Haydee y el pez volador [Haydee e o Peixe Voador], realizado por Pachi Bustos e produzido por Paola Castillo, conta a história de Haydee Oberreuter, uma mulher que na ditadura de Pinochet foi torturada estando grávida. Depois de 40 anos de luta, e graças à ajuda de figuras-chave como Alejandra Matus, conseguiu algo inédito: a condenação, pela Justiça chilena, de quatro antigos militares da Armada, indica o portal nodalcultura.am.
A estreia do documentário teve de esperar: a revolta social contra o governo de Sebastián Piñera e o surto epidémico de Covid-19 levaram à suspensão da estreia por duas vezes. Agora, com a quarentena e a vida mais dentro de casa, a estreia do filme é on-line, ficando a obra acessível no Chile, no resto da América Latina e nos Estados Unidos.
Haydee y el pez volador aborda a primeira condenação por torturas contra uma mulher grávida no Chile, «algo que foi alcançado graças a uma série de favores anónimos». Haydee tinha 21 anos e estava grávida de quatro meses quando foi detida, em 1975, juntamente com a sua mãe e a sua filha de um ano.
O documentário mostra como Haydee luta, durante dez anos, para conseguir que o Supremo Tribunal condene os quatro ex-agentes da Armada, responsáveis pelas torturas e pela morte do seu filho. Tratou-se de uma decisão judicial inédita no Chile, de uma vitória importante para todas as mulheres presas, torturadas e que a ditadura fez desaparecer.
Da tortura, dos acasos até ao filme
A realizadora chilena Pachi Bustos «realizou este documentário com a intenção de mostrar em imagens uma parte da minha história», disse a protagonista à Prensa Latina. A primeira vez que a mulher abusada deu a conhecer a sua vivência foi à jornalista Alejandra Matus, que publicou a reportagem que haveria de comover o advogado Vicente Bárzana.
Este, sem conhecer Oberreuter, apresentou por sua iniciativa uma queixa por crimes contra a humanidade. Outro acaso fortuito: o juiz Alejandro Solís, desafiando a ausência de uma lei que definisse a tortura, decidiu levar o processo por diante.
Ao referir-se aos maus-tratos terríveis que sofreu, Haydee Oberreuter afirma que «não ganhou medo», mas «forças para se opor à ditadura». «Assim me tornei uma lutadora pela justiça para as vítimas de violações dos direitos humanos durante esse período», disse à Prensa Latina.
«O meu país tem uma dívida monumental com a sua descendência. Ao contrário de outros países do Cone Sul, o Chile jamais procurou as suas crianças», destacou.
Filme já premiado
Com 75 minutos de duração, Haydee y el pez volador já foi distinguido com o Primeiro Prémio, o Grande Prémio da Cátedra de Jornalismo, Melhor Guião, Melhor Realização e Melhor Banda Sonora Cinematográfica no Festival Internacional de Documentários Santiago Álvarez, em Cuba (2020).
Recebeu também o Prémio do Público, o Prémio Especial do Júri e o Prémio Júri Ciudadão do Festival de Cinema Chileno (2020), além de outras distinções no México.
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