«O governo de facto pede ajuda ao governo sionista de Israel para combater a esquerda. Os golpistas são os violentos, que não respeitam a liberdade, dignidade e identidade com políticas de intervenção militar estrangeira que nos dividem entre irmãos», escreveu na sua conta de Twitter o ex-presidente boliviano, que se exilou no México após o golpe de Estado.
O pedido de intervenção israelita na Bolívia foi anunciado pelo ministro do Interior do governo golpista, Arturo Murillo, que usou como pretexto a «desestabilização do país» por parte de elementos da esquerda boliviana, alegadamente ligados à Venezuela, a Cuba e ao narcotráfico.
«Convidámo-los para que nos ajudem. Estão habituados a lidar com terroristas, sabem tratá-los bem. E nós a única coisa que queremos é proporcionar paz aos cidadãos», disse o ministro do governo golpista, presidido pela autoproclamada Jeanine Áñez, sobre o qual pendem inúmeras acusações de limitação das liberdades públicas e ao qual é apontada a responsabilidade em mais de mil detenções, centenas de feridos e mais de três dezenas de mortes.
Os «números» ligados à repressão levada a cabo por polícias, militares e grupos extremistas de direita sobre quem defende Evo Morales e denuncia o golpe de Estado consumado a 10 de Novembro passam ao lado do ministro Murillo, que considerou necessário criar um grupo antiterrorista – para lidar com a esquerda.
Israel, com quem o Estado Plurinacional da Bolívia cortou relações diplomáticas durante a governação de Morales, acolheu bem o pedido de ajuda, segundo refere a TeleSur.
Queixa na Argentina contra Áñez e Camacho por «crimes contra a humanidade»
O Conselho Político Indígena da Argentina formulou, este domingo, uma queixa por «crimes contra a humanidade» contra a presidente golpista da Bolívia, Jeanine Áñez, e Luis Fernando Camacho, conhecido líder de milícias fascistas originárias da região boliviana de Santa Cruz.
A queixa, redigida pelo deputado boliviano Víctor Gutiérrez, com o apoio de organizações indígenas de Buenos Aires que se opõem ao golpismo e inconstitucionalidade do actual governo no país andino, foi apresentada pelo advogado Pastro Barragán, informa o Resumen Latinoamericano.
O documento, que exige a detenção e extradição dos visados na queixa, foi entregue no Tribunal de Comodoro Py (Buenos Aires), presidido por María Servini, que deverá decidir sobre o prosseguimento do caso.
A queixa «nasce de conclusões e provas contundentes» que revelam casos de assassinatos, perpetrados por agentes militares e policiais, de manifestantes que rejeitavam o golpe de Estado contra o presidente constitucional, Evo Morales, informa a mesma fonte. De acordo com os queixosos, a repressão golpista na Bolívia provocou a morte a 38 pessoas e cerca de 1200 presos.
O advogado Barragán pediu ainda que sejam garantidas as vidas de Juan Moronte, advogado das Mães da Praça de Maio, do jornalista Mariano Maneiro e do padre Francisco Oliveira, que se encontram na Bolívia a recolher informações e testemunhos sobre a acção das Forças Armadas contra a população.
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