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França e Reino Unido aceitam mandar mais tropas para a Síria

Além de Reino Unido e França, que deverão reforçar os contingentes militares, países dos Balcãs e do Báltico também poderão mandar tropas para a Síria, mas os EUA terão de pagar, revela a Foreign Policy.

Tropas norte-americanas numa região da Síria controlada pelas chamadas Forças Democráticas Sírias (FDS), curdas na sua maioria (foto de arquivo)
Créditos / trtworld.com

Londres e Paris aceitaram reforçar os seus contingentes militares na Síria, a pedido da administração dos EUA, para «cobrir» a retirada do grosso das tropas norte-americanas no país árabe, revelou uma fonte conhecedora das negociações à Foreign Policy.

Um funcionário da administração dos EUA confirmou à revista que a «França e o Reino Unido – únicos parceiros dos EUA que ainda têm tropas no terreno na Síria – se comprometeram a aumentar as suas forças entre 10% e 15%».

Na peça, publicada pela revista norte-americana esta terça-feira, não é especificado o número adicional de tropas, nem o calendário da operação. No entanto, o funcionário da administração de Donald Trump disse que, «no geral, ficaram desapontados» com o resultado dos esforços para convencer os aliados de Washington a enviar «recursos adicionais» para apoiar as acções dos EUA na Síria.

Estima-se que os EUA tenham cerca de 2000 tropas na Síria, sobretudo do Nordeste do país, onde continuam a levar a cabo acções de desestabilização contra o governo de Bashar al-Assad, com o apoio de milícias curdas. De acordo com a Foreign Policy, a Casa Branca pretende reduzir o número de militares na Síria para 400, e o reforço anunciado por Paris e Londres não dará para cobrir a retirada de Washington, sendo que uma outra fonte referiu à revista que, actualmente, há «apenas» 200 militares britânicos e 300 franceses ilegalmente em território sírio.

O anúncio surge um dia depois de a Alemanha ter dito «não» a um pedido semelhante por parte da Casa Branca. Uma outra fonte com conhecimento das negociações entre Washington e os aliados disse à Foreign Policy que Itália «está perto de tomar uma decisão» e que vários outros países – dos Balcãs e do Báltico – «irão enviar [para a Síria] quase de certeza um punhado de soldados cada um» – mas, em troca, os EUA terão de lhes pagar.

EUA, Síria, falcões de guerra e eleições

Em Dezembro do ano passado, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou a «vitória sobre o Daesh» e a retirada das tropas norte-americanas da Síria, um país que, disse, é «areia e morte». A decisão levou à demissão do então secretário da Defesa, James Mattis, e de outros funcionários defensores da guerra e de uma intervenção mais ampla na Síria.

A este propósito, a agência Fars lembra que, logo em Janeiro de 2019, o secretário de Estado, Mike Pompeo, fez uma digressão pelo Médio Oriente para assegurar aos seus aliados que «Washington não tinha perdido o seu apetite pela guerra». «Quando a América se retira, segue-se o caos», disse então Pompeo no Cairo.

Outro defensor de longa data de uma intervenção profunda na Síria é John Bolton, conselheiro de Segurança Nacional (eufemismo para falcão de guerra internacional).

Ao tentar trocar as tropas norte-americanas por tropas estrangeiras aliadas, Trump «pode acalmar os Boltons e Pompeos», bem como «os deputados pró-intervenção» dos partidos Democrata e Republicano no Congresso, defende a Fars. Em simultâneo, isso permite ao presidente «encarar a sua base de apoio e dizer: "Vejam, trouxe os nossos rapazes para casa"». É que a campanha para a reeleição – a sério – está aí ao virar da esquina.

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