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Epidemia de cólera alastra a 92% do território iemenita

Uma epidemia de cólera sem precedentes já provocou mais de 1600 mortos no Iémen. Nações Unidas e Comité Internacional da Cruz Vermelha estimam que haja mais de 300 mil pessoas atingidas pela infecção bacteriana.

ONU e Cruz Vermelha estimam em 300 mil as pessoas infectadas com cólera no Iémen
Créditos / msf.ca

De acordo com os dados divulgados, esta segunda-feira, pelo Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (UNOCHA, na sigla em inglês), o número de mortos terá mesmo ultrapassado os 1700.

O número de vítimas foi registado nos últimos 75 dias, desde que teve início o mais recente surto de cólera no Iémen, a 27 de Abril de 2017, informa a Prensa Latina. A epidemia alastrou a 92% do país e está presente em todas as suas províncias.

As Nações Unidas revelaram ainda que as crianças com menos de 15 anos representam 40% dos casos suspeitos de infecção e 25% das vítimas mortais; as pessoas com mais de 60 anos constituem 30% dos falecidos.

«Espiral sem controlo»

Também ontem, o responsável do Comité Internacional da Cruz Vermelha para o Médio Oriente, Robert Mardini, abordou a situação da epidemia de cólera no Iémen, tendo afirmado que, desde o seu início, prossegue numa «espiral sem controlo».

Mardini revelou ainda que se registam diariamente 7000 novos casos de cólera só na capital, Saná, e em mais três regiões do país. Estas afirmações foram realizadas dois dias depois de o antigo presidente do Iémen, Ali Abdullah Saleh, ter responsabilizado a Arábia Saudita por aquilo que as Nações Unidas classificam como «pior surto de cólera do mundo», indica a PressTV.

O actual surto surgiu a 27 de Abril deste ano. A infecção por cólera tornou-se então epidémica e encontra-se actualmente espalhada por todas as províncias do Iémen. Trata-se do segundo surto de cólera em menos de um ano no país árabe – o primeiro tornou-se epidémico em Outubro de 2016 e, até Dezembro, provocou 143 mortes, sobretudo na região de Al-Wehda (província de Saná).

Guerra de agressão e grave crise humanitária

A guerra de agressão que os sauditas, à frente de uma coligação, mantêm contra o seu vizinho do sul, desde Março de 2015, destruiu grande parte das infra-estruturas do sector da saúde e diminuiu, de forma significativa, a sua capacidade para lidar com a epidemia. Os hospitais estão sobrelotados e há falta de medicamentos, equipamentos e pessoal especializado.

De acordo com a ONU, cerca de 18 milhões de pessoas – aproximadamente dois terços da população do Iémen – enfrentam carências alimentares e necessitam de ajuda humanitária. Destas, mais de três milhões sofrem de má-nutrição aguda grave (a forma mais severa de subnutrição), sendo que mais de 2 milhões são crianças.

A situação é descrita pelo Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas como «a mais grave crise humanitária do mundo».

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