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EUA pretendem abrir embaixada em Jerusalém em Maio

Hezbollah: cumplicidade árabe dá alento a Washington

A decisão da administração norte-americana de mudar, em Maio, a sua embaixada em Israel para Jerusalém resulta da «cumplicidade» de vários países árabes com Washington e constitui mais um passo para «liquidar a causa do povo palestiniano», denunciou o movimento de resistência libanês.

Para o Hezbollah, a medida anunciada pelo Departamento de Estado enquadra-se na agressão norte-americana iniciada em 6 de Dezembro último, quando Donald Trump afirmou reconhecer Jerusalém como capital de Israel
Créditos / frontpagemag.com

Num comunicado emitido esta segunda-feira, o Hezbollah condenou a decisão dos EUA de abrirem a sua embaixada em Jerusalém no próximo dia 14 de Maio, para coincidir com o 70.º aniversário da independência de Israel.

No dia seguinte, 15 de Maio, assinalam-se os 70 anos da Nakba – a «catástrofe» que se abateu sobre o povo palestiniano desde a criação do Estado de Israel, com a expulsão de centenas de milhares de palestinianos das suas terras em 1948 e a limpeza étnica que, iniciada nesse ano, se prolongou até aos dias de hoje.

A medida anunciada pelo Departamento de Estado no dia 23 deste mês enquadra-se na agressão da administração norte-americana iniciada em 6 de Dezembro último, quando Donald Trump afirmou reconhecer Jerusalém como capital de Israel, visando aprofundar a judaização da futura capital da Palestina e liquidar a justa causa do seu povo, refere a nota divulgada na Prensa Latina e na PressTV.

Para o movimento de resistência libanês, o anúncio representa «mais uma tentativa de humilhar árabes e muçulmanos», e constitui uma «demonstração do desprezo da administração norte-americana pelos países muçulmanos e pela comunidade internacional».

A decisão, a que não é alheia a «cumplicidade de vários países árabes» com Washington, merece a condenação do Hezbollah, que exorta os povos «a entenderem a necessidade da resistência e da Intifada (rebelião)» na Palestina, bem como «a denunciarem a agressão e a apoiarem o povo palestiniano», para que recupere a terra ocupada por Israel e concretize o sonho de Jerusalém [Al Quds, em árabe] como capital do seu Estado.

Repúdio internacional

Desde que a intenção da administração norte-americana foi revelada, o repúdio internacional foi grande e, a 21 de Dezembro, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou, por esmagadora maioria, uma resolução que repudia a decisão dos EUA e insta todos os estados-membros a não estabelecerem missões diplomáticas em Jerusalém, de acordo com a resolução 478 do Conselho de Segurança, de 1980.

Na visita que efectuou em Janeiro a Israel, o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, tinha afirmado que a mudança de embaixada de Telavive para Jerusalém deveria ocorrer no final de 2019. O anúncio da antecipação está a ser encarado pelos palestinianos como mais uma «provocação».

Dez membros da família Tamimi presos na segunda-feira

Forças israelitas prenderam pelo menos 19 palestinianos em operações levadas a cabo na madrugada de segunda-feira na Margem Ocidental ocupada, revelou a agência Ma'an.

De acordo com a Sociedade de Prisioneiros Palestinianos (SPP), dez dos presos pertencem à família Tamimi, tendo as detenções ocorrido nas aldeias de Deir Nitham e Nabi Saleh.

Muhammad al-Tamimi, de 15 anos, atingido por uma bala de borracha na cabeça por soldados israelitas durante protestos contra a administração norte-americana em Dezembro último, também foi preso na operação de ontem, mas viria a ser libertado quatro horas após a detenção. A sua família revelou que tem agendada para dia 5 de Março uma cirurgia de reconstrução do crânio.

A família Tamimi, conhecida pelo seu activismo em prol da causa palestiniana, ganhou uma projecção mediática bastante mais intensa na sequência dos protestos de Dezembro em Nabi Saleh. Depois de Muhammad al-Tamimi ser atingido, a sua prima Ahed Tamimi, de 17 anos, foi filmada a pontapear e a esbofetear soldados israelitas na localidade.

Ahed encontra-se presa há dois meses e aguarda por um julgamento à porta fechada num tribunal militar israelita. Existe actualmente uma intensa campanha internacional em prol da sua libertação.

De acordo com a Ma'an, foram ainda detidos, na madrugada de segunda-feira, dois palestinianos na cidade de Ramallah, cinco na região de Nablus e dois na região de Hebron.

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