Uma representação neerlandesa entrou na província de Hasaka, no Nordeste da Síria, em coordenação com as chamadas Forças Democráticas Sírias (FDS), com o pretexto de repatriar vários cidadãos holandeses membros da organização terrorista Daesh que estavam detidos pelas FDS, revela em comunicado o Ministério sírio dos Negócios Estrangeiros.
O texto, emitido ontem e divulgado pela agência SANA, denuncia igualmente a visita de uma delegação francesa, integrada por elementos da Fundação Daniel Mitterrand e do Município de Paris, à cidade de Qamishli, também no Nordeste do país, naquilo que «constitui mais uma acção do envolvimento directo de França na agressão à Síria».
Tais «práticas representam uma flagrante violação do direito internacional e uma agressão contra a soberania da República Árabe da Síria», afirma o comunicado, no qual o governo de Damasco insta a comunidade internacional, especialmente as Nações Unidas e os seus organismos, a assumir uma postura e obrigar os governos destes países a abandonar as suas políticas subversivas que visam impedir a recuperação da estabilidade no país.
Tentativa de imposição da identidade turca
Na mesma nota, o Ministério dos Negócios Estrangeiros afirma que a Turquia está a impor documentos de identificação turcos nas zonas da província de Idlib, no Noroeste da Síria, ocupadas pelos terroristas.
Numa entrevista à Paris Match, Assad afirmou que, apesar dos grandes avanços, a Síria ainda não venceu o terrorismo. O que em parte se deve ao papel da França, que tem de regressar ao «direito internacional». O presidente sírio, Bashar al-Assad, denunciou que a Turquia, os EUA, a França e o Reino Unido continuam a apoiar o terrorismo no país levantino, facto que contribui para que seja demasiado cedo para «falar de vitória», pese embora os «avanços significativos» realizados pelas tropas de Damasco. Na entrevista à revista francesa Paris Match, hoje divulgada pela agência SANA, Bashar al-Assad sublinha que, ao invés da «narrativa alimentada pelo Ocidente», não se trata da «guerra de um presidente que quer permanecer no poder», mas de «uma guerra nacional – a guerra dos sírios contra o terrorismo». Sobre o papel da França na guerra de agressão à Síria, Assad foi claro ao afirmar que, em determinados períodos, o país europeu «forneceu armas» a grupos terroristas. Acrescentou que, mesmo que «isso tenha mudado em meses recentes, ou no último ano», a França é uma força ocupante, na medida em que as suas tropas se encontram em território sírio «sem qualquer convite do governo legítimo» do país – «isto é uma ocupação», denunciou. O presidente sírio disse ainda que «não acredita em boas intenções» da parte de França na luta contra o terrorismo e perguntou por que razão Paris não apoiou o governo sírio na sua luta contra o Daesh. A este propósito, destacou a necessidade de a França regressar ao «direito internacional», acrescentando que o importante não é a França apoiar ou deixar de apoiar o presidente sírio, mas, sim, deixar de prestar apoio a tudo aquilo que possa causar mais morte e sofrimento na Síria. Questionado sobre o número de refugiados que regressaram ao país árabe, Bashar al-Assad disse que foram «mais de um milhão em menos de um ano» e que «o processo está a acelerar», sobretudo depois de o Exército Árabe Sírio e seus aliados terem libertado do terrorismo as regiões em redor de Damasco e as províncias de Daraa, Quneitra e Sweida, no Sul do país. Explicou que este regresso está relacionado com a reconstrução das infra-estruturas e o restabelecimento de serviços como electricidade, escolas e hospitais, tendo denunciado que estes três sectores são os mais atingidos pelo bloqueio e as sanções económicas impostas à Síria pelo Ocidente. «Existe ainda uma pressão do Ocidente sobre os refugiados para que não voltem à Síria», alertou, explicando que, para determinados países, eles são uma «carta humanitária que pode ser utilizada para alcançar objectivos políticos». Questionado sobre uma eventual cooperação entre Damasco e Washington no que respeita à (anunciada e questionada) «operação al-Baghdadi», Bashar al-Assad afirma que «o Daesh foi criado pela América [EUA]» –, que «podia ter atacado o Daesh quando levava o petróleo da Síria para o Iraque, mas não o fez», e que bombardeou o Exército sírio, em vez do Daesh, quando os terroristas atacaram as tropas governamentais em Deir ez-Zor. «Portanto, não, nós não cooperámos com os americanos em nada. Na luta contra o terrorismo, não se pode cooperar com aqueles que estão a apoiar o terrorismo», esclareceu. A propósito das «numerosas manifestações» no Irão, assim como no Líbano e no Iraque – a que o entrevistador se refere, procurando estabelecer um paralelo com a situação na Síria em 2011 –, Bashar al-Assad lembra que as «bandeiras» exibidas há oito anos na Síria, «como dignidade e liberdade», podem ser «máscaras bonitas», mas que «aquilo que está por trás delas é feio». E dá alguns exemplos: «Bush matou 1,5 milhão de iraquianos com o pretexto da democracia; Sarkozy contribuiu para a morte de centenas de milhares de líbios com o pretexto da liberdade do povo líbio; e, hoje, a França, a Grã-Bretanha e a América violam o direito internacional com o pretexto de apoiar os curdos, que fazem parte da população síria.» Questionado sobre a eventual intenção da Síria de enviar para a Europa os terroristas com nacionalidades europeias – o entrevistador afirma existirem «400 jihadistas franceses» em prisões sírias –, o presidente sírio sublinhou que «qualquer terrorista em áreas sob o controlo do Estado sírio ficará sujeito à legislação da Síria» e «será processado judicialmente». Sobre o anúncio do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, de «mandar para casa» os terroristas europeus, Assad considerou que se trata de uma tentativa de chantagem à Europa. «Há instituições e há leis. A extradição de terroristas ou de qualquer outra pessoa condenada para outro Estado está sujeita a acordos bilaterais entre países», disse, sublinhando que «libertar pessoas da prisão sabendo que são terroristas e enviá-las para outros países para matar civis é um acto imoral». Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Assad: «EUA, Reino Unido, França e Turquia continuam a apoiar o terrorismo»
Regresso dos refugiados
Não há qualquer cooperação com os EUA
Erdogan faz chantagem com a Europa
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As forças que operam sob o comando turco estão a criar uma secretaria de registo civil e a formar municípios nessas regiões ocupadas, denuncia o texto, de acordo com o qual os bilhetes de identidade sírios estão a ser substituídos por turcos.
«Isto representa o culminar da política de turquização seguida pelo regime turco, que será rejeitada pelos cidadãos sírios livres, tal como o fez a população síria nos Montes Golã ocupados com as tentativas de imposição da identidade israelita», afirma o texto.
A Turquia controla ainda áreas do território sírio nas províncias de Idlib, Alepo, Raqqa e Hasaka, ocupação que tem sido sistematicamente denunciada pelas autoridades de Damasco.
Intensificação de ataques terroristas em Idlib
Vadim Kulit, do Ministério russo da Defesa e subdirector do Centro de Coordenação da Rússia em Hmeimim (Latakia), revelou este sábado que os grupos terroristas da «Frente al-Nusra» levaram a cabo pelo menos 39 ataques, nas 24 horas anteriores, contra posições do Exército sírio a partir das zonas que controlam em Idlib.
Foram registados 21 ataques na província de Idlib, dez na de Latakia, quatro na de Hama e quatro na de Alepo, revelou Kulit, precisando que um militar sírio morreu e dois ficaram feridos nestes ataques e que 70 terroristas foram mortos na resposta das tropas sírias.
Em 2020, o Exército Árabe Sírio e forças aliadas conseguiram libertar mais de metade do território da província de Idlib, onde se mantém um cessar-fogo constantemente violado por forças terroristas como a Junta para a Libertação do Levante (antiga Frente al-Nusra) e o Partido Islâmico do Turquestão, integrado maioritariamente por mercenários uigures.
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