Segundo refere a Prensa Latina, a operação desta madrugada segue-se à confirmação, ontem à noite, por parte do ministro israelita da Defesa, Benny Gantz, da classificação de «terroristas» que havia sindo imposta a várias organizações não governamentais palestinianas, que são acusadas de ligação à Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) – partido que Telavive considera terrorista.
Em Ramallah e al-Bireh, os soldados entraram nas sedes da Associação de Direitos Humanos e de Apoio aos Presos – Addameer, do Centro de Investigação e Desenvolvimento Bisan, da fundação Al-Haq e do Defense for Children International Palestine (DCI-Palestine), de onde retiraram equipamento e documentos.
Uma trégua, negociada pelo Egipto, entrou em vigor às 23h30 deste domingo (hora local), abrindo esperanças de que a vida possa regressar à frágil normalidade no enclave cercado desde 2007. A imprensa palestiniana dá conta da reabertura, hoje, de lojas e instituições num território com cerca de 365 quilómetros quadrados e 2,3 milhões de habitantes. Também começaram a chegar ali camiões com o tão necessário combustível – recorde-se que a interrupção do fornecimento levou ao encerramento, no sábado, da única central eléctrica. Também se está a trabalhar na remoção de escombros das estruturas danificadas ou destruídas pelos bombardeamentos israelitas. De acordo com fontes oficiais, mais de 1500 unidades habitacionais foram atingidas durante a ofensiva, algumas das quais arrasadas. Também foram afectadas numerosas explorações agrícolas. As forças israelitas começaram a bombardear o enclave costeiro na sexta-feira passada, alegando que estavam a atingir alvos das Brigadas de al-Quds, o braço armado da Jihad Islâmica na Palestina. Os ataques israelitas contra o enclave costeiro palestiniano, que continuam pelo terceiro dia consecutivo, provocaram 32 mortes, incluindo a de seis menores. Esta manhã, dois palestinianos perderam a vida e oito ficaram feridos na sequência de um ataque contra uma casa no acampamento de refugiados de Jabaliya, no Norte da Faixa de Gaza cercada. Também esta manhã, outros palestinianos ficaram feridos na zona de Khan Younis, quando um avião israelita atacou com um míssil uma zona agrícola. Entretanto, segundo refere a Al Jazeera, as Brigadas de Al-Quds, o braço armado da Jihad Islâmica na Palestina, confirmaram que Khaled Mansour, o seu comandante no Sul de Gaza, foi morto na sequência de um bombardeamento israelita este sábado. Os ataques aéreos israelitas contra o acampamento de refugiados de Jabaliya e uma zona residencial em Rafah fizeram aumentar o número de vítimas entre a população civil palestiniana, incluindo seis crianças e adolescentes. Dados do Ministério palestiniano da Saúde apontavam, este sábado, para 32 mortos e 215 feridos desde o início da agressão. De acordo com a Al Jazeera, esta manhã o número de feridos ultrapassava já os 250. As forças israelitas alegam que estão a atingir alvos militares, mas, segundo referem as autoridades palestinianas, só nas primeiras 24 horas da ofensiva foram danificadas ou destruídas 650 unidades habitacionais no enclave cercado. Para agravar a situação dos residentes, na sexta-feira Israel cancelou o transporte de combustível planeado para o território, o que levou ao encerramento da única central eléctrica existente. Responsáveis da central eléctrica afirmaram que isto teria «consequências catastróficas» para o território empobrecido, com cerca de dois milhões de habitantes. Passam apenas a estar disponíveis quatro horas de electricidade por dia e o impacto nos hospitais pode ser severo. Em resposta ao ataque israelita, que foi antecedido por detenções de membros das Brigadas de al-Quds na Cisjordânia ocupada, as forças da resistência lançaram mais de 400 rockets para território israelita. De acordo com a Jihad Islâmica, trata-se de uma «resposta inicial», a que se seguirá um «confronto contínuo». Várias forças, no Iémen, no Líbano, no Iraque, mostraram total disponibilidade para apoiar as forças de resistência palestiniana. Entretanto, segundo refere a PressTV, responsáveis egípcios afirmaram que intensificaram a actividade de mediação com vista a acalmar a situação. Nesse sentido, uma delegação egípcia deslocou-se ontem a Israel, seguindo de imediato para a Faixa de Gaza cercada. Responsáveis israelitas negaram a existência de negociações com a Jihad Islâmica e afirmaram que a operação em curso está a ser concebida para durar uma semana. Em Maio do ano passado, as forças de resistência lançaram mais de 4000 rockets para território israelita durante os 11 dias da operação militar levada a cabo por Israel. Então, os bombardeamentos provocaram cerca de 250 mortos e mais de 1700 feridos no enclave costeiro palestiniano. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Como consequência dos bombardeamentos, perderam a vida pelo menos 44 palestinianos, incluindo 15 menores (alguns dos quais crianças pequenas). Os ataques provocaram ainda mais de 360 feridos, revela a agência WAFA. Em resposta aos ataques israelitas, as forças da resistência palestiniana lançaram para território israelita mais de mil rockets. Tratou-se da maior ofensiva israelita contra Gaza desde a que teve lugar em Maio de 2021, em que foram mortas 250 pessoas no enclave costeiro. O cessar-fogo foi mediado pelo Egipto, com o apoio das Nações Unidas e do Catar, informa a Al Jazeera. Um dos elementos-chave para o acordo é que o Egipto se comprometeu a trabalhar pela libertação de dois dirigentes da Jihad Islâmica presos em Israel, Khalil Awawda e Bassem al-Saadi. A mediação egípcia emitiu um comunicado a confirmá-lo e Israel não comentou. Com o anúncio do cessar-fogo, muita gente veio para as ruas de Gaza festejar o fim dos bombardeamentos. Ainda assim, este regresso à normalidade da vida em Gaza é marcado por 15 anos de cerco israelita, pelas restrições de movimento impostas pelo Egipto, pela pobreza, o desemprego elevado. «A população em Gaza não pode regressar a nada semelhante à normalidade porque ainda está a viver sob o cerco israelita, que é uma forma de violência contra todos os homens, mulheres e crianças em Gaza, 24 horas por dia, 365 dias por ano, há 15 anos», disse Ali Abunimah, director do portal The Electronic Intifada. «Então, infelizmente, é frágil [o cessar-fogo]. Isto vai acontecer novamente. Não posso dizer-te se vai ser dentro de um dia ou uma semana, um mês ou um ano. Mas vai continuar a acontecer porque Israel goza de total impunidade pelos seus crimes contra o povo palestiniano, e não apenas impunidade, mas apoio total e activo. Recorde que estava a bombardear Gaza com armas fornecidas pelos EUA, UE e Canadá, que apoiaram Israel», disse, citado pela Al Jazeera. O Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente, em nota emitida este domingo, denunciou e condenou a nova agressão contra a Faixa de Gaza cercada, lembrando que se trata de um território sujeito «a um férreo bloqueio desde 2007, tornando-o na maior prisão a céu aberto do mundo». «Não se pode deixar assinalar que a sinistra estratégia de "aparar a erva", ou seja, ataques regulares de Israel à Faixa de Gaza, é agora posta em prática com intervalos cada vez menores», denuncia o MPPM, lembrando ainda que, segundo alguns analistas, o primeiro-ministro (israelita) Lapid desencadeou esta nova vaga de ataques como forma de promoção política, tendo em vista as eleições marcadas para Novembro (as quintas eleições legislativas em três anos e meio em Israel). Reafirmando «a sua solidariedade para com o povo palestiniano e para com a sua luta pela libertação e pelo direito a viver em paz e prosperidade na sua terra», o movimento solidário reclama ao Governo português que, no respeito da Constituição da República Portuguesa, condene os bombardeamentos e a escalada de violência das forças israelitas contra Gaza; exija ao governo israelita o respeito pelos direitos do povo palestiniano, o fim do bloqueio imposto ao enclave Gaza e o fim dos colonatos; reconheça o Estado da Palestina, com Jerusalém Oriental como sua capital. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Faixa de Gaza respira após três dias de intensos ataques israelitas
Internacional|
Pelo menos 30 mortos e mais de 200 feridos na agressão israelita a Gaza
Mais de 400 rockets lançados para Israel
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Libertação de prisioneiros
População veio para as ruas festejar, mas sem «vida normal» à espreita
MPPM condena nova agressão a Gaza
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Foram igualmente assaltadas as instalações da União dos Comités do Trabalho da Saúde, da União dos Comités das Mulheres Palestinianas e da União dos Comités de Trabalho Agrícolas.
Imagens e vídeos divulgados pela imprensa e nas redes sociais mostram os soldados israelitas no interior dos escritórios, e representantes de algumas organizações – como a Addameer e a Al-Haq – confirmaram o «assalto» às suas instalações.
A operação foi criticada nos territórios palestinianos ocupados em 1967 e em 1948, bem como a nível internacional.
Incursão e forte repressão israelita em Nablus
Pelo menos um palestiniano foi morto e 31 ficaram feridos, quando, ontem à noite, forças israelitas entraram em vários pontos da cidade localizada no Norte da Cisjordânia ocupada, nomeadamente as ruas de Amã e de Jerusalém, as imediações do Túmulo de José e os campos de refugiados de Balata e Askar, informa a agência WAFA.
Seguiram-se fortes confrontos e um jovem de 20 anos, identificado pelos serviços de Saúde como Wasim Nasser Abu Khalifa, residente no campo de refugiados de Balata, veio a falecer devido aos disparos do Exército de ocupação.
Pelo menos 31 palestinianos ficaram feridos, quatro dos quais se encontram em estado grave.
Onze detidos na Margem Ocidental ocupada
Nas duas últimas madrugadas, as forças de ocupação prenderam mais de 60 palestinianos em raides realizados em múltiplos pontos da Margem Ocidental ocupada. Em Jenin, mataram um adolescente. De domingo para segunda, as forças militares israelitas lançaram uma operação em larga escala na Cisjordânia ocupada e prenderam mais de 40 palestinianos, na sua maioria (26) na província de Hebron (al-Khalil). Registaram-se igualmente detenções nas regiões de Nablus, Qalqiliya, Jenin, Belém, Ramallah e Jerusalém Oriental ocupada, informa a WAFA. Nesta madrugada, foram presos pelo menos mais 18 palestinianos, sendo um deles o ex-preso de 62 anos Bassam al-Saadi, das Brigadas de al-Quds. Um familiar seu foi também preso, no âmbito de uma grande operação levada a cabo pelas forças israelitas no acampamento de refugiados de Jenin. No âmbito desta incursão, que motivou forte resposta da resistência palestiniana, foi morto a tiro Dirar al-Kafrayni, de 17 anos, informou o Ministério palestiniano da Saúde, acrescentando que o jovem foi levado para um hospital de Jenin em estado crítico. Posteriormente, o director do hospital, Wessam Bakr, disse à WAFA que al-Kafrayni teve morte imediata, uma vez que as forças israelitas usaram munições explosivas: a bala entrou pelo peito e explodiu dentro do corpo, provocando morte imediata ao jovem. Foram registadas mais detenções de palestinianos nos distritos de Jenin, de Nablus, Tubas, Ramallah e Belém. As forças israelitas levam a cabo estas operações num registo praticamente diário, quase sempre à noite e de madrugada. Alegando que «procuram» palestinianos, invadem as casas sem mandado de detenção onde e sempre que lhes apetece. São frequentes os confrontos com os residentes palestinianos, os mais de três milhões que vivem na Margem Ocidental ocupada e que, lembra a WAFA, ficam completamente à mercê da autoridade militar que lhes é imposta pelos comandantes israelitas. O governo sul-africano, aliado da Palestina, denunciou a ocupação da Margem Ocidental e o desenvolvimento de novos colonatos como «exemplos flagrantes da violação do direito internacional». «A narrativa palestiniana evoca experiências da própria história de segregação racial e opressão da África do Sul», disse Naledi Pandor, ministra das Relações Internacionais e Cooperação da África do Sul, na segunda reunião dos Chefes de Missão Palestinianos em África, que decorreu ontem na capital sul-africana, Pretória. «Enquanto sul-africanos oprimidos, vivemos em primeira mão os efeitos da desigualdade racial, da discriminação e da negação, e não podemos ficar de braços cruzados quando mais uma geração de palestinianos é deixada para trás», frisou, citada pela Al Jazeera. Pandor disse que o governo do seu país defende que Israel deve ser classificado como um «Estado de apartheid» e que a Assembleia Geral das Nações Unidas deve criar uma comissão para verificar se são cumpridos os requisitos. Uma ONG publicou um relatório que documenta o «sistema de opressão e dominação» imposto por Israel aos palestinianos. «Isto equivale ao apartheid, proibido pelo direito internacional», sublinha. No seu portal, o Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM) atribuiu esta terça-feira grande relevância ao extenso relatório publicado pela Amnistia Internacional, no qual confirma que «o regime de Israel contra todo o povo palestiniano configura o crime contra a humanidade de apartheid». A acusação agora formulada – que é feita há décadas e tem sido sustentada em anos recentes por personalidades e organizações de defesa dos direitos humanos – foi apresentada numa publicação que culmina investigações levadas a cabo entre 2017 e 2021, e tem por base a recolha de provas de violações dos direitos humanos internacionais e do direito humanitário na Palestina histórica, bem como em publicações de diversa índole. De acordo com a investigação, «Israel impõe um sistema de opressão e dominação contra os palestinianos em todas as áreas sob seu controlo, em Israel e nos territórios palestinianos ocupados, e contra os refugiados palestinianos, a fim de beneficiar os israelitas judeus. Isto equivale ao apartheid, proibido pelo direito internacional». Uma estudante palestiniana de Arquitectura partiu do presente de opressão e injustiça e concebeu o futuro sem apartheid e ocupação israelitas, transformando uma conhecida estrutura de opressão num espaço público. Na universidade também se resiste – e pensa, pesquisa e recria a libertação da Palestina. Um exemplo disso é o projecto de final de curso apresentado pela estudante Saja Imad al-Barghouti, de 22 anos, que redesenhou o posto de controlo de Qalandiya, desmantelando uma estrutura do apartheid erigida pela ocupação israelita e convertendo-a num espaço público de jogos, brincadeira, diversão e vida. O projecto, intitulado «Galeria de Qalandiya» e concebido como «reciclagem do checkpoint de Qalandiya depois da libertação da Palestina», foi apresentado como trabalho de final de curso à Universidade de Al-Quds, em Jerusalém, e, sublinha o canal libanês Al Mayadeen, dá corpo ao «imaginário colectivo de milhões». Barghouti sublinhou que «o conceito do projecto se baseia na realidade palestiniana, mergulhada em opressão, injustiça e separação», devido ao principal checkpoint entre Ramallah e Jerusalém, e ao Muro do Apartheid. Com o projecto, são demolidos o apartheid, a discriminação, a privação de direitos a que os palestinianos são sujeitos em Qalandiya, e o espaço, «reciclado», torna-se habitável, assume funções culturais e sociais, com balouços, escorregas, campos de basquetebol, zonas para fazer compras, ver arte e conviver. A jovem estudante afirmou que a ideia fundamental subjacente ao projecto é pôr fim ao «carácter colonial» do Muro do Apartheid e transformá-lo numa peça arquitectónica que «restaure os sentidos», quando os palestinianos ali foram privados da sua utilização. Estruturas como o checkpoint de Qalandiya, explicou, «visam limitar a mobilidade dos palestinianos, suprimir os seus sentidos e desintegrar o seu tecido social, geográfico e nacional». O design do projecto pretende transformar o muro num «local de paz, sem opressão e humilhação», com «liberdade de movimentos» – o oposto do que acontece agora –, e num «museu de arte», que também passe «uma imagem revolucionária do povo palestiniano» e guarde o simbolismo do muro como parte da história de ocupação sofrida pelos palestinianos, sublinhou. Saja Barghouti disse que a ideia do projecto lhe surgiu da própria «realidade quotidiana vivida pelos palestinianos na Cisjordânia, o cansaço e a tensão que sentem quando têm de passar pelo posto de controlo». O checkpoint militar israelita de Qalandiya fica perto da localidade palestiniana homónima, a sul de Ramallah, na Cisjordânia ocupada. Ali, milhares de palestinianos são obrigados a esperar horas para poderem passar e são submetidos a humilhações pelas forças israelitas. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. «As leis, políticas e práticas destinadas a manter um sistema cruel de controlo sobre os palestinianos deixaram-nos fragmentados geográfica e politicamente, frequentemente empobrecidos, e num estado constante de medo e insegurança», refere ainda o relatório. O apartheid pode ser entendido como um sistema de tratamento discriminatório prolongado e cruel por parte de um grupo racial sobre membros de outro grupo, com a intenção de controlar o segundo grupo racial, entende a organização não governamental, que afirma: «O apartheid não é aceitável em parte nenhuma do mundo. Então porque é que o mundo o aceitou contra os palestinianos?» A ONG, que faz um vasto conjunto de recomendações a Israel e a outros intervenientes com vista ao «desmantelamento deste terrível sistema de apartheid», afirma que, desde a criação do Estado de Israel, em 1948, sucessivos governos têm criado e mantido um sistema de leis, políticas e práticas destinadas a oprimir e dominar os palestinianos com a intenção de privilegiar os israelitas judeus. Acusado de eliminar a Palestina da sua app Maps, o Google acabou por admitir, após um protesto mundial, que este território nunca foi assim designado, apesar de 136 membros da ONU o reconhecerem como Estado independente. O Google Maps está novamente envolvido em polémica, afirma o Middle East Monitor. Desta vez, a questão prende-se com o Muro do Apartheid de Israel – eufemisticamente designado como «barreira de separação» e que serpenteia pelas terras palestinianas da Margem Ocidental ocupada. O muro, que pode ser visto do espaço, não é visível no Google; não aparece em nenhum dos mapas fornecidos pelo motor de busca. A Grande Muralha da China e a Muralha de Adriano (no Norte de Inglaterra) aparecem no Google Maps, e o mesmo se passa com o relativamente modesto Muro Ocidental, de 500 metros, em Jerusalém. Já o muro de betão de 700 quilómetros de comprimento e oito metros de altura que atravessa a Palestina desaparece do sistema de mapas electrónicos do Google. Em virtude desta situação, o deputado europeu Alyn Smith (Partido Nacional Escocês) lançou uma petição em que se insta o Google a mostrar o Muro do Apartheid na sua totalidade, incluindo postos de controlo, torres de vigia e outros elementos instalados pelo Estado sionista. O Google, insiste Alyn Smith, deve ser obrigado a mostrar o muro e a entender que a sua prática actual é inaceitável. O muro foi iniciado em 2000, com o argumento de que protege os cidadãos de Israel de bombistas suicidas. No entanto, esta estrutura configura-se como uma violação do direito dos palestinianos a deslocarem-se sem entraves na sua terra histórica, sublinha o Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM), acrescentando que «o muro é inteiramente construído bem dentro da terra palestiniana» e que «se trata de um roubo de terra em grande escala». O Tribunal Internacional de Justiça classificou o muro como ilegal e a Assembleia Geral da ONU instou Israel a respeitar a sentença (com 150 votos a favor e seis contra). Mas o Estado de Israel é especialista em desprezar resoluções das Nações Unidas (cerca de 180), e esta foi, como as demais, ignorada ou violada, refere o MPPM. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. De acordo com o organismo, as autoridades israelitas têm feito isto recorrendo a quatro estratégias principais: 1. a fragmentação em domínios de controlo (manter os palestinianos separados uns dos outros em domínios territoriais, legais e administrativos distintos); 2. a despossessão de terras e propriedades (décadas de apreensões discriminatórias de terras e propriedades, demolições de casas e expulsões forçadas); 3. segregação e controlo (um sistema de leis e políticas que mantêm os palestinianos confinados a enclaves, sujeitos a várias medidas que controlam as suas vidas, e segregados dos israelitas judeus); 4. privação dos direitos económicos e sociais (o empobrecimento deliberado dos palestinianos, mantendo-os em grande desvantagem em comparação com os israelitas judeus). No documento, o organismo denuncia que «as autoridades israelitas gozam há demasiado tempo de impunidade», afirmando que Israel comete de forma sistemática, há décadas, graves violações dos direitos humanos dos palestinianos. Entre outras, refere a transferência forçada, a detenção administrativa, tortura, assassínios ilegais e ferimentos graves, negação de direitos e liberdades básicos, que se inserem no «ataque generalizado e sistemático contra a população palestiniana» e que constituem «crimes contra a humanidade de apartheid». Israel pediu à Amnistia Internacional que não publicasse o relatório, com o argumento estafado do «anti-semitismo» (o mesmo que é usado em França ou no Reino Unido para restringir a solidariedade com a Palestina) e afirmando que as conclusões são «falsas e tendenciosas», segundo referem o MPPM e outras fontes. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. A ocupação, pelas forças de Telavive, de amplos territórios da Cisjordânia e o desenvolvimento de colonatos considerados ilegais pela ONU constituem «exemplos flagrantes da violação do direito internacional», denunciou ainda a ministra, que lembrou a posição «clara e consistente» do seu país em relação à Palestina. Por seu lado, o ministro palestiniano dos Negócios Estrangeiros, Riyad al-Maliki, que participou no encontro, disse em declarações à South African Broadcasting Corporation (SABC) que, «se há país ou países que possam compreender o sofrimento e a luta pela liberdade e a independência da Palestina, é o continente africano e o povo de África». De acordo com um relatório publicado em Junho pelo Centro Al-Mezan para os Direitos Humanos, sediado na Faixa de Gaza cercada, 5418 palestinianos foram mortos em operações militares israelitas contra o enclave costeiro, nos últimos 15 anos. Entre as vítimas, contam-se 1246 menores e 488 mulheres. Shatha Hanaysha estava com Shireen Abu Akleh quando esta foi atingida por fogo israelita, em Jenin, e referiu-se ao facto como uma «tentativa deliberada» de matar os jornalistas. Em declarações ao portal Middle East Eye, a jornalista palestiniana relata os factos até ao assassinato a sangue-frio da sua colega Abu Akleh, de 51 anos, que trabalhava para a Al Jazeera. Afirma que foi um «franco-atirador israelita» que disparou contra elas. Abu Akleh e Hanaysha – e as respectivas equipas de apoio – estavam a fazer a cobertura de uma operação israelita no campo de refugiados de Jenin. As forças israelitas tinham cercado a casa de Abdallah al-Hosari, morto no passado dia 1 de Março, com o objectivo de prender o seu irmão. «Tornámo-nos visíveis aos soldados que estavam a centenas de metros de nós. Não nos movemos durante uns dez minutos, para garantir que eles sabiam que estávamos ali como jornalistas», disse. Como não foram disparados tiros de aviso, o grupo, usando capacetes e coletes anti-balas com a indicação «imprensa», sentiu-se seguro para subir até ao campo, mas, «do nada, ouvimos o primeiro disparo», disse Shatha Hanaysha. Seguiu-se o caos e os jornalistas – um dos quais, Ali Samoudi, tinha sido atingido nas costas – tentaram encontrar um local que os protegesse dos disparos. Então, acrescentou Hanaysha, «uma outra bala atingiu Shireen no pescoço e ela caiu no chão mesmo ao meu lado». A jornalista palestiniana Shireen Abu Akleh faleceu esta quarta-feira, depois de ser atingida com um disparo na cabeça, quando cobria um raide das forças israelitas em Jenin, no Norte da Cisjordânia ocupada. O Ministério palestiniano da Saúde afirmou em comunicado que Abu Akleh, repórter da Al Jazeera de 51 anos, foi levada de urgência para um hospital próximo, onde faleceu. Ali Samoudi, produtor da mesma cadeia televisiva, foi atingido a tiro nas costas e encontra-se em situação estável, segundo referiu o ministério. Em declarações à agência WAFA, Samoudi disse que se encontrava com Abu Akleh e outros jornalistas nas escolas do campo de refugiados de Jenin, e que todos usavam coletes à prova de bala com a indicação «imprensa» quando foram atacados por soldados israelitas. O produtor da Al Jazeera acusou as forças israelitas de os terem atingido de forma premeditada, na medida em que sabiam que todos os que se encontravam naquele local eram jornalistas e que ali não havia elementos armados ou confrontos. Desta forma, Samoudi desmentiu as declarações de um responsável do Exército israelita a uma rádio em que negava qualquer responsabilidade dos militares na morte da jornalista. Também a jornalista Shatha Hanaysha, que estava perto de Abu Akleh quando esta foi atingida, confirmou que os soldados israelitas dispararam contra eles, mesmo estando bem identificados. Governo palestiniano, partidos políticos e diversas organizações condenaram os factos ocorridos em Jenin. O primeiro-ministro, Mohammad Shtayyeh, afirmou que Abu Akleh foi morta «quando exercia o seu dever jornalístico de documentar os crimes horrendos cometidos pelos soldados da ocupação contra o nosso povo». O Ministério dos Negócios Estrangeiros acusou Israel de ter atingido Abu Akleh e Ali Samoudi de forma «intencional e deliberada», e relacionou o facto com a implementação da política do governo israelita de matar a tiro os palestinianos. Por seu lado, o responsável da pasta dos Assuntos Civis, Hussein al-Sheikh, disse que «se voltou a cometer o crime de silenciar a palavra, e a verdade é silenciada por balas da ocupação». Responsáveis da Al Jazeera manifestaram-se «chocados e tristes», e o chefe do canal nos territórios ocupados, Walid al-Omari, afirmou que aquilo que se passou em Jenin «foi um assassinato premeditado por parte do Exército de ocupação». Em Janeiro deste ano, a WAFA afirmou que, em 2021, foram registadas 384 situações de abuso por parte das forças israelitas contra jornalistas que trabalhavam nos territórios ocupados da Palestina. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. «Chamei por ela mas não se mexeu. Quando tentei esticar o braço para chegar até ela, outra bala foi disparada e tive de ficar escondida atrás de uma árvore», disse. «Não fomos apanhados num fogo cruzado com combatentes palestinianos, como o Exército israelita alegou. O local do incidente fica numa zona relativamente aberta, longe do campo onde os combatentes palestinianos podem operar, porque ali estariam em situação de grande desvantagem», acrescentou. O primeiro-ministro israelita, Naftali Bennett, disse ser «provável» que a repórter da Al Jazeera tenha sido morta por tiros palestinianos e uma fonte do Exército israelita, que confirmou ter conduzido uma operação esta quarta-feira no campo de refugiados de Jenin, negou que as suas forças tenham visado jornalistas de forma deliberada: «O (Exército), claro, não visa os jornalistas.» Israel publicou ainda imagens de vídeo para sustentar a tese de que havia fogo palestiniano na zona onde Abu Akleh foi morta, mas o B’Tselem, grupo israelita de defesa dos direitos humanos, foi rápido a desmontá-lo. Esta versão foi também desmentida por Ali Samoudi, o produtor da Al Jazeera que acompanhava Shireen, que disse não haver presença de combatentes palestinianos armados no local. Por seu lado, Hanaysha afirmou que os palestinianos usam habitualmente armas semi-automáticas, que disparam balas continuamente, enquanto as balas disparadas contra os jornalistas eram diferentes, «esporádicas» e «precisas», «uma de cada vez» e apenas quando se moviam. «Aquilo que se passou foi uma tentativa deliberada de nos matar. Quem quer que tenha disparado contra nós atirou a matar», disse, frisando que «Israel não distingue entre velhos e novos, homens e mulheres, jornalistas civis e combatentes. Todos são alvos». Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Num outro relatório recente, uma comissão de inquérito das Nações Unidas encarregue de investigar eventuais crimes nos territórios ocupados da Palestina estabeleceu que Telavive é responsável por violações graves dos direitos humanos. Referindo-se a ambos os documentos, Pandor destacou a sua importância para criar consciência a nível mundial sobre «as condições a que os palestinianos são sujeitos», dando «credibilidade e apoio a um conjunto enorme de provas factuais, que apontam, todas, para o facto de que o Estado de Israel está a cometer os crimes de apartheid e perseguição dos palestinianos». A diplomata sul-africana denunciou há muito o assassinato, em Maio, da jornalista palestiniana da Al Jazeera pelas forças israelitas, quando fazia a cobertura de um raide na cidade de Jenin. Então, pediu que o crime de Israel não ficasse impune e, ontem, voltou a fazê-lo, em declarações à SABC: «Não podemos deixar passar a questão de Shireen Abu Akleh.» Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. De acordo com os dados mais recentes da organização de apoio aos presos e de defesa dos direitos humanos Addameer, nas prisões israelitas encontram-se 4650 palestinianos, 180 dos quais são menores. Esse número inclui os 650 presos «detidos administrativos», um regime de encarceramento que permite a Israel manter nas cadeias, sem acusação ou julgamento, presos palestinianos por tempo indefinido, na medida em que o período de detenção, até seis meses, é infinitamente renovável. Alguns prisioneiros palestinianos passaram mais de uma década nas cadeias israelitas ao abrigo deste sistema, e é comum os presos recorrerem a greves de fome por tempo indeterminado como forma de chamar a atenção para os seus casos e fazer pressão junto das autoridades israelitas para que os libertem. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. 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A agência WAFA informa ainda que, esta madrugada, 11 palestinianos foram detidos pelas forças de ocupação em operações de busca e captura – três em aldeias nas imediações de Jenin; um nos arredores de Qalqiliya; três em Jerusalém ocupada; um na região de Belém e três na região de Hebron (al-Khalil).
De acordo com os últimos dados divulgados pela Addameer, há 4450 palestinianos presos em cadeias israelitas, 670 dos quais em regime de «detenção administrativa», que permite manter os presos na cadeia sem acusação ou julgamento por tempo indefinido.
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