De acordo com os dados agora divulgados pela Marcha Patriótica, a Cimeira Agrária, Étnica e Popular e o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento e a Paz (Indepaz), entre 24 de Novembro de 2016 – data da assinatura definitiva do acordo de paz entre as FARC-EP e o governo colombiano – e 14 de Maio último foram assassinados na Colômbia 283 «líderes sociais e defensores dos direitos humanos».
O documento precisa que, em 2016 (de 24 de Novembro a 31 de Dezembro), foram assassinadas 14 pessoas; em 2017, 191; e este ano, até 14 de Maio 2018, 78. Foram, portanto, 283, segundo os registos cruzados das organizações referidas. O número de defensores dos direitos humanos e dirigentes sociais mortos na Colômbia sobe para 385 quando estes organismos têm em conta todo o ano de 2016 (em que foram mortas 116 pessoas).
No documento, cuja realização foi apoiada pela Fundação Heinrinch Böll Siftung Colombia, sublinha-se que, pese haver uma mudança de contexto no país sul-americano, fruto da assinatura do acordo de paz e do início dos diálogos entre o governo e o Exército de Libertação Nacional (ELN), se «regista um aumento da violência sociopolítica, que tem o seu reflexo no assassinato de dirigentes sociais, de defensores de direitos humanos e de ex-combatentes das FARC-EP».
A este título, o texto refere que foram assassinados, no período referido, 63 ex-guerrilheiros e 17 familiares seus, acrescentando que seis ex-combatentes se encontram desaparecidos.
População e zonas de risco
As populações que constituíram um alvo mais frequente da violência foram os «camponeses, indígenas, afrodescendentes, comunidades que participam em processos de substituição de cultivos de uso ilícito, líderes comunitários, defensores do meio ambiente e participantes em processos de restituição de terras», revela o documento, acrescentando que a «maioria deles se opunha a projectos mineiro-energéticos».
Relativamente aos territórios onde ocorreram os assassinatos, o documento refere que são zonas – altamente militarizadas – onde há interesses «tanto legais como ilegais na extracção de hidrocarbonetos e minério», bem como do agronegócio e das grandes explorações pecuárias.
Os departamentos com maior número de incidências foram o Cauca, seguido de Antioquia, Nariño, Chocó, Córdoba, Arauca e Norte de Santander, indica o documento, denunciando como «insuficientes» os esforços levados a cabo a nível institucional para travar a violência contra defensores dos direitos humanos e digentes sociais.
Se, na grande maioria dos casos, «os autores morais das mortes são desconhecidos», o relatório aponta o dedo às estruturas paramilitares existentes no país como grandes responsáveis pelos assassinatos, seguidas das forças de segurança pública, que «retomaram a doutrina militar», havendo registo de «detenções ilegais», bem como de «execuções extrajudiciais no departamento de Arauca».
O texto refere ainda que se registou um aumento do fenómeno da deslocação forçada das populações dentro de territórios da Colômbia.
FARC denuncia perseguição em Bogotá
No dia em que María Ruth Sanabria, sobrevivente da União Patriótica e defensora dos direitos humanos, saiu ilesa de uma tentativa de assassinato no município colombiano de Fortul (departamento de Arauca), a Força Alternativa Revolucionária do Comum (FARC) denunciou que os seus membros continuam a ser ameaçados e perseguidos em Bogotá.
Relatando hoje, em conferência de imprensa, a existência de vários casos graves, o Conselho Político Distrital da FARC na capital colombiana denunciou a presença, em Bogotá, de «vários grupos criminosos sucessores do paramilitarismo», tendo exigido ao Estado colombiano que «tome medidas necessárias e urgentes».
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