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Evo Morales: «Trump pensa que todos os países são colónias dos EUA»

Além de condenar as pretensões hegemónicas dos EUA e sublinhar o seu fracasso na Venezuela, o presidente boliviano destacou, esta quarta-feira, a proximidade do seu país com a Rússia.

Hugo Chávez, Fidel Castro e Evo Morales em Havana, quando da integração da Bolívia na ALBA, em 2006
Créditos / laradiodelsur.com.ve

A uma semana da visita oficial que irá realizar a Moscovo, o presidente do país andino-amazónico, Evo Morales Ayma, concedeu uma entrevista às agências Sputnik e RIA Novosti na qual abordou questões de dimensão nacional e mundial, entre as quais a cooperação tecnológica e militar com a Rússia, a situação na Venezuela e o papel dos Estados Unidos na arena internacional.

As políticas da actual administração norte-americana mereceram fortes críticas da parte do chefe de Estado boliviano. Donald Trump «pensa que [os Estados Unidos] são donos do mundo e engana-se. Pensa que vão mandar no mundo e engana-se. Pensa que todos os países do mundo são suas colónias e está totalmente enganado», afirmou Morales, frisando que tais políticas fazem do inquilino da Casa Branca o «inimigo número um da vida e fundamentalmente da Humanidade».

Apesar disso, Morales disse não pôr de parte a possibilidade de se reunir com o presidente norte-americano e, questionado sobre o conselho que então daria a Trump, afirmou: «Que saiba respeitar os povos do mundo e qualquer relação bilateral de respeito mútuo e de benefício conjunto para os nossos povos.»

«Não aceitamos ingerências»

No que respeita à Venezuela, o presidente boliviano expressou a sua admiração por um povo que, «com os problemas económicos e apesar do bloqueio económico, continua firme na defesa do chavismo e da Revolução bolivariana».

Defendeu o princípio de que «os problemas dos venezuelanos devem ser resolvidos pelos venezuelanos» e reafirmou a rejeição de qualquer interferência nos assuntos internos do país caribenho, sublinhando, ainda, que «o golpe de Estado fracassou».

Lamentando que alguns países reconheçam Juan Guaidó como presidente – facto que comparou com «os tempos da colónia, do vice-rei» –, disse que não é «ao império ou à Organização de Estados Americanos (OEA)» que cabe o reconhecimento de um presidente, mas sim ao povo e, como o povo não reconheceu o autoproclamado Guaidó, as manobras da Casa Branca falharam.

Valorização do papel da Rússia

Na entrevista desta quarta feira, o presidente boliviano afirmou a confiança no país euro-asiático, tendo salientado a proximidade entre a Bolívia e a Rússia a vários níveis, e expressado o desejo de que haja «presença da Rússia na América Latina».

Fundamentou esta asserção no facto de a Rússia procurar o equilíbrio no seio das potências internacionais e ser uma «garantia de não intervenção dos Estados Unidos em qualquer país do mundo».

Acrescentou que, ao contrário dos EUA, cujo «sistema e modelo […] não são nenhuma garantia para a vida, nem para a Humanidade», a Rússia «partilha a sua forma de governar e sobretudo a sua tecnologia».

A este propósito, Evo Morales manifestou o grande interesse do seu país em adquirir tecnologia militar russa e afirmou que as negociações com a Rússia respeitantes ao lítio, com vista a celebrar um acordo comercial, estão «muito avançadas».

Nacionalizações e outros ataques ao capitalismo

Questionado sobre as medidas que possibilitaram a enorme redução da pobreza extrema na Bolívia, Morales destacou as reformas políticas e económicas realizadas no país, nomeadamente por via da «nacionalização ou recuperação dos recursos naturais».


A transformação de serviços como o abastecimento de água e de energia, e as telecomunicações no «direito humano que são e não num negócio privado», a redistribuição da riqueza e uma maior presença do Estado, com apoios sociais a famílias mais humildes, foram também factores determinantes.

«Estas políticas, programas e projectos permitiram-nos reduzir a pobreza de 38,2% em 2005 para 15% em 2019. Estamos muito encorajados», disse Morales, que é candidato às eleições gerais de Outubro e disse esperar que, em 2025, o nível de pobreza extrema seja inferior a 5%.

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