial que afecta a sua principal dirigente.
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