|Palestina

Continua a repressão israelita na Cisjordânia

Demolições promovidas pelas forças armadas israelitas, esta quarta-feira, levaram à deslocação de 11 famílias, compreendendo cerca de 70 pessoas, incluindo 36 crianças.

Criança palestiniana sobre os escombros de um prédio demolido pelo Exército israelita. 3 de Outubro de 2019, Beit Ummar, Cisjordânia ocupada, Palestina
CréditosAbed Al Hashlamoun

Pela primeira vez desde final de Fevereiro, a Administração Civil israelita (órgão das Forças Armadas de Israel para a administração dos territórios palestinianos ocupados), acompanhada pelos militares, voltou esta quarta-feira à aldeia de Humsa Al Bqai'a, no Vale do Jordão, e demoliu 27 estruturas residenciais e de animais, e tanques de água, indica a agência WAFA.

Esta acção levou à deslocação de 11 famílias, compreendendo cerca de 70 pessoas, incluindo 36 crianças, que continuam sob alto risco de transferência forçada, de acordo com um relatório do Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários da ONU (OCHA) no território palestiniano ocupado.

Segundo a organização, a Administração Civil confiscou cestas de alimentos e estruturas desmontadas, deixando a comunidade sem comida e água, bem como todos os pertences pessoais, incluindo alimentos, leite para crianças, roupas, materiais de higiene e brinquedos.

Durante a demolição de ontem, representantes do OCHA e organizações não-governamentais tentaram aceder à comunidade mas foram impedidos pelos militares, argumentando que uma operação militar estava em curso. Finalmente, à noite, estas organizações conseguiram visitar e falar com a comunidade.

Cerca de 11 das estruturas demolidas ou confiscadas tinham sido fornecidas no âmbito da resposta humanitária após outros incidentes de demolição em massa semelhantes que ocorreram em Fevereiro, nos quais 55 estruturas foram demolidas ou confiscadas, disse o OCHA.

Antes da demolição de ontem, as forças israelitas propuseram novamente a transferiência da comunidade para um outro local, o que foi recusado.

A repetida destruição das suas casas e propriedades, incluindo a assistência prestada pelas organizações humanitárias, está a ter um impacto económico, social e traumático devastador na comunidade, especialmente nas crianças, referiu o OCHA.

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ONU: Israel deve parar as demolições na Cisjordânia

A reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre a situação no Médio Oriente pediu a Israel para parar as demolições de casas e expulsões de beduínos das suas terras no vale do Jordão.

As demolições são recorrentes para os 60 mil palestinianos no vale do Jordão, onde 90% das terras foram incluídas na chamada Área C, de controlo exclusivo por israelitas
CréditosMussa Qawasma / Reuters

No seguimento da reunião, a ONU e membros europeus do Conselho de Segurança emitiram uma declaração conjunta em que exigem a Israel que pare as demolições de aldeamentos no distrito de Humsa Al-Baqaia e a expulsão dos beduínos das suas terras, segundo a Al-Jazeera.

Pelo menos 70 pessoas, incluindo 14 crianças, da comunidade beduína de Humsa Al-Baqaia, no vale do rio Jordão, na Cisjordânia ocupada, viram as suas casas destruídas e estão ameaçadas de expulsão por Israel, que pretende anexar as terras onde vivem para a expansão de novos colonatos judaicos.

A pretexto da aplicação do chamado Plano Trump, que não é reconhecido pelos palestinianos nem pela esmagadora maioria da comunidade internacional, os israelitas aplicam têm vindo a acelerar a expansão de colonatos, anexando de facto território palestiniano.

Os subscritores da declaração mostraram-se «profundamente preocupados com as repetidas demolições e confiscações de bens», levadas a cabo pelas autoridades israelitas no vale do Jordão, que desta vez nem pouparam «estruturas financiadas pela União Europeia e outros dadores», e expressaram que Israel deve «permitir acesso humanitário total, livre e sustentado» à comunidade beduína.

A fértil e estratégica faixa de terreno de Humsa al-Baqia, no vale do rio Jordão, entre o lago Tibérias e o Mar Morto, tem vindo a tornar-se um dos focos do conflito israelo-palestiniano na Cisjordânia.

Cerca de 60 mil palestinianos vivem na região mas, segundo a ONU, quase 90% das terras foi unilateralmente incluído por Israel na chamada Área C, que se encontra sob total controlo de Israel e inclui áreas militares fechadas onde foram instalados, em 50 colonatos, mais de 12 mil israelitas.

A lei do Estado de Israel proíbe os palestinianos que vivem na Área C de terem terras próprias, abrirem poços ou construirem seja que estrutura for, tornando-os estrangeiros e desapossados na sua própria terra.

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Até agora, só em 2021, as autoridades israelitas demoliram, apreenderam ou forçaram palestinianos a demolir pelo menos 421 estruturas, incluindo 130 financiadas por doadores, deslocando 592 pessoas, incluindo cerca de 320 crianças em toda a Cisjordânia.

Isso representa um aumento de 24% nas estruturas abrangidas, um aumento de quase 110% nas estruturas financiadas por doadores e um aumento de mais de 50% no deslocamento de pessoas, em comparação com o período equivalente em 2020.

A comunidade palestiniana beduína de Humsa Al Bqai’a está localizada na Área C no norte do Vale do Jordão, uma área designada como «zona de fogo» para o treino militar israelita, onde a residência ou o acesso dos palestinianos são proibidos. Estas são algumas das comunidades mais vulneráveis ​​da Cisjordânia, com acesso limitado a serviços de educação e saúde e infraestruturas de água, saneamento e eletricidade.

Mais de 600 mil israelitas vivem em mais de 230 colonatos construídos nos territórios ocupados da Margem Ocidental e de Jerusalém Oriental desde 1967. Todos são considerados ilegais à luz do direito internacional.

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