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Cruz Vermelha alerta para a escassez crónica de electricidade em Gaza

Cerca de 80% da população de Gaza vive grande parte das suas vidas no escuro, com apenas 10 a 12 horas de electricidade por dia, revela um estudo divulgado pelo Comité Internacional da Cruz Vermelha.

Devido ao bloqueio imposto por Israel ao enclave palestiniano cercado desde 2007, a falta de electricidade é crónica em Gaza 
Créditos / MPPM

A questão torna-se ainda mais problemática durante o Verão e constitui uma ameaça para a saúde e a vida quotidiana dos habitantes do enclave palestiniano cercado, na medida em que a maioria da população é incapaz de refrigerar os alimentos e as estações de tratamento de águas residuais são incapazes de funcionar.

De acordo com o relatório agora publicado pelo Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV), a escassez crónica e prolongada de electricidade e os cortes de energia afectam psicologicamente as pessoas, sendo que 94% dos habitantes de Gaza inquiridos deram conta desse impacto na sua saúde mental.

Além disso, a recente agressão israelita, em Maio último, danificou as infra-estruturas e causou uma enorme escassez de abastecimento através das principais linhas eléctricas, deixando as pessoas com apenas quatro a cinco horas de electricidade por dia, revela a investigação, a que a agência Prensa Latina e o MPPM – Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente fazem referência.

Se alguns podem pagar o fornecimento adicional de electricidade através de geradores, pelo menos 500 mil pessoas não o podem fazer, pelo que são forçadas a passar a maior parte do seu dia sem electricidade, comenta o estudo.

Uma «vida quase impossível»

Os inquiridos descrevem como a indisponibilidade de electricidade tem vindo a tornar a vida quotidiana extremamente difícil há anos. É quase impossível fazer trabalhos domésticos, os aparelhos avariam frequentemente quando a electricidade está desligada, não há água corrente, os trabalhos escolares não podem ser terminados, as pessoas têm de suportar uma enorme carga financeira para comprar energia extra e os cortes de energia contribuem para a poluição ambiental, resume o MPPM no seu portal.

«Isto parece um cemitério quando a electricidade está cortada. Está escuro como breu. Acendo o candeeiro de petróleo. Mesmo as lâmpadas LED são insuficientes porque as baterias não estão completamente carregadas. Também nem sempre tenho petróleo para a lâmpada e é insuficiente para os meus filhos estudarem», disse Mariam Hunaideq, uma mãe de seis filhos que vive em Nahr al-Barid, no Sul da Faixa de Gaza cercada.

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Israel bombardeia a Faixa de Gaza e reduz a zona de pesca

Israel bombardeou vários pontos na Faixa de Gaza, depois de ter reduzido de 12 para seis milhas náuticas a zona de pesca do enclave, onde vivem cerca de dois milhões de palestinianos.

Imagem dos bombardeamentos israelitas sobre Gaza em Maio último Créditos / WAFA

A aviação israelita disparou vários mísseis para terras agrícolas na área de al-Sudania e contra um alvo a leste de Khan Yunis, na parte sul do enclave cercado, ontem à noite, refere o Palestinian Information Center.

Por seu lado, fontes militares israelitas afirmaram, em comunicado, que os mísseis visavam alegadamente alvos do movimento de resistência Hamas e que os ataques foram perpetrados em resposta ao lançamento, a partir de Gaza, de balões incendiários, que tinham provocado quatro pequenos incêndios perto de Gaza.

Hazem Qassem, porta-voz do Hamas, referiu-se aos ataques israelitas como uma «tentativa falhada de mostrar o seu próprio poder militar impotente e restaurar a imagem manchada do seu Exército», depois dos bombardeamentos de Maio último.

Então, Telavive bombardeou a faixa cercada durante 11 dias, como retaliação pela resistência palestiniana à violenta repressão no Complexo da Mesquita de al-Aqsa, em Jerusalém, e aos planos de expulsão de famílias palestinianas do Bairro de Sheikh Jarrah, em Jerusalém Oriental ocupada.

Mais de 300 palestinianos foram mortos durante a ofensiva israelita. Doze israelitas morreram na sequência do lançamento de rockets pela resistência palestiniana a partir de Gaza.

Também ontem, Telavive anunciou que iria reduzir para metade, «com efeito imediato» e até novo aviso, a zona de pesca da Faixa de Gaza.

Intensificação do bloqueio

Desde Maio, Israel intensificou as medidas de bloqueio económico e comercial que aplica ao enclave costeiro desde 2007.

No contexto dessas medidas punitivas, as autoridades israelitas impediram ontem a entrada de 25 camiões carregados com combustível para abastecer a única central de produção eléctrica no enclave.

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Israel proíbe a entrada de combustíveis em Gaza

Israel anunciou esta quarta-feira a proibição da entrada de combustíveis no território palestiniano cercado, intensificando o bloqueio que dura desde 2007, com graves consequências humanitárias.

Com o aperto do bloqueio, o abastecimento de electricidade aos habitantes de Gaza será ainda mais precário
Créditos / laizquierdadiario.com.ve

Em comunicado, o Ministério israelita da Defesa decretou ontem a proibição, a partir de hoje e por tempo indeterminado, da entrada de gás de cozinha e combustíveis líquidos na Faixa de Gaza através da passagem de Kerem Shalom/Karam Abu Salem, única via de entrada de mercadorias no território palestiniano.

O ministro da Defesa israelita, Avigdor Lieberman, declarou que a decisão visava pôr cobro aos protestos dos palestinianos junto à vedação que cerca o território de Gaza e que «o regresso da passagem de Kerem Shalom à operacionalidade total dependia do fim do envio de balões incendiários», por parte dos manifestantes em Gaza, para território israelita.

No início de Julho, Israel já tinha decretado a proibição da passagem de mercadorias pelo posto de Kerem Shalom/Karam Abu Salem, mas deixando de fora combustíveis, alimentos e medicamentos. Posteriormente, os combustíveis foram adicionados à lista de artigos interditados, e «o anúncio de Lieberman torna essa decisão permanente», revela o Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM), que em meados de Julho denunciava o agravamento da grave crise humanitária em Gaza, em virtude das medidas punitivas de Israel.

Nos últimos tempos, as autoridades israelitas têm intensificado o bloqueio contra o território, «na realidade uma gigantesca punição colectiva, em retaliação pelo prosseguimento dos protestos» da Grande Marcha do Retorno no território cercado.

Estas manifestações, que tiveram início em 30 de Março deste ano, exigem precisamente o fim do bloqueio israelita, que dura há 11 anos, bem como o direito de retorno dos refugiados palestinianos às terras de onde foram expulsos no processo de limpeza étnica que acompanhou a formação do Estado de Israel, em 1948.

Desde o seu começo, as forças israelitas reprimiram os protestos de forma violenta, tendo morto pelo menos 155 manifestantes palestinianos e provocado mais de 15 mil feridos.

O aperto do bloqueio irá contribuir para a deterioração das precárias condições de saneamento, saúde e de abastecimento de água que afectam os cerca de dois milhões de habitantes no pequeno enclave e que são agravadas, «com efeitos devastadores», pela escassez de combustíveis e os cortes de eletricidade.

Na segunda-feira passada, a companhia de electricidade da Faixa de Gaza anunciou mais uma redução no fornecimento, depois de a sua única central de produção ter deixado de funcionar. Para além disso, um cabo que fornecia eletricidade a partir de Israel está cortado há cerca de uma semana, revela o MPPM.

Neste cenário, em vez de 16 horas diárias, os habitantes de Gaza sofrerão cortes de electricidade de 18 horas por dia.

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A agência Maan precisou que as forças israelitas proibiram a entrada da caravana pela passagem de Kerem Shalom, sem dar qualquer explicação.

«Mais restrições em Gaza apenas vão criar uma explosão face à ocupação», afirmou Abd al-Latif al-Qanou, representante do Hamas, em declarações a uma rádio local.

«O nosso povo não vai continuar de braços cruzados perante o cerco e as acções para dificultar a reconstrução da faixa», destacou, aludindo aos danos causados pelos bombardeamentos em Maio.

Há uma semana, comerciantes alertaram para o colapso do sector produtivo no território palestiniano devido aos ataques israelitas recentes.

«Mais de mil instalações económicas foram destruídas; se não houver soluções rápidas, a economia local colapsará, o que fará aumentar ainda mais as taxas de desemprego e pobreza», afirmou Ali al-Hayek, director da Associação de Empresários Palestinianos.

O Banco Mundial estimou em 570 milhões de dólares o valor das perdas no enclave como consequência dos bombardeamentos israelitas.

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A falta de electricidade significa também que as estações de tratamento de águas residuais não podem funcionar e as águas residuais são bombeadas para o mar sem tratamento, poluindo grandes extensões da costa do enclave palestiniano. Deste modo, está-se a poluir o mar e a contribuir para a rápida propagação de bactérias resistentes aos antibióticos, que põem em perigo a saúde das pessoas.

Mirjam Müller, chefe da subdelegação do CICV em Gaza, afirmou que «a electricidade se tornou um problema no território», com «um impacto profundo em serviços básicos como o abastecimento de água, o tratamento de águas residuais e os serviços de saúde», além se ser importante no «funcionamento das empresas e na irrigação de culturas e pomares».

«Em 2021, os habitantes de Gaza não deveriam viver desta forma. Apelamos às autoridades envolvidas e à comunidade internacional para que reconheçam a situação e trabalhem para a melhorar», disse.

Nas últimas semanas, refere a Prensa Latina, diversos organismos das Nações Unidas intensificaram os apelos a Israel para que pusesse fim ao bloqueio que mantém contra Gaza desde 2007.

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