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«Não à NATO, sim à Paz», insiste-se nos EUA

Defensores da paz, em Washington, vincaram a oposição à cimeira dos 75 anos da NATO nos EUA. Ann Wright, ex-coronel do Exército, sublinhou que «devíamos viver hoje num mundo de paz».

Ann Wright, à esquerda, com uma T-Shirt azul, no encontro deste sábado, 6 de Julho, contra a NATO e pela paz, em Washington Créditos / PL

A activista pela paz Mary Ann Wright, ex-militar que em Março de 2003 abandonou o Departamento de Estado em protesto contra a invasão norte-americana do Iraque, falou à Prensa Latina da contra-cimeira «Não à NATO, sim à Paz», que ajudou a organizar e que teve lugar este sábado na capital federal dos EUA.

«Desde então, tenho estado a trabalhar pela paz, em vez da guerra, que é o que os Estados Unidos parecem estar sempre a fazer», frisou.

Sobre a conferência ou contra-cimeira, disse que participaram cerca de 150 pessoas provenientes de vários países, como Alemanha, França, Itália, Bélgica e Canadá, e que os organizadores ficaram «encantados» com o número de pessoas que vieram de vários pontos dos EUA.

Este evento precede a Cimeira da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) que tem lugar na capital norte-americana de 9 a 11 de Julho, por ocasião dos 75 anos da aliança militar.

Contra-cimeira «Não à NATO, sim à Paz», em Washington, EUA, a 6 de Julho de 2024 / PL

«Estamos muito preocupados com o belicismo da NATO e como se tem vindo a mover para outras partes do mundo, como o Pacífico», afirmou Ann Park, nascida há 77 anos no estado do Arkansas e que faz parte da organização Veterans for Peace.

«Deste modo, fazemos frente a uma NATO global, que é realmente o que está a acontecer agora», acrescentou Wright em declarações à Prensa Latina.

«Devíamos viver num mundo de paz e não de guerra», disse. «A guerra é terrível para as pessoas, terrível para o nosso planeta. Assim, dizemos não à NATO, sim à paz», frisou.

Vozes contra a NATO junto à Casa Branca

Ontem à tarde, no Parque Lafayette, frente à Casa Branca, vários oradores pronunciaram-se em defesa da paz e contra a NATO. Na ocasião, Medea Benjamin, co-fundadora da Codepink, afirmou que «a NATO não quer ver o fim da guerra na Ucrânia».

Benjamin opôs-se ao aumento das despesas militares com a guerra e perguntou quem é que paga tudo isso. Em coro, as dezenas de pessoas presentes responderam «nós», referindo-se aos contribuintes norte-americanos.

Benjamin apontou também a crise que a Europa atravessa, «com uma rede de segurança em crise» e onde os sistemas de saúde universal são postos em causa.

Mobilização contra a NATO e em defesa da paz, em Washington, EUA, a 7 de Julho de 2024 / PL

«Os Estados Unidos e a NATO querem que a Europa seja como aqui, a gastar mais e mais dinheiro do povo no Exército», denunciou. «Por isso dizemos Não à NATO», sublinhou.

À concentração, seguiu-se uma marcha pelo centro da cidade contra a guerra e a NATO, e em defesa da paz.

Defesa da paz, da Palestina e da abolição da NATO

O encontro de sábado e a manifestação de domingo foram organizados por múltiplas organizações. Entre outras, Black Alliance for Peace, Campaign for Nuclear Disarmament, Codepink, Global Network Against Weapons & Nuclear Power in Space, Global Women for Peace United Against NATO ou Veterans for Peace.

Esta última organização promoveu uma Marcha pela Paz, que começou no passado dia 7 de Maio no estado de Maine e chegou na sexta-feira, dia 5, a Washington. «Todos nos estamos a preparar para que a NATO não seja bem-vinda em Washington», afirmaram.

A propósito da marcha, com carácter nacional, a Veterans for Peace disse que se tratava de uma iniciativa «pelo bem-estar de todas as pessoas, pela paz e pelo fim da ameaça da guerra nuclear e de todas as guerras, e por um ambiente que sustente toda a vida».

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Milhares em Washington pela paz e contra «as guerras intermináveis» dos EUA

Mais de 200 organizações apoiaram a manifestação deste sábado, em Washington, contra a «máquina de guerra» dos EUA e da NATO, quando passam 20 anos sobre a invasão norte-americana do Iraque.

Manifestação deste sábado em Washington 
Créditos / @answercoalition

Milhares de pessoas manifestaram-se ontem na capital federal dos Estados Unidos, exigindo que as enormes verbas que o país destina à guerra sejam direccionadas para «as necessidades das pessoas» – mais emprego, melhor educação e saúde, entre outros sectores.

Pelo centro da cidade, muitos manifestantes exibiram cartazes em que se lia «Alimentar o povo, não o Pentágono», «Financiar as necessidades das pessoas, não a máquina de guerra», «Dissolução da NATO», «Não à NATO, sim à Paz» ou «Não à guerra com a China».

@answercoalition

Em discursos que precederam a marcha e ao longo da manifestação, foi central a denúncia do belicismo norte-americano, tendo-se ouvido vozes a exigir à Casa Branca que defenda a paz e o diálogo, em vez de prestar ajuda militar à Ucrânia, e a criticar Washington por não querer saber do futuro dos ucranianos, «apenas manter a sua hegemonia».

Além de reivindicarem repetidamente a dissolução da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) e o encerramento das mais de 700 bases militares que EUA e NATO têm pelo mundo fora, os manifestantes denunciaram o militarismo norte-americano e lembraram que o Pentágono «não aprende com os próprios erros».

@answercoalition

Para o mostrar, alguns manifestantes exibiram bandeiras e caixões com bandeiras dos países que foram vítimas do intervencionismo norte-americano, também por via da aplicação de sanções.

Na sua conta de Twitter, a Answer Coalition, uma das promotoras da mobilização, afirmava a propósito: «Lembrem-se do Iraque! Basta de guerras assentes em mentiras! No 20.º aniversário da invasão criminosa do Iraque pelos EUA [20 de Março de 2003], manifestámo-nos em Washington para exigir paz na Ucrânia e dizer Não à campanha de guerra norte-americana, Não à guerra infindável e Não à austeridade!»

Outro ponto em destaque este sábado na capital dos EUA foi a denúncia do papel assumido pela comunicação social dominante, que foi acusada de fabricar inimigos e atiçar os conflitos.

@answercoalition

Brian Becker, director da Answer Coalition, foi um dos que abordaram a questão, afirmando que a «comunicação social dominante decidiu boicotar o povo norte-americano quando se posiciona contra a máquina de guerra». Apontou o dedo a grandes cadeias de TV e jornais, que acusou de serem «apenas câmaras de ressonância do Pentágono».

Answer Coalition, The People's Forum, Codepink, Black Alliance for Peace, United National Anti-War Coalition, Veterans for Peace, Roger Waters, Cuba and Venezuela Solidarity Committee, Samidoun Palestinian Prisoner Solidarity Network são algumas das mais de 200 organizações que subscreveram o manifesto subjacente à mobilização.

Nele, também se diz «não» a uma eventual guerra com a China; pede-se o fim do apoio dos EUA ao «regime de apartheid» israelita, o fim da ingerência no Haiti e o fim do AFRICOM – Comando dos Estados Unidos para África; exige-se o fim do racismo e da discriminação nos EUA, bem como a libertação de todos os presos políticos, incluindo Mumia Abu-Jamal e Julian Assange.

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«Caminhamos em solidariedade com o heróico povo de Gaza, que está determinado a sobreviver a um genocídio brutal, e com os palestinianos da Cisjordânia que vivem, resistem e morrem há 75 anos sob o apartheid e a ocupação israelitas», sublinharam os organizadores sobre a Marcha pela Paz 2024.

A actual edição da caminhada foi dedicada à memória de Daniel Ellsberg (1931-2023), que em 1971 divulgou à imprensa documentos secretos do Pentágono e «expôs as mentiras que os norte-americanos estavam a ouvir sobre a Guerra do Vietname».

Pouco antes de morrer, com 92 anos, Ellsberg alertou que «o risco actual de uma guerra nuclear, a propósito da Ucrânia, é o maior que o mundo alguma vez viu».

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