Representantes do Fórum Agrário, Camponês, Étnico e Popular da Colômbia consideraram um êxito a luta levada a cabo, a nível nacional, desde o dia 30 de Maio e afirmaram que os diálogos mantidos com o governo fazem parte de um processo não concluído, que terá sequência na mesa de negociações.
Marylen Serna, do Fórum Agrário, sublinhou a consolidação deste movimento no plano social e político. Disse ainda que os manifestantes regressaram às suas terras, mas que estarão atentos ao cumprimento dos últimos acordos firmados, bem como aos resultados das negociações que terão início a 17 de Junho em Bogotá.
Sobre o que foi alcançado nas discussões prévias, Serna considerou relevante o facto de o executivo ter reconhecido a importância da participação dos camponeses, dos indígenas e dos afrodescendentes no actual processo de paz, que só existirá com justiça social.
Entre outras, foram já debatidas com o Governo questões como justiça, protecção individual, direitos humanos, povos indígenas, camponeses, comunidades afrodescendentes, meio ambiente e relação do campo com a cidade.
Um ponto particularmente sensível diz respeito à exploração mineira. Os acordos prevêem que as partes revejam cada uma das licenças concedidas à exploração mineira até hoje no país e que existam mais controlos, por forma a impedir que o Governo colombiano entregue grandes extensões de terras para a actividade mineiro-energética.
Defender a terra e as suas comunidades
A grande greve camponesa, que envolveu dezenas de milhares de trabalhadores e indígenas em cerca de 100 pontos do território colombiano, visou denunciar o incumprimento dos compromissos assumidos pelo presidente Juan Manuel Santos na sequência do Fórum Agrário de 2014.
Os trabalhadores do campo protestaram contra um modelo de desenvolvimento que põe à venda os recursos estratégicos do país, não realiza a reforma agrária e não implementa uma política em defesa do meio ambiente e em prol do desenvolvimento social e económico do campo.
Forte repressão
As duas semanas de paralisação e protesto ficaram marcadas por acções de grande violentas contra os manifestantes, levadas a cabo por agentes das forças de intervenção e de elementos de grupos paramilitares. Verdadeiros «esquadrões de segurança» mataram três pessoas e feriram 181, tendo ainda efectuado inúmeras «detenções arbitrárias».
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