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«EUA tentam impor pela violência o seu domínio mundial»

A intenção dos EUA de abandonar o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermédio é motivo de grande preocupação para o CPPC, que alerta para a urgência de travar a «escalada armamentista».

A administração norte-americana anunciou em Outubro a retirada (sem prazo certo) do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermédio (na imagem o presidente norte americano, Donald Trump, e o seu Conselheiro de Segurança Nacional, John Bolton)
Créditos / japantimes.co.jp

O Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC) considera que, a concretizar-se a retirada dos Estados Unidos do tratado INF (Intermediate-Range Nuclear Forces), anunciada por Donald Trump este mês, isso «significará um novo e gravíssimo passo dos EUA na promoção da corrida aos armamentos – desta feita a novos armamentos nucleares».

Na nota emitida a este propósito, o CPPC sublinha a urgência de travar esta «escalada armamentista» e a de «iniciar um processo de negociações» que vise o desarmamento geral, simultâneo e controlado; reduza consideravelmente os armamentos existentes; e aponte ao desmantelamento dos arsenais de armas nucleares e de destruição massiva.

Esse processo deverá igualmente conduzir à criação de um sistema de segurança que garanta a paz e a segurança colectivas, bem como de uma ordem internacional assente na cooperação entre os povos, defende o texto, no qual o CPPC exige às autoridades portuguesas «uma firme condenação de mais este grave anúncio dos EUA e uma acção determinada em defesa da paz e do desarmamento».

Política externa crescentemente agressiva

O organismo português de defesa da paz lembra que a intenção expressa de abandonar o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermédio se segue a outras decisões recentes, assumidas pela administração norte-americana, de «enorme gravidade para a paz e segurança internacionais» (como aquelas que dizem respeito ao Irão ou à Palestina) e de «profundo desrespeito pelas Nações Unidas».

Este anúncio – entende o CPPC – não pode ser descontextualizado da política externa norte-americana, «crescentemente agressiva» e de que são evidências as suas «cada vez maiores despesas militares» ou a «revisão da sua doutrina estratégica e política militar nuclear», num sentido «ainda mais ofensivo».

Neste contexto, o CPPC lembra as centenas de bases e instalações militares, e as esquadras navais que os EUA possuem em todo o mundo, bem como o desenvolvimento, por parte deste país, «de armas cada vez mais potentes e sofisticadas, convencionais, nucleares e robóticas», sublinhando que, por via do «incremento do seu poderio militar, económico e comunicacional, os EUA tentam impor pela violência o seu domínio mundial», desrespeitando os direitos, a soberania e as aspirações dos povos.

EUA, NATO e despesas militares

«Os EUA são, desde há muito, o país com maiores gastos militares no mundo», denuncia o CPPC, acrescentando que, em 2017, «as suas despesas com a "defesa" representaram 35% do total mundial». Para 2019, os EUA aprovaram «o maior orçamento militar da história do Pentágono: mais de 700 mil milhões de dólares», indica o documento.

A isto acresce o facto de os 29 países da NATO serem responsáveis, no seu conjunto, por «52% das despesas militares a nível global». Quando aos gastos dos países da Aliança Atlântica se juntam os de cinco países aliados – Arábia Saudita, Israel, Colômbia, Japão e Coreia do Sul –, então «34 estados representam perto de 70% destas despesas», afirma o CPPC, sendo o terço restante assumido pelos outros 159 países do mundo.

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