No início deste mês, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, declarou o apoio à proposta de anexação de 19 colonatos localizados na Cisjordânia. De acordo com a lei da «Grande Jerusalém», que deve ser votada e aprovada este domingo pelos ministros do governo israelita, os colonatos passam a fazer parte do município de Jerusalém, mas não são oficialmente anexados a Israel, revelou a agência Ma'an, referindo-se à informação hoje divulgada no diário Haaretz.
No entanto, tal como destacava o The Guardian na sua edição de 3 de Outubro, a medida, promovida pela direita israelita, constitui de facto uma anexação de colonatos em territórios palestinianos ocupados e é mais uma mostra de como Netanyahu não está interessado em retomar o processo de paz.
Aprovada pelo gabinete ministerial, a proposta de lei da «Grande Jerusalém» seguirá para o Knesset (Parlamento israelita), para ali ser debatida e votada. Nos termos da proposta, colonatos ilegais como Ma'ale Adumim, Gush Etzion, Efrat, Beitar Illit e Givat Zeev – onde vivem entre 125 mil e 150 mil colonos judeus – passarão a estar integrados no município de Jerusalém.
O projecto é da autoria do deputado Yoav Kish (Likud) e de Yisrael Katz, ministro dos Transportes e companheiro de partido do primeiro. De acordo com o diário israelita, no passado Katz defendeu que esta medida iria acrescentar milhares de habitantes israelitas a Jerusalém, «enfraquecendo o controlo árabe sobre a capital».
Por seu lado, Yoav Kish disse ao Haaretz que a «lei da "Grande Jerusalém" é extremamente importante», na medida em que «consagra o estatuto de Jerusalém como capital de Israel e assegura a maioria judaica na capital».
Violação do Direito internacional
Actualmente, cerca de 700 mil israelitas vivem nos colonatos existentes nos territórios palestinianos ocupados. Trata-se de uma situação que atenta contra o Direito internacional, que proíbe a instalação de população da potência ocupante no território ocupado.
A ilegalidade dos colonatos israelitas, que constituem um obstáculo de primeira grandeza à construção de um Estado palestiniano independente, foi reafirmada em Dezembro último, na resolução 2334 do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Entretanto, o grupo israelita de defesa dos direitos humanos B'Tselem revelou que, desde que começou a registar as demolições levadas a cabo pelas autoridades israelitas nos territórios ocupados, 2016 foi o ano com maior número de ocorrências.
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