«Hoje, apercebemo-nos de algumas falhas estruturais muito perturbadoras relativas ao modo como foi abordada a situação da criança», disse esta terça-feira à imprensa o congressista democrata Joaquin Castro, que liderou a delegação que se deslocou a Antelope Wells – um ponto de entrada nos EUA – e ao centro de detenção da Patrulha Fronteiriça em Lordsburg, no estado norte-americano do Novo México, onde a menina guatemalteca esteve detida.
A criança, identificada como Jakelin Caal Maquín, faleceu no passado dia 8 no Hospital de El Paso, no Texas, depois de ter entrado nos EUA dois dias antes, a partir do México, acompanhada pelo seu pai e cerca de 160 outros migrantes.
De acordo com um comunicado emitido pela Patrulha Fronteiriça, quando foi detida, a criança estava há vários dias sem comer e sem beber água. No entanto, o comunicado não esclarece se a criança migrante recebeu alimentos ou cuidados médicos na noite antes de começar a sofrer convulsões, indica a Prensa Latina.
O que ficou claro foi que, na viatura que transportou a criança para o Hospital de El Paso, num percurso de 150 quilómetros, não havia ninguém com capacidades para lhe prestar cuidados médicos, disse Joaquin Castro, acrescentando que, nesse trajecto, a menor apresentou «sintomas físicos graves».
«O problema começou quando o Serviço de Alfândegas e Protecção de Fronteiras dos EUA violou a lei e não notificou o Congresso num prazo de 24 horas de que Jakelin tinha falecido sob sua custódia», disse Castro na conferência de imprensa.
Na mesma ocasião, a delegação denunciou que as instalações do centro de detenção de Lordsburg estão sobrelotadas e que as condições de higiene são deploráveis. Acrescentaram que não existe água corrente e que a comida fornecida é muito deficiente.
Os congressistas referiram ainda que, quando Jakelin Caal teve de receber atendimento, não havia uma cama para que pudesse descansar, pelo que teve de ser colocada em cima de uma mesa, refere a TeleSur.
Unicef tem alertado para situação das crianças migrantes
O bem-estar das crianças que integram as caravanas de migrantes centro-americanos é motivo de preocupação para o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef, na sigla em inglês), que tem instado as autoridades a enfrentar as questões que desencadeiam o movimento migratório.
>O organismo das Nações Unidas tem chamado a atenção para os riscos que correm as crianças integradas nas caravanas de migrantes centro-americanos a caminho dos Estados Unidos, solicitando apoio e protecção para elas.
Num comunicado emitido no final de Novembro, a Unicef destaca que «estas crianças têm acesso limitado a muitos dos serviços essenciais de que necessitam para o seu bem-estar, incluindo alimentação, educação, apoio psico-social e cuidados médicos». Correm, para além disso, «o risco de ser exploradas, maltratadas e traficadas enquanto seguem pelas estradas ou quando estão em acampamentos cheios de gente e centros de descanso na fronteira».
Insistindo nas «condições difíceis» que estes menores enfrentam, ao «fugir da violência, da extorsão, da pobreza e da falta de oportunidades nos seus países de origem», na América Central, a Unicef insta os governos dos países de acolhimento a «manter as famílias unidas» e a recorrer a alternativas à «detenção de imigrantes», considerando que «a detenção e a separação das famílias são experiências profundamente traumáticas».
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