A cidade homenageou a figura do pensador e revolucionário alemão erguendo-lhe uma estátua descerrada ontem, dia 5 de Maio de 2018, pelo 200.º aniversário do seu nascimento. Cerca de 200 convidados de honra assistiram à cerimónia, incluindo o Presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, a chefe de governo do estado da Renânia-Palatinado, Malu Dreyer (SPD), a líder do SPD, Andrea Nahles e o vice-ministro do Gabinete de Informação do Conselho de Estado da República Popular da China (RPC), Guo Weimin.
Durante a Guerra Fria a Alemanha Ocidental desestimou a herança de Marx mas, desde a reunificação, e em particularr na última década, o capitalismo desenfreado e o descontentamento que provoca têm renovado interesse pela obra do seu maior crítico. A líder do Partido Social-Democrata (SPD), Andrea Nahles, afirmou que «Marx continuava a ser relevante» e que «deveríamos reler algumas das suas análises, no contexto do presente tempo».
A estátua, em bronze, de largas dimensões, foi criada por Wu Weishan, um dos mais reconhecidos artistas chineses da actualidade, e oferecida à cidade de Trier, mas o presidente da câmara, Wolfram Leibe, rebateu qualquer acusação de que esse poderia ser o motivo para a aceitação da oferta chinesa. «Não há uma única companhia chinesa em Trier. Não temos relações económicas co a China», afirmou Leibe, sublinhando que a decisão da câmara «foi autónoma».
«das ideias de Marx as pessoas aprenderam a liberdade, a emancipação e a independência»
Jean-Claude Juncker, presidente da comissão europeia
«O presente da China é um pilar e uma ponte para a nossa parceria», afirmou Malu Dryer. Por sua vez, o embaixador chinês em Berlin, Shi Mingde, descreveu a estátua como «testemunha do amigável intercâmbio» entre a RPC e a cidade de Trier, afirmando que, com ela, a RPC queria «prestar ao grande Karl Marx o respeito pela sua memória, em nome da China e do povo chinês».
Da RPC, em cerimónia oficial no Grande Palácio do Povo, em Pequim, chegaram as palavras do presidente Xi Jinping, louvando Karl Marx como «o maior pensador dos tempos modernos» e declarando uma «firme convicção» na validade do marxismo.
Uma grande exposição estatal celebra em Trier a vida e a obra de Karl Marx
Mas as palavras que despertaram a crítica da extrema-direita europeia e do congresso norte-americano foram as proferidas por Jean-Claude Juncker, durante a inauguração da «grande exposição» organizada pelo estado da Renânia-Palatinado e pela cidade de Trier.
A exposição, que recebeu o nome de «Karl Marx 1818-1883. Vida. Obra. Tempo», foi o ponto de partida para uma série de eventos, que incluem concertos, leituras públicas e simpósios, animação de ruas (cartazes, semáforos Marx), entre outros. Também a casa onde nasceu Karl Marx, transformada em museu, o qual desde 1968 é gerido pela Fundação Friedrich-Ebert, foi objecto de remodelação e reabriu ao público com uma comovente intervenção da tataraneta de Marx, Jeanne Longuet-Marx. «Para a minha família, Marx não só é o filósofo que mudou o mundo como continua actual para nós», disse, acrescentando que «continuamos a falar de Marx muitas vezes».
O presidente da Comissão Europeia referiu-se a Marx como «um filósofo cujo pensamento se projectou no futuro» e do qual «obras como O Capital ou o Manifesto do Partido Comunista mudaram o mundo e inspiraram as pessoas enormemente», acrescentando: «das ideias de Marx as pessoas aprenderam a liberdade, a emancipação e a independência». Pronunciando-se sobre o legado do filósofo, Juncker disse que «a instabilidade europeia deveria ser combatida com o bem-estar social» e que o mesmo «fora, até agora, uma parte negligenciada da integração europeia».
Karl Marx, um dos criadores do socialismo científico, nasceu em Trier em 1818 e aí viveu até aos 17 anos, quando partiu para prosseguir os seus estudos na Universidade de Bona. Na casa onde nasceu, está instalado o Museu da Casa de Karl Marx, onde uma nova exposição permanente pode ser vista. Três museus promoverão exposições sobre a vida e obra de Karl Marx, até ao próximo dia 21 de Outubro.
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