Numa nota emitida esta segunda-feira, a Missão das Nações Unidas para Apoiar o Acordo de Hudaydah (UNMHA, na sigla em inglês) manifestou grande preocupação com o facto de as minas terrestres e outros explosivos continuarem a matar e ferir um grande número de civis na cidade portuária de Hudaydah, no Mar Vermelho.
«Desde a mudança das linhas da frente, em 12 de Novembro de 2021, 242 vítimas civis, consistindo em 101 mortos e 141 feridos, foram reportadas em Hudaydah devido a minas terrestres e outros restos explosivos de guerra», afirmou a missão que foi estabelecida na sequência do Acordo de Estocolmo, alcançado entre as partes beligerantes a 13 de Novembro de 2018, com vista a um cessar-fogo na estratégica cidade iemenita.
«Só nos últimos três dias – disse a missão da ONU – foram registadas 15 vítimas de minas terrestres e outros explosivos de guerra, incluindo a morte de uma criança e ferimentos noutras 12.»
«Este lamentável número serve como lembrança do impacto devastador que os restos da guerra têm sobre a população civil da província», acrescenta a nota.
Relatórios anteriores de organizações humanitárias afirmaram que o Iémen se tornou um dos maiores campos de batalha de minas terrestres do mundo desde a Segunda Guerra Mundial.
Yemac pede um esforço internacional maior
Num comunicado emitido ontem, o Centro Executivo do Iémen de Acção contra as Minas (Yemac, na sigla em inglês) afirmou que as Nações Unidas precisam de prestar mais atenção à busca de soluções que ajudem a proteger os civis das bombas e minas deixadas pela guerra de agressão, liderada pelos sauditas, contra o mais pobre dos países árabes.
O movimento Huti Ansarullah congratulou-se com o apelo do enviado das Nações Unidas a uma trégua na cidade costeira iemenita de Hudaydah, apesar das violações frequentes por parte dos sauditas. «Acolhemos com satisfação a declaração do enviado especial das Nações Unidas para o Iémen, Martin Griffiths, relativa ao compromisso com o acordo de Estocolmo, além de qualquer abordagem positiva e eficaz ao mecanismo de implementação da Missão das Nações Unidas para Apoiar o Acordo de Hudaydah (UNMHA, na sigla em inglês)», escreveu esta quinta-feira, na sua conta oficial de Twitter, Mohamed Abdel-Salam, representante do movimento Ansarullah. No mesmo dia, Griffiths tinha-se manifestado profundamente preocupado com os combates na cidade portuária, estratégica de Hudaydah, e com as informações de vítimas entre a população civil, incluindo mulheres e crianças, refere a PressTV. «Esta escalada militar não constitui apenas uma violação do acordo de cessar-fogo em Hudaydah, mas vai contra o espírito das negociações em curso, facilitadas pela ONU, com vista a alcançar um cessar-fogo a nível nacional, medidas humanitárias e económicas, e a reactivação do processo político», afirmou o representante das Nações Unidas num comunicado. Griffiths pediu a todas as partes que baixem as armas e respeitem os compromissos que assumiram no contexto do acordo de Estocolmo. Em Dezembro de 2018, delegados do Ansarullah e representantes leais ao antigo presidente Abd Rabbuh Mansur Hadi, apoiado por Riade, levaram a cabo conversações na cidade Rimbo, a norte da capital sueca, das quais resultaram o anúncio de um acordo de cessar-fogo na frente de Hudaydah, que incluía a retirada das tropas da cidade portuária iemenita à beira do Mar Vermelho. A Arábia Saudita e os seus aliados na guerra de agressão ao Iémen têm sido reiteradamente acusados de violarem este acordo – como, aliás, qualquer outra trégua decretada. A televisão em língua árabe al-Masirah, citando fontes da estrutura encarregue de monitorizar as violações do acordo de Estocolmo, informou esta quarta-feira que a coligação liderada pelos sauditas tinha violado a trégua 245 vezes em 24 horas. No dia anterior, a SABA, agência noticiosa oficial do Iémen, dera conta de 281 violações do acordo em Hudaydah também no espaço de 24 horas, refere a PressTV. À frente de uma aliança apoiada pelas potências ocidentais e que inclui países como os Emirados Árabes Unidos, o Egipto e o Sudão, a Arábia Saudita lançou, em Março de 2015, uma ofensiva militar contra o mais pobre dos países árabes, declarando serem seus objectivos esmagar a resistência do movimento popular Ansarullah e recolocar no poder o antigo presidente Abd Rabbuh Mansur Hadi, aliado de Riade. A organização norte-americana Armed Conflict Location and Event Data Project (ACLED) estima que, nestes cinco anos e meio, a guerra tenha provocado mais de 100 mil mortos. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Ansarullah louva apelo da ONU a um cessar-fogo em Hudaydah
Violações sucessivas da coligação liderada pelos sauditas
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Em simultâneo, refere a PressTV, o organismo sediado em Saná lamentou que a UNMHA tenha ignorado os desafios que lhe são colocados, nomeadamente a falta de equipamento necessário para limpar de minas determinadas áreas em Hudaydah e o país em geral, lembrando que os seus quadros não se têm poupado a esforços – por vezes com o sacrifício das suas vidas – na missão humanitária que levam a cabo.
Este mês, o Yemac revelou que 324 civis morreram ou ficaram feridos ao entrarem em contacto com minas e restos de bombas de fragmentação desde que foi estabelecida no país uma trégua, sob os auspícios das Nações Unidas, a 2 de Abril de 2022 (entretanto prolongada duas vezes).
Nesse período, revelou a organização humanitária, 108 civis iemenitas perderam a vida e 216 ficaram feridos.
De acordo com as Nações Unidas, o cessar-fogo levou a uma diminuição de 60% nas baixas civis no Iémen; a maior parte das mortes e ferimentos ocorre agora devido às minas terrestres e às munições não detonadas, internacionalmente conhecidas como UXO (do inglês unexploded ordnance).
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